-Imagem (1.2363468)Na última semana, conselheiros tutelares de Iaciara, município do Nordeste de Goiás, se depararam com uma situação inusitada. Ao sair para checar uma denúncia feita por uma família de ciganos, que estava de passagem pela cidade, eles descobriram que o grupo escondia uma adolescente de 14 anos que havia desaparecido de casa, no povoado de São Joaquim, em Januária (MG), em junho deste ano. A menina foi entregue à mãe na quarta-feira (24).Presidente do Conselho Tutelar de Iaciara, Júlio César contou ao POPULAR que a família de ciganos, que havia alugado uma casa na cidade, denunciou uma vizinha que, supostamente, maltratava a filha. “Depois de verificar a situação, passei na casa dos ciganos e vi a adolescente. Como ela me pareceu arredia, perguntei se era filha e o cigano confirmou.” O que ele não esperava é que, no dia seguinte, o líder do grupo, Juvenildo Alves da Silva, fosse à sede do Conselho Tutelar, acompanhado de um advogado, para contar a história envolvendo a adolescente. “Eu já achei estranho ele chegar com advogado no Conselho Tutelar, o que não é comum. Ele falou que a menina era namorada do filho de 16 anos e passou a viajar com eles porque era maltratada pelo pai e pela mãe. Entramos em contato com o Conselho Tutelar e o Ministério Público em Januária e descobrimos que a família estava desesperada procurando a adolescente. Os pais já tinham percorrido várias cidades e delegacias, foram até em Brasília, mas como ciganos não têm paradeiro certo, estavam com dificuldades”, detalhou Júlio César. O conselheiro tutelar explicou que a menina conheceu o filho de Juvenildo pela internet e na madrugada de 3 de junho foi buscada em casa por ele e pelo pai. “O que a gente percebeu é que a adolescente estava iludida. Ela, a princípio, confirmou que era maltratada pela família, mas depois desmentiu. Aqui em Iaciara ela foi obrigada a vender o celular para comprar comida e comercializava coisas na rua”, afirmou Júlio César.Com o apoio do Ministério Público, a adolescente foi colocada num abrigo em Iaciara onde permaneceu por dois dias. No mesmo domingo (21) em que saiu da casa dos ciganos, o grupo abandonou a cidade. Júlio César e a colega Maria Anita entregaram a menina para a mãe, Vanessa Alves de Sousa, na cidade de Buriti de Minas, no meio do caminho, por dificuldades em abastecer o tanque do veículo do Conselho Tutelar. Januária fica a quase 600 km de Iaciara. FugitivoJulio Cesar contou que, logo que a história veio à tona, recebeu a ligação de uma mulher que vive em Serra das Araras (MG). “Ela é ex-esposa de Juvenildo, com quem teve três filhas, de 7 a 11 anos. Eles fizeram um acordo verbal de guarda compartilhada, mas ele desapareceu com as meninas há dois anos. Desde então, ela nunca mais viu as crianças.” Àquela altura, Juvenildo e o restante da família, já tinham abandonado Iaciara, rumo a destino ignorado.