Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) assinaram uma carta divulgada neste domingo (12) que pede a libertação de Julian Assange, 50, fundador do WikiLeaks. O documento foi redigido pelo Grupo de Puebla, que reúne líderes e partidos de esquerda.Na última sexta (10), a Justiça britânica aceitou um recurso do governo dos Estados Unidos para que Assange seja extraditado para enfrentar acusações criminais, incluindo violação de uma lei de espionagem e conspiração contra o governo americano.A carta afirma que a decisão é um grave erro judicial e que "abre sérios precedentes na violação ao direto humano à liberdade de expressão e de informação".Também assinam o documento o ex-chanceler Celso Amorim e o ex-ministro Aloizio Mercadante, além dos ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai) e Ernesto Samper (Colômbia).Segundo a agência de notícias AFP, a companheira de Assange, Stella Moris, disse que Assange sofreu um pequeno acidente vascular cerebral na prisão."Acredito que esse constante jogo de xadrez, batalha após batalha, esse estresse extremo, é o que causou este derrame cerebral em Julian em 27 de outubro", disse Stella Moris, acrescentando que teme que seu companheiro seja vítima de um episódio mais grave.Leia a carta:"A decisão do Tribunal de Westminster (Reino Unido), de 10 de dezembro de 2021, que possibilita a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, não é apenas um grave erro judicial que põe em risco a sua vida, como afirmam seus advogados, como é uma decisão que abre sérios precedentes na violação ao direto humano à liberdade de expressão e de informação.O material publicado pelo WikiLeaks, fornece evidências confiáveis e irrefutáveis sobre o papel e a responsabilidade de políticos, diplomatas, empresários etc., principalmente dos Estados Unidos, nas decisões e ações que tiveram um forte impacto na política interna de diversos Estados no mundo todo. São responsáveis por processos de extorsão, espionagem, operações secretas, desestabilização e até ataques armados contra civis.Até o aparecimento desses documentos, o governo dos EUA reservou-se o direito de definir a hora e o conteúdo dos documentos que poderiam ser exibidos ao público (e quais permaneceriam ocultos).Paradoxalmente, em vez de ser aplaudida, a ação do WikiLeaks desencadeou uma série de punições, que incluem a acusação, difamação, desmoralização e criminalização de Assange, privado de liberdade em uma prisão de segurança máxima para terroristas. Esse processo de humilhação e difamação transcende definitivamente um indivíduo, para se tornar um corretivo em nível internacional, mostrando passo a passo a crueldade que o sistema instituído pode atingir, para impedir alguém de ousar fazer algo semelhante. Em última instância, busca paralisar o instinto e o direito de busca pela verdade, instilando o medo.Por outro lado, o Estado norte-americano solicita a extradição de Assange porque ele representa supostamente uma ameaça à segurança nacional. Ao aceitar esse pedido, a Justiça britânica reforça a extraterritorialidade do braço jurídico norte-americano, que por meios legais, ilegais, diretos ou indiretos, consegue intervir em processos judiciais em outros Estados. Essa estratégia faz parte das verdadeiras guerras legais, travadas contra aqueles definidos como inimigos políticos em diferentes partes do planeta.Hoje, no dia a dia dos direitos humanos, a liberdade de Assange é a liberdade de todos e de cada um. A prisão de Assange é o triunfo da opressão, do silêncio e do medo."