Após dois anos do início da pandemia de Covid-19, em que o sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia chegou a transportar 80% a menos do que se tinha até março de 2019, a demanda dos ônibus começa a crescer de maneira sustentada. É essa a interpretação do presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Tarcísio Abreu, para o aumento do número de passagens utilizadas entre março do ano passado e deste ano. Para se ter uma ideia, nesta segunda-feira (21), foram 386.745 validações nas catracas, contra 182.375 na segunda-feira do dia 22 de março de 2021. Por outro lado, os números do dia 9 de março de 2020, quando não havia sido iniciado qualquer protocolo de restrições de atividades para o combate da Covid-19, mostram que o sistema metropolitano operou com 521.963 validações. Ou seja, a demanda atual, embora crescente neste ano, ainda está 26% abaixo do período antes das restrições. Abreu entende, no entanto, que é preciso fazer a comparação com o período pandêmico, já que ainda é a realidade e existem restrições, mesmo que menores, por isso, os números devem ser avaliados com relação a 2021. Em média, este mês registra 369.454 usos do sistema por dia útil, o que representa um aumento de 97,1% na comparação com os dados de 12 meses atrás, quando a CMTC verificou 187.486 validações. “Em março de 2021, nós conseguimos fazer 66% do que foi feito em 2020, e neste ano já estamos fazendo 78%. É uma recuperação sustentada sim, estamos com números melhores a cada dia”, diz o presidente da CMTC. A comparação com o período pré-pandêmico costuma ser feita diariamente pelo consórcio das empresas concessionárias do sistema (Redemob). Para se ter uma ideia, a justiça definiu que o Plano Emergencial, que é o valor pago pelo poder público às concessionárias para que estas possam custear a operação, é válido até que a demanda seja menor que 85% em relação ao período anterior à pandemia de Covid-19. O entendimento de Abreu é que esse crescimento da demanda vai ser continuado. “Agora temos esses 380 mil diários que é o piso, não vamos mais abaixar disso”, afirma. O presidente acredita que vai ser possível chegar novamente nos 500 mil usuários diários. “Vai chegar, mas não podemos dizer quando ainda.”A CMTC aposta que os novos modelos de bilhetagem, que foram anunciados em fevereiro, serão capazes de ampliar o uso do sistema metropolitano. A partir do dia 2 de abril passará a ser válido o Bilhete Único, em que os usuários poderão utilizar o serviço por mais de uma vez em até 150 minutos com o custo de apenas uma tarifa. “Essas mudanças que anunciamos, com todas as cidades a favor, muda o cenário do sistema e temos que estar preparados para isso.”CausasO presidente da CMTC explica que o aumento da demanda, porém, ainda não é resultado dessas mudanças. “Com certeza é a melhora do cenário pandêmico, as pessoas saindo mais, e também a alta dos combustíveis. Em três anos, a única coisa que teve o valor fixado é a tarifa do transporte coletivo”, afirma, ao se referir ao custo de R$ 4,30 da passagem desde abril de 2019 e que vai permanecer ao menos até o final deste ano. Abreu conta ainda que lhe chamou a atenção nos últimos dias a movimentação de prefeitos e vereadores das cidades metropolitanas, além de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Isso porque aumentou os pedidos por mais linhas que trafegam dos municípios para a capital, o que foi crucial para o aumento verificado dos usos do sistema. “Tivemos de agosto até agora um aumento de cerca de 1.100 viagens nos horários de pico para atender a essa demanda.”Na capital e em Aparecida, muitos serviços já voltaram a ser operados na frequência do período anterior à pandemia. Atualmente, o sistema tem usado a frota máxima diária em cerca de 1 mil veículos. Até o ano passado, por exemplo, a média era entre 850 e 870 ônibus. Outra mudança percebida pela CMTC é a possibilidade de novos usuários adentrarem no sistema, visto que 6% das passagens estão sendo pagas por cartões de crédito ou débito, que podem ser de passageiros que não eram usuários até então.