O menor número de veículos em circulação nas ruas de Goiânia em abril de 2020 e de 2021 fez com que a velocidade média verificada pelos ônibus do transporte coletivo nos corredores preferenciais tivesse um aumento em relação a 2019. A redução na quantidade de veículos se deu em razão dos decretos municipais para a contenção da pandemia de Covid-19. Nos horários entre os picos da manhã e da tarde o ganho de velocidade média chega a ser de 1 quilômetro por hora (km/h), nos corredores Universitário, 85 e T-63. O ganho de velocidade foi maior no trecho mais crítico da Avenida 85. Em 2019, os ônibus para chegarem no cruzamento com a Praça Cívica (Rua 82) circulavam em 6,6 km/h, neste ano a velocidade chegou a 11,8 km/h. Um estudo realizado por alunos do Instituto Federal de Goiás (IFG) em fevereiro de 2020 no Corredor 85, antes dos decretos de restrições, apontou a interferência de outros veículos nos cruzamentos “tanto para entrarem quanto para saírem do corredor interferindo na fluidez dos ônibus”.O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Domingos Sávio Afonso, aponta que esses números comprovam que a melhoria do transporte público é benéfica para a mobilidade urbana. “Quando diminui a quantidade de carros, o transporte coletivo flui melhor”, avalia. Estudos internacionais consideram positiva uma velocidade média de 20 km/h em corredores do tipo preferenciais. Já nos corredores exclusivos, como na Anhanguera, a estimativa é 25 km/h.Para o professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de transportes Marcos Rothen, orientador do estudo feito no Corredor 85, o principal fator para que se tenha melhoria com os corredores é o tipo de veículo utilizado. “Goiânia hoje utiliza modelos de ônibus antigos, com pouco conforto e que não tiveram melhora desde a implantação dos corredores.” Outros problemas são a falta de sincronização semafórica para os ônibus e o desrespeito por parte de motoristas que ocupam faixa preferencial. Assim mesmo, Rothen acredita que os corredores na faixa da direita trazem poucos benefícios para o transporte coletivo. “Há ausência de outras medidas básicas para melhor atender os passageiros. Por exemplo: falta informação aos usuários de como utilizar os ônibus, dos itinerários das linhas. As informações em aplicativos e em sites são apenas complementares, é fundamental que o passageiro seja informado de forma clara e rapidamente acessível. Para quem está na T-63, para que lado fica a Praça A?”, exemplifica o professor sobre o que pode melhorar o transporte coletivo na capital.Já o presidente da CMTC entende que os corredores preferenciais funcionam serão incentivados pela Prefeitura nos próximos anos. “São obras mais rápidas, baratas e eficientes.” Sávio acredita ainda que a tecnologia semafórica influencia mais do que o veículo, mas que, de fato, ônibus mais novos devem chegar a uma velocidade média de forma mais fácil. “Estamos reunindo para destravar a obra do Corredor T-7. Quando a obra estiver pronta poderemos ver isso melhor, pois o corredor terá os semáforos sincronizados com o transporte coletivo”, explica. Neste caso, seria possível verificar o ganho de velocidade dos ônibus com o corredor. Atualmente, nos semáforos dos corredores preferenciais em funcionamento a programação é feita a partir do planejamento para os veículos particulares. O Corredor T-7 será o primeiro a contar com a tecnologia em que o semáforo é programado para abrir com a aproximação dos ônibus. A obra está prevista para ser finalizada em meados de 2022. O estudo do IFG com entrevista com motoristas do Corredor 85 e verificação no local. Os alunos observaram que “os ônibus aproveitam em proporções menores a sincronização em ‘onda verde’ adotada no corredor”. O estudo verificou ainda que, em comparação com os automóveis, os ônibus tiveram que parar quatro vezes em dezoito cruzamentos “por terem perdido a sincronia devido a necessidade de pararem nos pontos de embarque/desembarque”.-Imagem (1.2243500)