As tintas que a estudante Luana Marcelo Alves, de 12 anos, usou para pintar as pontas do cabelo de vermelho no último fim de semana ainda estão sobre o tanque da casa em que ela morava no Setor Madre Germana II, em Goiânia, e alguns itens de beleza da adolescente seguem espalhados pela residência. “Aqui é assim. Eu sempre falava que ela era a ‘dona da casa’. Cuidava de tudo”, relata Robson Marcelo de Santos, de 33 anos, pai da garota.O único cômodo da casa que denuncia que a família acabou de ser vítima de uma tragédia é o quarto da menina. Antes, tinha tudo no devido lugar. “Ela era muito organizada, muito metódica”, conta Marcelo. Agora, o ambiente está revirado, uma prova de que a Polícia Civil passou pelo local à procura de vestígios que tenham ligação com a morte de Luana, assassinada no último domingo (27) pelo ajudante de pedreiro Reidimar Silva, de 31 anos.Ao conversar com vizinhos, parentes e amigos, os relatos sobre Luana são parecidos. Se tratava de uma garota calma, independente, amorosa, vaidosa, próxima dos pais e que não tinha o costume de sair de casa sem avisá-los. “A mãe dela ia para o trabalho de moto. Se passavam cinco minutos do horário dela chegar, a Luana já me mandava mensagem toda preocupada, temendo que algo tivesse acontecido”, relembra o pai da menina.Leia também:- Adolescente que sumiu ao ir à padaria é encontrada morta; suspeito é preso- Jovem de 15 anos acusou servente de estupro em 2015- Casa da mãe do ajudante de pedreiro que confessou matar estudante é incendiada, em GoiâniaLuana fazia o trajeto que a levou à morte, no mínimo, duas vezes por dia durante a semana. O ponto onde ela esperava o ônibus escolar toda manhã é em frente ao supermercado onde ela comprou os salgados antes de ser morta. “Ela e todas as outras crianças aqui da região subiam juntas cedinho e voltavam por volta do meio-dia”, afirma uma vizinha da garota que preferiu não se identificar.Depois que chegava da escola, Luana tinha o costume de passar a tarde cuidando da casa, seja lavando a louça para ajudar a mãe, que trabalha fora, seja fazendo comida para o pai. “Ela sempre me ligava perguntando se eu estava em Goiânia. Caso eu estivesse, preparava o almoço para mim”, conta Robson.Luana passava os momentos de diversão, assim como uma grande quantidade de adolescentes, no aplicativo Tik Tok. Ela adorava fazer coreografias com as danças que estão na moda. “Se arruma toda para gravar. Passava maquiagem, colocava acessórios e tudo mais. Era uma graça dançando e colocava a família inteira para dançar com ela”, detalha Rany Hellen, de 31 anos, tia de Luana.A adolescente costumava encontrar a tia uma vez na semana, na casa da avó, que mora no mesmo bairro. Rany lembra que, recentemente, levou a garota para comprar roupas. “Ela tinha um dinheirinho guardado e queria comprar umas coisas. Levei ela um uma loja lá no Garavelo e ela ficou toda feliz. Recentemente, fiquei toda orgulhosa de saber que ela estava frequentando uma igreja aqui do bairro.”Quando estavam juntas, as duas costumavam fazer receitas e gravar vídeos. “Eu visito minha mãe uma vez por semana e ela sempre ia para lá ficar comigo. Nós aproveitamos. Ela adorava fazer bolo comigo. A Luana foi minha primeira sobrinha. A primeira pessoa a me chamar de tia. A amo igual a uma filha. Saber que não vou mais ver ela e nem tive a oportunidade de me despedir semana passada é uma dor infinita. Ainda não consigo acreditar”, emociona-se.-Imagem (1.2570911)