"Começou." A mensagem de texto enviada há um ano a Mikola Chmatkov, 28, ainda desestabiliza o ucraniano que havia viajado ao Brasil para fugir do inverno rigoroso de seu país e curtir o Carnaval no Rio. O alerta seco na madrugada de 24 de fevereiro de 2022 veio de um amigo que o surpreendeu com a notícia do início do ataques russos à Ucrânia. Chmatkov entrou em pânico e não conseguiu dormir naquela noite. "Foram as horas mais assustadoras da minha vida. Percebi que o meu mundo nunca mais seria o mesmo", diz o ucraniano, que passou horas ligado no noticiário e no celular buscando falar com parentes e amigos. Foi a segunda vez que os efeitos de uma guerra o atingiram. Nascido em um vilarejo no leste ucraniano, Chmatkov se mudou para a capital, Kiev, e também sofreu à distância quando as forças ucranianas e separatistas pró-Rússia iniciaram o conflito na região do Donbass, onde mora parte de sua família. Os confrontos foram deflagrados em 2014 após a anexação da Crimeia por Moscou.