Representantes sindicais dos servidores públicos entraram com um mandado de segurança para tentar reverter a venda do Hospital do Servidor Público, no Parque Acalanto, em Goiânia. A unidade de saúde pertencia ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) e foi comprada pelo estado por R$ 128 milhões na última quinta-feira (30). O valor de venda do hospital é o principal questionamento do grupo. Inicialmente, o valor estimado era de R$ 150 milhões. O titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, chegou a assinar um artigo de opinião no POPULAR, no dia 3 de dezembro, no qual o preço estimado é mencionado.Porém, o hospital acabou sendo adquirido por R$ 22 milhões a menos. “Queremos uma explicação para esta diferença de valor. Como um comprador fala de um valor maior e vendedor oferece um menor?”, diz Bia de Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego).Tanto o Ipasgo, quanto a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) negam qualquer tipo de irregularidade no processo de venda da unidade da saúde.O hospital começou a ser construído em 2008 e foi entregue em 2019. Em 2020, ele foi emprestado ao estado para ser usado como Hospital de Campanha (HCamp) no enfrentamento à Covid-19 e funcionou nesse formato até o fim de 2021. Ainda nesta semana, ele começará a operar como o Hospital da Criança e do Adolescente (Hecap).VendaA venda do hospital foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) no dia 13 de dezembro de 2021. Na ocasião, o líder do governo na Assembleia, Bruno Peixoto (MDB), mostrou a carteira de usuário do Ipasgo durante discurso na tribuna e disse que a aprovação do projeto significa defesa ao usuário do serviço. “O Estado não está vendendo, está ampliando”, disse na ocasião.No dia 15, a Lei 21.200 foi sancionada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). Nela, a venda da unidade ficou condicionada ao Conselho Deliberativo do (Ipasgo), que também ficou responsável por definir o valor de venda e condições de recebimento do imóvel.No dia 17 de dezembro, o Conselho Deliberativo do Ipasgo (CDI), que é composto por cinco representantes do governo, um dos hospitais e quatro dos usuários, se reuniu para discutir o tema. “Pedimos a suspensão da votação e uma cópia integral do processo administrativa de venda do hospital para a análise dos laudos de avaliação”, explica Luís Claudio Coelho, presidente do CDI e da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Estado de Goiás (Assego).No dia 22, o Fórum dos Servidores Públicos do estado oficiou Leonardo Lobo, o novo presidente do Ipasgo. “Pedimos que fosse contratada uma empresa especializada para avaliar o real valor do hospital”, diz Coelho.Entretanto, no dia 23, a maioria do CDI se reuniu e decidiu sobre a venda e o valor da transação financeira em um encontro no qual os quatro representantes dos servidores não participaram. “Sabíamos da reunião, mas ela não deveria ter acontecido naquele momento. O que queremos é uma avaliação isenta e técnica para saber o real valor da unidade de saúde”, argumenta o presidente do CDI.A presidente do Sintego questiona ainda o fato de apenas quatro dos dez integrantes do CDI serem representantes dos servidores. De acordo com ela, isso torna a aprovação da venda questionável. “A composição não é paritária. Nós fomos contra. Quando a pauta chegou até nós, pedimos tempo para fazermos análises e não fomos ouvidos. Existem muitos outros hospitais à venda em Goiás. Porque quiseram comprar logo este?”Atualmente, o Ipasgo possui cerca de 600 mil usuários. “A venda já foi aprovada pela Alego. Agora, queremos que ela seja feita em um valor justo. Assim, acreditamos que o usuário está saindo no prejuízo”, finaliza Coelho. Ipasgo diz que R$ 150 milhões era teto máximoO Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) afirma que o valor estimado de R$ 150 milhões para a venda do Hospital do Servidor Público era apenas o teto máximo fixado para a transação financeira.Em nota, a instituição comunicou que durante as discussões e trâmites administrativos do processo de alienação da unidade de saúde, “o Governo de Goiás se posicionou afirmando que a venda da unidade poderia chegar a até R$ 150 milhões, sendo este o teto máximo” e que “o preço do imóvel foi definido após análises técnicas das áreas responsáveis, que garantiram valor atualizado do que foi investido durante a construção da unidade, chegando ao total de R$128.806.908,96.”Além disso, o Ipasgo informou que todos os membros do Conselho Deliberativo do Ipasgo (CDI) “tinham conhecimento da reunião realizada no dia 23 de dezembro, que foi aprovada pela maioria de todos os integrantes do CDI, no dia 17, e registrada em ata.”O instituto argumentou ainda que na reunião do dia 23, quando a venda do hospital foi aprovada, “seis membros do conselho compareceram e formaram o quórum necessário para deliberações”, sendo que “entre eles estavam os representantes do Ipasgo, da Secretaria Estadual de Administração e dos Prestadores de Serviços do Instituto” e que “os integrantes que representam os sindicatos, apesar de estarem cientes, optaram por não participar.” Secretaria de Saúde nega qualquer tipo de irregularidade em compraA Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) nega qualquer irregularidade e afirma que seguiu os trâmites legais necessários em relação à compra do Hospital do Servidor Público, que pertencia ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo). Em nota, a pasta destacou que a venda foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e pelo Conselho Deliberativo do Ipasgo (CDI), além de ter sido sancionada por lei estadual, sendo que “inicialmente, o valor estimado era de R$ 150 milhões, entretanto, após análises a compra pela SES-GO foi realizada por R$ 128 milhões, conforme definição do CDI.”A pasta informou ainda que em relação aos serviços do Ipasgo, “os servidores que contribuem com o plano não serão desassistidos, pois o planejamento para o Instituto é de ampliação da rede credenciada, com descentralização dos serviços em diferentes unidades de saúde, localizadas em pontos estratégicos de todo o território goiano e não somente na capital, como seria com o Hospital do Servidor.”