Karla Jaime

Nas duas ocasiões em que esteve em Goiânia, o hoje <a href="https://opopular.com.br/mundo/novo-papa-le-o-xiv-indica-linha-progressista-mas-apegada-a-doutrina-1.3261760" target="_blank">papa Leão XIV</a> ainda era o padre Geral da Ordem de Santo Agostinho (OSA) Robert Francis Prevost. Depois, já cardeal, no Dicastério para os Bispos, em Roma, ele recebeu em audiências dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo Metropolitano de Goiânia e 1° vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a quem contou ter visitado seus confrades na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e no Colégio Agostiniano, no Setor Aeroporto, e nas obras sociais agostinianas.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

A informação foi dada por dom João Justino em artigo publicado nesta sexta-feira (9), no POPULAR, e confirmada à reportagem: “Participei de duas audiências com o então Cardeal Prevost, em Roma. Fomos muito bem recebidos. É uma pessoa amável e sensível, com grande capacidade de escuta. Isso me chamou atenção”.

Sobre a vinda a Goiânia, o arcebispo disse não ter mais detalhes. “Ele apenas citou ter visitado os padres agostinianos em Goiânia em duas ocasiões quando ele era padre Geral da Ordem”, reforçou.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/novo-papa-le-o-xiv-indica-linha-progressista-mas-apegada-a-doutrina-1.3261760" target="_blank">Novo papa, Leão XIV indica linha progressista, mas apegada à doutrina</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-xiv-traz-boas-perspectivas-de-dialogo-com-o-brasil-e-goias-veem-analistas-1.3261749" target="_blank">Leão XIV traz boas perspectivas de diálogo com o Brasil e Goiás, veem analistas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/novo-papa-tera-olhar-especial-para-a-america-latina-diz-cardeal-brasileiro-1.3261654" target="_blank">Novo papa terá olhar especial para a América Latina, diz cardeal brasileiro</a></div>

Quanto a uma possível terceira visita do agora papa, para o 19º Congresso Eucarístico Nacional que Goiânia sediará de 3 a 7 de setembro de 2027, conforme mencionado no artigo, dom João Justino não descarta a hipótese, mas ressalva que será preciso uma série de trâmites. “Uma <a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-xiv-traz-boas-perspectivas-de-dialogo-com-o-brasil-e-goias-veem-analistas-1.3261749" target="_blank">vinda do Papa Leão ao Brasil</a> nunca poderia ser apenas a Goiânia. Neste sentido, um convite de nossa parte precisa ser articulado com outros bispos, o que necessariamente incluiria um roteiro com algumas outras cidades.”

<h2>Visitas à capital</h2>

Prevost veio a Goiânia em 2009 e 2012, segundo a Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (Saea), que faz assessoria de imprensa para o Colégio Agostiniano de Goiânia e dois colégios da rede de São Paulo (Mendel e São José) e um de Pirassununga, no interior paulista. Porém, a Saea disse não dispor de mais dados sobre essas visitas e que eles estão sendo levantados.

Procurada para mais informações, a Arquidiocese de Goiânia também explicou que ainda está sendo feito um levantamento de dados sobre as visitas de Prevost. Não há ainda, portanto, registros disponíveis.

Uma das dificuldades apontadas pela Arquidiocese é que as fotos, na época, eram feitas pelos próprios padres das comunidades agostinianas visitadas, os quais já não estão mais em Goiânia. Para tentar resgatar esse acervo, explica, está sendo feito contato com essas comunidades para que contribuam numa articulação a fim de conseguir fotos e outros documentos das visitas de Prevost.

A reportagem tentou contato com o Padre Rafael De La Torre Vargas, que está à frente da comunidade dos padres agostinianos em Goiânia e é pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, mas não conseguiu retorno.

<h3>Encontro com goianas</h3>

A goiana Luciene Nascimento Vale de Paula Leite relata que esteve duas vezes com Prevost, quando ele era o padre Geral dos Agostinianos. A primeira delas foi em Roma, em 2012, durante Congresso Internacional para Leigos, do qual participou por trabalhar no Colégio Agostiniano de Goiânia, onde atuou por 30 anos, como professora e coordenadora pedagógica, até 2015.

Seu filho, Eduardo Vale, também participou como coordenador do grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, porque no ano seguinte a Jornada da Juventude seria no Rio de Janeiro, então, o tema do Congresso em Roma era Juventude, comenta ela.

