Destinada à promoção e execução de políticas públicas sociais, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds), também conhecida como Secretaria Cidadã, está instalada em um edifício sem condições plenas de atender parte do seu público alvo, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida ou idosos. É o que mostra relatório do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) que vistoriou o local a pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). No prédio, de quatro blocos, foi encontrada uma série de irregularidades.Assinado pela gerente técnica do CAU-GO, Giovana Lacerda Jacomini, o relatório revela que o prédio da Seds, localizado na Praça Cívica, nas proximidades do Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, possui problemas de acesso e de adequação de espaço e de mobiliários. Entre os obstáculos mencionados estão a ausência de piso e de comunicação tátil para atender pessoas com deficiências visuais; o acesso ao segundo pavimento é feito exclusivamente por escadas; e na maior parte dos banheiros não há espaço para movimentação e manobras de cadeiras de rodas.O bloco principal da Seds é um dos prédios que fazem parte do conjunto em estilo art déco da Praça Cívica, tombado pelo patrimônio histórico. Os demais são anexos construídos ao longo dos anos. Construído nos primórdios de Goiânia para abrigar os serviços de estatística de Goiás, o edifício foi a sede durante anos do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Em 2018, depois de se transferir para nova sede, o TCE o doou para a Seds. A pasta informa que fez uma reforma emergencial, mas reconhece as limitações de acessibilidade do prédio, até mesmo pelo seu tombamento. “Estamos providenciando todas as adequações possíveis”, informa o órgão em nota. Uma reforma está em andamento para atender as exigências previstas em procedimento aberto pelo MP.Um dos problemas detectados pelo CAU está justamente na recepção. Quando recebeu o prédio, a Seds construiu uma rampa na lateral da entrada principal, mas esta dá acesso a uma porta que fica fechada. “Isso já gera uma segregação. O correto é que o acesso seja livre e independente, sem precisar solicitar para alguém abrir”, lembra a gerente técnica do CAU. O órgão diz que esse obstáculo já foi solucionado. “Alterações emergenciais já foram realizadas, como garantia de acesso pela rampa da entrada principal, direcionamento de servidores para auxiliar pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e instalação dos serviços voltados para esse público em locais de fácil acesso.”A Seds reforça que estão em execução serviços para melhorar a estrutura de todos blocos, incluindo ações mais complexas que promovam acessibilidade. “Toda a sinalização dos blocos está sendo refeita. O intuito é garantir a adequação necessária para receber o cidadão”, diz a nota. A pasta é responsável, entre outras atividades, por gerir vagas no mercado de trabalho para pessoas portadoras de deficiência e promover atividades socioculturais para a camada idosa da população.Presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico), Nylo Sérgio explica que desde 2015 a entidade solicita ao MP-GO vistoria sobre as condições de acessibilidade na chamada Secretaria Cidadã. O CAU chegou a promover uma ação, a pedido do MP na sede anterior, no Setor Universitário, mas com a mudança e o requerimento renovado, fez novo relatório tendo como alvo o edifício da Praça Cívica. “O que queremos saber é se as instalações oferecem condições de acesso e segurança a pessoas com dificuldade de locomoção, que precisam de uma estrutura diferenciada,”A vistoria foi realizada em maio deste ano, mas o relatório está sendo divulgado agora pelo CAU-GO dentro de uma série de atividades que o Conselho vem realizando com o objetivo de ampliar a acessibilidade em edifícios de uso público. Esta semana, 24 arquitetos e urbanistas que atuam na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Secretaria de Planejamento e Habitação (Seplanh), Crea-GO e Ministério Público de Goiás (MPGO) participaram do curso Acessibilidade em Locais de Ensino ministrado pelo CAU-GO a partir de uma articulação em parceria com o Ministério Público e a Seduc.Durante o curso, os profissionais vivenciaram situações semelhantes àquelas vividas por pessoas com mobilidade reduzida. Com olhos vendados, usando muletas ou cadeiras de rodas, eles puderam perceber o quanto calçadas, rampas, corredores e degraus se transformam em barreiras intransponíveis. “O CAU está à disposição de toda a sociedade para orientar sobre o que é preciso ser feito para que as instalações públicas tenham acessibilidade. Somente um arquiteto/urbanista tem habilitação e conhecimento para este tipo de trabalho”, afirma Giovana Jacomini.Leia também:- 62% dos deslocamentos em Goiânia são demorados, diz pesquisa- 15 bairros estão sem asfalto em Goiânia- Goiânia pode ganhar ciclovia de 8km entre os Câmpus Samambaia e Universitário da UFG