Determinados eventos e símbolos parecem estar na alma de uma nação. No caso do Brasil, podemos citar o carnaval, o futebol, as lindas paisagens, a boa música ou a gastronomia variada. Mas nessa lista temos de incluir elementos negativos também, como a desigualdade social, o racismo, a violência. E, no plano político, uma indisfarçável vocação golpista. Pelo menos para parte da sociedade, querer estabelecer regimes na marra, derrubando outros que foram democraticamente escolhidos, parece ser uma tentação quase irresistível. Nossa história está generosamente povoada de episódios do gênero, que alteram regras, impõem censuras, criam arbítrios e criam ditadores. E quando achávamos que essa triste tradição parecia coisa do passado, pimba! Olha ela aí de novo! A Polícia Federal acaba de indiciar 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. De acordo com as investigações, a trama tentava manter o ex-mandatário no poder mesmo depois de ele ter sido derrotado nas eleições presidenciais de 2022. O relatório, agora nas mãos da Procuradoria Geral da República, afirma que um grupo de militares próximos a Bolsonaro e outros de seus ex-assessores civis formularam um plano para desacreditar as urnas eletrônicas, espalhar desinformação nas redes sociais, mobilizar pessoas para ocupar portas de quartéis, impedir a diplomação e a posse dos vencedores e até assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.