“Uma simpatia, o padre Prevost, fiquei encantada com a simplicidade dele. Quieto, tímido, mas sábio, as palavras que dizia tinham um forte sentido, e muito observador”, descreve Luciene, acrescentando que ele participou dos jantares nos jardins do Vaticano, ocupando lugar a cada noite em uma das mesas das nações. “Ele me marcou, mas jamais imaginaria que seria o papa. Tínhamos momentos de partilha nos grupos, e ele percorria os grupos.”

Um dos outros dois encontros ocorreu em 2013, quando Prevost veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Pouco antes, houve em São Paulo o Encontro de Jovens Agostinianos, celebrando 80 anos dos agostinianos no País. Na ocasião, foi entregue um certificado de filiação à Ordem, uma espécie de parceria, descreve Luciene, que recebeu do padre Geral a homenagem.

“Conseguia se expressar em português, mas com poucas palavras, falava mais em espanhol. Celebrou a missa e entregou o diploma”, lembra ela, citando que também estava presente o padre César Rafael Rodríguez Martínez, que por mais de cinco décadas dirigiu colégios da Saea e morreu em 2022. A cerimônia de entrega dos diplomas foi no Colégio São José, em São Paulo.

A psicopedagoga goiana Ivone Aparecida Pereira, que trabalha no Colégio Agostiniano de Goiânia desde 1986, também teve oportunidade de estar com o agora novo papa duas vezes. No mesmo Congresso para Leigos, em Roma, em 2012, e no mesmo evento no ano seguinte em São Paulo, quando também foi agraciada com o título de afiliada à Ordem de Santo Agostinho.

“A impressão que tive dele foi a melhor possível, uma pessoa atenta, solícita, observadora. Um temperamento mais contido, mas muito alegre, disponível, circulava entre as pessoas, conversava, escutava”, elogia, acrescentando: “As palavras que melhor o descrevem são acessível e atento”.

Também ela observa que nunca lhe ocorreu que Prevost poderia ser papa. Quando viu a lista de cardeais favoritos à sucessão de Francisco, conta que apostava no italiano Pietro Parolin, um dos mais cotados do conclave. “Foi uma boa surpresa.”

“Tenho esperança de continuidade ao pastoreio do papa Francisco, que foi aberto aos pobres, desfavorecidos. Leão XIV fala vários idiomas, o que favorece seu trabalho de construir pontes para que as pessoas se entendam mais, pontes de maior diálogo”, discorre. E arremata: “Precisamos de unidade na nossa Igreja e no mundo mesmo na diversidade, pensar diferente é bom, amplia a forma de pensar. Não precisa separar, excluir”.

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Ivone Aparecida Pereira, psicopedagoga, com Prevost, em SP, em 2012 (Divulgação)

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Leão XIV esteve em Goiânia em duas ocasiões, em 2009 e 2012

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Novo papa

Papa Leão XIV

Estaria chegando ao Vaticano um papa com o “coração inquieto Agostiniano” mesclado ao espírito progressista de Tomás de Aquino que ainda na Idade Média uniu Religião, Ciência e Educação? E ainda assim, como se não bastasse, nos chegaria sob a sonora saudação franciscana de “Pace e Bene” relembrando os Franciscos (São Francisco e Papa Francisco)?

Pois o meu coração entende que o cardel americano Robert Francis Prevost assume o posto do Apóstolo Pedro no Vaticano com estas prerrogativas e com o título de Papa Leão XIV. Nada mais coerente pelo nome escolhido ante ao futuro que lhe espera. O último Papa Leão (Leão XIII) marcou história fazendo de seu pontificado um instrumento pelas lutas a favor das igualdades sociais (A Doutrina Social da Igreja/Rerum Novarum) tendo uma visão especial para o proletariado.&nbsp;

O mundo sensato torce por um novo Papa que leve adiante o legado de Papa Francisco, porém, com personalidade e identidade próprias.&nbsp;Deus abençoe o Papa Leão XIV! Deus nos abençoe!

Roberto Célio P. Silva&nbsp; 
Setor Pedro Ludovico - Goiânia

 
Marco histórico

Há 80 anos a Alemanha Nazista se rendia aos Aliados marcando o fim da 2ª Guerra Mundial na Europa. O Japão, é claro, erroneamente insistiu em resistir e 3 meses depois recebeu as terríveis bombas nucleares. Na época, foi motivo de celebrações em todo o mundo, pois foi o conflito mais letal da história de humanidade (com a morte de cerca de 60 milhões de pessoas), o terrível Holocausto contra principalmente Judeus e a única vez que armas nucleares foram usadas em combate.

