Atualizada em 06.02 às 11h09.O advogado Sérgio Fernandes de Moraes, de 56 anos, que se entregou à Polícia Civil três semanas após o atropelamento do motociclista Wilkinson Leles do Nascimento, de 38 anos, ocorrido em 9 de janeiro deste ano, aguarda habeas corpus par responder em liberdade. O acidente que terminou com a morte de Wilkinson ocorreu na Via São João, em Anápolis, mas ele se apresentou na delegacia de cidade vizinha, Goianápolis nesta semana. Moraes ainda não prestou depoimento. Ele optou por ficar em silêncio diante da autoridade policial.O pedido de habeas corpus foi apresentado para que o advogado responda em liberdade, mas até a tarde deste sábado ele seguia preso. A reportagem tentou contato com a defesa do suspeito, mas o advogado do preso, o ex-senador Demóstenes Torres, não retornou às mensagens. Sérgio de Moraes foi indiciado por homicídio doloso, embriaguez ao volante e fuga do local do acidente sem prestar socorro. A investigação já havia sido concluída uma semana após o acidente e o condutor do veículo era considerado foragido.Sérgio de Moraes mantém um relacionamento com Carla Santillo, que é ex-deputada, conselheira do Tribunal de Contas do Estado e filha do ex-governador de Goiás, Henrique Santillo. O advogado já havia sido preso outras duas vezes por embriaguez, em 2013 e 2017. Desta vez, testemunhas disseram ao delegado responsável pelo caso que o suspeito estaria embriagado. No dia do acidente, ele teria descartado uma garrafa de vinho para se livrar do que poderia ser uma prova do consumo de álcool. A garrafa foi recolhida pelos investigadores.O acidente ocorreu por volta das 20h15 do domingo, 9 de janeiro. Sérgio seguia na mesma avenida que Wilkinson, mas cada um em um sentido. Sérgio fez uma conversão para acessar outra via e colheu o motociclista, que trabalhava com entregas. A conversão, segundo a investigação apontou, era irregular e o motorista do carro não teria sinalizado. O motociclista ainda tentou frear, mas não houve tempo e ele ainda foi atropelado. O motociclista chegou a ser socorrido e levado para o Hospital de Urgência de Anápolis pelos Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos.O delegado responsável pelo caso, titular da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito de Anápolis (Dict), Manoel Vanderic informou que o indiciamento por homicídio culposo se deu porque o advogado assumiu o risco de acidente quando assumiu a condução do veículo estando embriagado. Sérgio de Moraes fugiu do local do acidente antes da chegada do socorro ou da polícia. Imagens de câmeras de segurança mostram como tudo aconteceu.Depois da colisão, Sérgio desce do carro, um Ford Ka preto, e conversa com algumas pessoas que se aproximam do local do acidente. Ele volta ao carro e pega um objeto e arremessa em um terreno baldio. Mais pessoas se aproximam. O suspeito vai embora a pé. O objeto descartado era a garrafa de vinho, que estava pela metade, segundo o delegado. Tanto a garrafa quanto o veículo passaram por perícia.PrisãoSérgio de Moraes havia se apresentado à polícia na madrugada do dia 12 de janeiro. Ele esteve na Central de Flagrantes, mas foi liberado porque o mandado de prisão contra ele estava em sigilo e os servidores da Polícia Civil não conseguiram acesso ao documento. Liberado, ele foi considerado foragido por conta do documento, que seguia em aberto. Foi realizada busca na casa do suspeito e ele não foi encontrado. A defesa de Sérgio questionou o motivo do sigilo e Demóstenes Torres acusou o delegado Manoel Vanderic de omissão.O delegado justificou o sigilo para impedir que o então investigado, que é advogado, tivesse acesso aos autos. Manoel Vanderic ainda explicou que o sigilo é um protocolo da polícia que teve autorização judicial. Mas esta situação será apurada pelo Ministério Público. Foi aberto um procedimento para apurar se houve ilegalidade por parte da Polícia Civil.-Imagem (1.2385779)