As áreas técnicas da Anvisa defenderam o uso da CoronaVac a partir de seis anos para crianças e adolescentes não imunocomprometidos. A diretoria da agência decide nesta quinta-feira (20) se aprova o imunizante para menores de idade.O parecer técnico foi apresentado pelas gerências Geral de Medicamentos e de Farmacovigilância.Ambas as gerências recomendam que a CoronaVac não seja aplicada em menores de idade imunocomprometidos. Essas pessoas não possuem mecanismos de defesa contra infecções. Por isso, precisam de um cuidado extra.A vacina da Pfizer é a única autorizada para menores de idade até o momento. Pode ser aplicada a partir de cinco anos –independentemente da criança ou adolescente ser imunocomprometido.O Instituto Butantan solicitou o uso da CoronaVac a partir de três anos. A expectativa é que o imunizante acelere a vacinação de crianças, que começou na semana passada.O gerente de Medicamentos, Gustavo Mendes, afirmou que “há benefícios e segurança” para o uso da CoronaVac em crianças. Ele disse que o Butantan apresentou mais de dez estudos no pedido. O principal foi um levantamento de efetividade da CoronaVac em crianças de 6 a 16 anos, realizado no Chile. Segundo Mendes, a pesquisa mostrou um indicativo positivo sobre o desempenho da vacina.A Anvisa consultou associações médicas sobre o tema. As sociedades brasileiras de Pediatria, Imunização e Infectologia recomendaram a aprovação a partir de 6 anos.“Para qualquer produto é necessário um acompanhamento a longo prazo, isso não quer dizer que as vacinas são experimentais”, disse Mendes.A decisão será tomada pelos diretores por ser uma solicitação de uso emergencial. Cada diretor lerá seu voto. O uso será liberado por maioria simples.O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou ser função da agência analisar os pedidos e “oferecer ao Ministério da Saúde e aos gestores de saúde possibilidades de melhor enfrentarem a pandemia”. Mas disse que cabe ao governo federal que decidir “vacinar ou não com o produto que lhe é oferecido”.Em agosto de 2021, a Anvisa rejeitou o 1º pedido de uso em menores de idade por considerar os dados clínicos insuficientes. Em dezembro, o instituto pediu novamente a liberação. A CoronaVac é uma vacina desenvolvida pela farmacêutica Sinovac. É produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo.CORONAVAC DEVE ALAVANCAR VACINAÇÃO DE CRIANÇAS A imunização das crianças abaixo de 12 anos depende da chegada de doses pediátricas da Pfizer vindas do exterior. Já a CoronaVac, tem estoques no Brasil, que podem ser usados para acelerar o processo.O governo federal afirma ter 5,5 milhões de vacinas da CoronaVac. Estados e municípios também têm reserva e querem usá-las em crianças. O Ministério da Saúde pretende usar a vacina nos menores de 12 anos, se essa for aprovada pela Anvisa. O Poder360 apurou que, caso seja necessário, a pasta irá comprar mais doses da CoronaVac. Isso dependerá de quantas doses estão em estoque e dos acordos com a Pfizer. O órgão já pediu informações aos governos estaduais sobre as reservas do imunizante.O Brasil precisa de 45 milhões de doses para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos com duas doses –considerando 10% de reserva técnica. O governo comprou 30 milhões da Pfizer. Precisa de mais 15 milhões –que poderiam ser as doses em estoques da CoronaVac ou de novos acordos com os fornecedores.A vacina para crianças da CoronaVac é a mesma usada em adultos. Já a Pfizer tem dois imunizantes diferentes: uma para crianças de 5 a 11 anos e outra para pessoas a partir de 12 anos. Isso dificulta a imunização com a Pfizer, porque depende da chegada de doses pediátricas vindas do exterior. O Brasil deve receber 4,3 milhões de unidades em janeiro. Até março, o total será de 30 milhões.O Instituto Butantan tem 15 milhões de doses disponíveis para compra. A entidade tem mantido diálogo com o ministério e governadores, mas não recebeu pedidos. Os chefes estaduais não querem empenhar recursos próprios. Esperam decisão do Ministério da Saúde.