No Rio de Janeiro os “pracinhas” do Exército Brasileiro e os pilotos da recém fundada Força Aérea Brasileira foram recebidos como heróis pelas suas participações em combate na Campanha da Itália. Nos lugares italianos onde o Brasil lutou até hoje um visitante brasileiro recebe agradecimentos dos moradores por terem libertado o local dos alemães e por serem generosos repartindo seus alimentos com os famintos italianos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, foi uma resposta aos impactos do conflito, sendo o documento traduzido no maior número de línguas (525 traduções), e uma poderosa ferramenta de pressão diplomática e moral sobre países que possam violar seus artigos.&nbsp;

Luciano Delfino Paixão 
Setor Aeroporto - Goiânia

Cartas dos leitores

Opinião

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Carta dos Leitores

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Cartas

Perfil do novo papa Leão XIV

Com seu mote “In Illo unum uno” (No único Cristo, somos um), que reflete a visão de uma Igreja unida, o cardeal estadunidense Robert Francis Prevost, 69, é o <a href="https://opopular.com.br/mundo/cardeal-prevost-e-o-novo-papa-le-o-xiv-1.3261470" target="_blank">novo papa Leão XIV.</a>&nbsp;Depois de ver a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, a multidão que lotou a praça São Pedro ouviu o anúncio do “Habemus Papam” e, por fim, o nome que Prevost escolheu para ser o 267º líder da Igreja Católica e o novo bispo de Roma. Em decisão surpreendente do conclave, o Vaticano tem seu primeiro pontífice dos Estados Unidos na história. Ele será o líder de 1,4 bilhão de fiéis ao redor do mundo.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

Em seu discurso na sacada da basílica, o novo papa agradeceu ao papa Francisco e falou na necessidade de uma Igreja sinodal. “O mal não vai prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus”, disse Leão XIV. “Vamos em frente, somos discípulos de Cristo. O mundo precisa de sua luz, a humanidade precisa dele. Ajudem também vocês a construir pontes, com o diálogo, para sermos um só povo em paz”, declarou.

Ele disse que ser “filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse ‘com vocês sou cristão, para vocês, bispo’”. Proferiu parte de sua fala em espanhol, idioma do qual é fluente por causa de sua experiência missionária no Peru, aonde chegou nos anos 80, viveu por duas décadas e se naturalizou peruano.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-xiv-traz-boas-perspectivas-de-dialogo-com-o-brasil-e-goias-veem-analistas-1.3261749" target="_blank">Leão XIV traz boas perspectivas de diálogo com o Brasil e Goiás, veem analistas​</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-14-primeiro-papa-dos-eua-tem-historico-de-criticas-a-gest-o-de-donald-trump-1.3261519" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_blank">Leão 14, primeiro papa dos EUA, tem histórico de críticas a gestão de Donald Trump</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/cardeal-prevost-e-o-novo-papa-le-o-xiv-1.3261470" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_blank">Cardeal Prevost é o novo papa, Leão XIV</a></div>

A Ordem de Santo Agostinho, uma das mais importantes e tradicionais da Igreja, foi fundada no século 13 e é baseada em princípios de caridade e proximidade aos pobres. Presente em 50 países, <a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-xiv-traz-boas-perspectivas-de-dialogo-com-o-brasil-e-goias-veem-analistas-1.3261749" target="_blank">incluindo o Brasil</a>, administra igrejas, escolas e priorados ao redor do mundo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, <a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-14-primeiro-papa-dos-eua-tem-historico-de-criticas-a-gest-o-de-donald-trump-1.3261519" target="_blank">comemorou nas redes sociais a decisão do conclave</a>. “Que grande honra para o país”, escreveu. O novo pontífice, porém, tem um histórico de mensagens críticas a políticas da gestão Trump.

Embora seja um país de maioria protestante, os EUA têm a quarta maior população católica do mundo, com 85,3 milhões de pessoas. Só ficam atrás do líder Brasil, do México e das Filipinas. Também são a segunda nação mais representada no Colégio Cardinalício, com 16 membros, ante 51 da Itália. Apesar desse peso relativo, nunca um cardeal americano havia sido colocado entre os nomes realmente mais fortes de um conclave, e os candidatos de agora corriam por fora.

