Berlim - Refugiados sírios e afegãos detidos num campo provisório na ilha grega de Chios ameaçaram ontem suicidar-se caso sejam expulsos para a Turquia, como prevê o acordo firmado entre a União Europeia e Ancara para os viajantes que cruzaram ilegalmente o mar Egeu rumo à Grécia a desde 20 de março.Um dos detentos, o afegão Souaob Nouri disse ao jornal inglês The Guardian: “Se nos deportarem, nós nos matamos. Não vamos voltar (para a Turquia).” Um homem ao lado dele, que se identificou apenas como Akimi, afirmou: “Não somos terroristas, apenas refugiados. As condições aqui estão muito ruins. Não há água, batem em grávidas. Por que nos tratam assim? Tudo o que queremos é asilo.”O cenário do campo de Chios é tenso desde a semana passada, quando cerca de 800 pessoas escaparam do local após confronto com agentes e seguiram para o centro da ilha. Em uma manifestação no porto de Pireus, cidade vizinha a Atenas, crianças e bebês foram levantados ao ar, e a imprensa grega disse que um homem chegou a ameaçar jogar um bebê contra os policiais que faziam o cerco ao protesto.A expulsão de refugiados e migrantes começou na segunda-feira, quando 202 pessoas foram colocadas em barcos turcos e partiram de Chios e Lesbos rumo ao porto turco de Dikili. No dia seguinte, o governo grego anunciou a suspensão temporária das deportações, afirmando que precisava de mais tempo para analisar os pedidos de asilo daqueles que pretendiam permanecer na Grécia.A decisão ocorreu em meio à denúncia da agência da ONU para refugiados (Acnur) de que ao menos 13 dos 202 expulsos tinham “expressado interesse” em pedir asilo, o que deveria impedir as autoridades gregas de expulsá-los.O vice-ministro grego de Relações Exteriores, Nikos Xydakis, assumiu que a estrutura é insuficiente para a grande demanda de processos. No total, há 52,4 mil migrantes e refugiados em solo grego, dos quais cerca de 5 mil chegaram nos últimos 15 dias.