A ascensão de Leão XIV desfaz a expectativa de que o Vaticano voltasse ao comando de um europeu, após Francisco se tornar o primeiro pontífice latino-americano. Mais especificamente, esperava-se o retorno de um italiano ao poder: o cardeal Pietro Parolin, influente número 2 da Santa Sé, era favorito.

<div attr-cid="policy:1.3261766" attr-version="policy:1.3261766:1746757296" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3261766" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3261766', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3261766">Perfil do novo papa Leão XIV (1.3261766)</a></div>

Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost (em inglês americano, o sobrenome se pronuncia Prêvoust) ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho em 1977 e fez os votos perpétuos em 1981.

Formado em Matemática pela Universidade Villanova, tem mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union, em Chicago, e doutorado em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma. Ele é tido como mais progressista no campo social do que outros cardeais americanos — considerados conservadores e, em muitos casos, opostos a Francisco —, mas sem inclinação para alterar a doutrina católica.

Em 1998, retornou aos EUA para chefiar a ordem agostiniana na sua cidade natal. Dois anos depois, envolveu-se em escândalo por permitir que o padre James Ray, agostiniano, morasse em um priorado em Chicago. Ray havia sido acusado de abuso sexual de crianças, e o priorado ficava próximo a uma escola, que não foi notificada por Leão 14 sobre a presença do religioso. Ray viveu ali até 2002, quando a conferência episcopal americana endureceu regras para lidar com escândalos de abuso.

Leão XIV voltou ao Peru em 2014, quando o papa Francisco o nomeou para a diocese de Chiclayo, no norte do país. Ele se tornou bispo de Chiclayo no ano seguinte e atuou como vice-presidente e membro do conselho permanente da Conferência Episcopal Peruana de 2018 a 2023.

Segundo o canal peruano TV América, o novo papa arquivou denúncias contra dois sacerdotes por abuso sexual a três menores, quando era bispo em Chiclayo, no Peru. Três meninas teriam sido abusadas sexualmente quando eram crianças, numa casa paroquial.

moderado

No papado de Francisco, tornou-se cardeal em 2023 e passou a chefiar o Dicastério para os Bispos e a Comissão Pontifícia para a América Latina, um cargo importante que demonstra sua proximidade com o antecessor.

Em 2012, antes de ser cardeal, Leão 14 criticou a simpatia da mídia ocidental por crenças e práticas que, segundo ele, vão contra o Evangelho - à época, citou explicitamente “o estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas compostas por casais do mesmo sexo e seus filhos adotivos”.

Como bispo de Chiclayo, o novo papa já se opôs à inclusão de conteúdo sobre gênero nas escolas, afirmando que a chamada “ideologia de gênero” era confusa e criava “gêneros que não existem”. Durante o Sínodo em outubro de 2023, declarou que “clericalizar as mulheres”, ou seja, ordená-las para cargos de diaconisas e semelhantes, não resolveria os problemas da Igreja e, segundo ele, poderia até criar outros.

O novo pontífice, por outro lado, nunca demonstrou posicionamento claro quanto ao documento Fiducia Supplicans, que esclarece que as bênçãos a casais homossexuais não são uma aprovação do casamento, mas expressão de acolhimento e apoio espiritual. Segundo ele, as conferências episcopais nacionais devem ter autoridade para interpretar e aplicar as diretrizes em contextos locais.

Todavia, como seu discurso mostrou, Leão XIV defende a sinodalidade, fortalecida por Francisco, que visa a tornar as estruturas da Igreja mais inclusivas e participativas. Quanto à emergência climática, também esteve bastante alinhado a Francisco. Como cardeal, enfatizou que o catolicismo deve passar “das palavras à ação” e que é preciso estar alerta contra as consequências prejudiciais do desenvolvimento tecnológico descontrolado e defender uma troca recíproca com o meio ambiente.

Novo papa, Leão XIV indica linha progressista, mas apegada à doutrina

Igreja Católica

As perspectivas são as melhores para a Igreja Católica na América Latina, no Brasil e, afunilando ainda mais, em Goiás, com a <a href="https://opopular.com.br/mundo/cardeal-prevost-e-o-novo-papa-le-o-xiv-1.3261470" target="_blank">eleição do cardeal Robert Francis Prevost</a>, 69, o novo papa Leão XIV. É o que apontam Clóvis Ecco, coordenador da Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás, e Flávio Munhoz Sofiati, professor de sociologia da UFG e coordenador do Núcleo de Estudos de Religião “Carlos Rodrigues Brandão”.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

Um dos sinais positivos foi a própria escolha da linha dos Leões, observa Ecco, lembrando que Leão XIII foi o papa do diálogo com o mercado de trabalho, com o emprego, aquele que abriu as portas da Igreja aos trabalhadores. “Foi o papa da doutrina social da Igreja, dialogou com capitalismo, socialismo, mas propôs encontrar uma alternativa com a sociedade”, ressalta.

Para Sofiati, a perspectiva é das melhores possíveis, pois se trata de um papa que conhece a realidade latino-americana. “É naturalizado peruano, apesar de ter nascido nos Estados Unidos. Viveu algumas décadas em um país cuja teologia da libertação foi sistematizada pela primeira vez por um padre chamado Gustavo Gutiérrez. Um colega sociólogo da religião peruano que o conhece, informou-me que se trata de um missionário simples, um homem de diálogo e muito reflexivo”, situa.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/novo-papa-le-o-xiv-indica-linha-progressista-mas-apegada-a-doutrina-1.3261760" target="_blank">Novo papa, Leão XIV indica linha progressista, mas apegada à doutrina</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/le-o-14-primeiro-papa-dos-eua-tem-historico-de-criticas-a-gest-o-de-donald-trump-1.3261519" target="_blank">Leão 14, primeiro papa dos EUA, tem histórico de críticas a gestão de Donald Trump</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/cardeal-prevost-e-o-novo-papa-le-o-xiv-1.3261470" target="_blank">Cardeal Prevost é o novo papa, Leão XIV</a></div>

Para o Brasil, avalia o professor da UFG, é excelente a eleição de um papa com esse perfil, visto que está em sintonia com boa parte do que comunga a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). “Em Goiânia, o novo papa terá a identificação integral do bispo da Arquidiocese, Dom João Justino, uma pessoa comprometida com as pessoas mais necessitadas que não tem medo de propagar a mensagem de Jesus Cristo que consiste na defesa da vida em abundância para todos e todas”, aposta ele.

Ecco endossa essa afinidade do novo papa com a realidade local. “Tem abertura para o jeito da cultura de Goiás, nosso jeito de ser. Uma informação daqui ele vai saber interpretar, porque ele fala a nossa linguagem”, argumenta.

Trata-se de um papa preparado para dialogar com o mundo moderno, salienta ainda o coordenador da Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás, chamando atenção para um perfil conciliador. “Prevost é americano, mas com toda uma base da cultura peruana, de convivência com indígenas, natureza, respeito à diversidade, tornou-se cidadão peruano, foi nomeado bispo lá”, menciona. “Vai entender a América Latina, a nossa cultura, o Brasil, os povos amazônicos, os povos originários. Se fosse um europeu, não teria esse alcance”, discorre.

Ecco reforça que por se tratar de uma voz importante em defesa dos excluídos, das mulheres, a CNBB está celebrando, “todos estão felizes com o anúncio”. O novo papa tem experiência pastoral, é jovem, 69 anos, reúne condições para enfrentar o desafio de transitar em meio ao povo, como sucessor de um papa carismático como era Francisco, lista o professor.

Segundo o especialista, o antecessor preparou essa transição, o que explica a rapidez na escolha de Prevost, já no quarto escrutínio do conclave. “Já havia consenso ao que parece. Há dois anos, Francisco teve reunião com cardeais na qual ajustaram o nome de um sucessor que o mundo precisa, nem europeu, nem africano, nem latino-americano, mas aceito por todos.”

Sofiati vai na mesma direção ao contextualizar que Francisco ficou doente por um bom tempo e, apesar da morte súbita, de certa forma, a Igreja já esperava pelo desfecho. “As conversas de bastidores sobre a sucessão foram acontecendo naturalmente, penso. Francisco nomeou cardeais leais aos princípios do Evangelho em todas as partes do mundo”, cita. O conclave não teve início imediato após sua morte, houve tempo de encontros, de luto da Igreja, prossegue o professor da UFG.

“Entendo que os cardeais iniciaram o conclave já com certo consenso do perfil do novo papa: alguém que seguisse Francisco nas temáticas mais importantes que envolvem a abertura da Igreja para o mundo moderno, para uma nova recepção do Vaticano II. Portanto, entendo que a escolha rápida se deu pela influência do papa falecido que conseguiu plantar a semente do que considerava ser o comportamento adequado a Igreja Católica na contemporaneidade.”

Ainda assim, para Sofiati, não se trata de uma extensão do legado de Francisco, mas de uma postura de recuperação da história da Igreja que almeja o bem-viver. Ele também destaca a escolha de nome que sucede a Leão XIII, o papa da encíclica Rerum Novarum que estabelece a Doutrina Social da Igreja.

“O nome escolhido também remete a Santo Agostinho, ao carisma agostiniano de vida comunitária e serviço ao próximo. A sua experiência pastoral na América Latina e seu comportamento na Santa Sé nos últimos anos apontam para um papado de compromisso com a dignidade humana e preservação da natureza”, enfatiza.

Já em relação a avanços como maior participação das mulheres, o analista não considera possível traçar desdobramento. “Temos que aguardar as primeiras iniciativas do novo papa. No entanto, seu discurso inicial fala em pontes, aponta para menos preocupação com a estrutura e mais compromisso com a missão da Igreja no mundo. Trata-se de um norte-americano naturalizado peruano que não comunga com as ideias de Trump e que, segundo notícias da imprensa romana, também foca em questões de migração, justiça social e acolhimento às pessoas LGBTs.”

Leão XIV traz boas perspectivas de diálogo com o Brasil e Goiás, veem analistas

Novo papado

Habemus Papam. Ontem, 8 de maio de 2025, estas palavras ecoaram desde a Praça de São Pedro, em Roma, até os mais escondidos lugares do mundo onde algum meio de comunicação alcançava. Escutaram-nas não apenas o povo católico, mas também os outros cristãos, mulheres e homens de outras tradições religiosas, e homens e mulheres de boa vontade, embora não crentes. E, na sequência, o anúncio, em latim: “O Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor, Senhor Robert Francis, Cardeal da Santa Igreja Romana Prevost, que escolheu ser chamado Leão XIV.”

Quando falou pela primeira vez, Papa Leão XIV utilizou as mesmas palavras de Jesus Ressuscitado aos discípulos que, por medo dos judeus, estavam num lugar com as portas fechadas. Jesus entrou e pôs-se no meio deles dizendo: “A paz esteja convosco” (cf. Jo 21,19). Assim, o novo Papa começou seu ministério, com o anúncio da paz, desejando que esse voto de paz chegasse aos corações de todos, alcançasse as famílias e a todas as pessoas, a todos os povos e a toda a terra. Num mundo cheio de guerras em curso, essa mensagem ressoa como importantíssima: “uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante. Provém de Deus, Deus que ama a todos, incondicionalmente”.

Sua primeira mensagem a Roma e ao mundo deixa-nos, sutilmente, uma indicação: “ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz frágil, mas sempre corajosa do Papa Francisco, que abençoava Roma”. Não vamos nos esquecer daquela voz, por vezes frágil, mas sempre corajosa. Voz que ressoa com apelos em favor da missão de construir pontes, com o diálogo e com o encontro, unindo todos para sermos um só povo, sempre em paz. A multidão o aplaudiu mais uma vez quando disse: “Obrigado, Papa Francisco”.

Apresentando-se como “filho de Santo Agostinho”, referindo-se à sua ordem religiosa, lembrou-nos da conhecida expressão do Bispo de Hipona: “Convosco sou cristão, para vós sou bispo”. Este modo de dizer retoma a importantíssima consciência do batismo que nos fez membros do Corpo de Cristo, a Igreja. O batismo nos une na mesma fé, somos irmãos e irmãs. E, ainda, explicita a razão do ministério: “para vós sou bispo”. O episcopado é um serviço em favor dos irmãos. Essa forma de servir já ficou delineada quando Leão XIV afirmou: “queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que busca sempre a paz, busca sempre a caridade, busca sempre ser próxima, especialmente, daqueles que sofrem”.

Todos poderão encontrar dados biográficos do novo Papa. Eu não poderia deixar de trazer um dado que o liga à nossa querida cidade de Goiânia. Quando era o Padre Geral da Ordem de Santo Agostinho, OSA, ele esteve por duas vezes em Goiânia para visitar seus confrades na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Aeroporto, no Colégio Agostiniano e nas obras sociais agostinianas. Como membro da presidência da CNBB, ao ser recebido em audiência por ele no Dicastério para os Bispos, em Roma, foi ele mesmo quem me disse ter estado aqui na capital goiana. Agora, resta-nos nutrir em nosso coração o sonho de uma terceira visita, como Papa. Quem sabe para o XIX Congresso Eucarístico Nacional que Goiânia sediará de 3 a 7 de setembro de 2027.

Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Goiânia e 1º Vice-Presidente da CNBB