Alunos do curso de Psicologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG) do câmpus de Inhumas estão inconformados com a falta de professores e infraestrutura na unidade. Os estudantes afirmam ter prejuízos no aprendizado e aqueles que estão prestes a se formar na primeira turma temem que a graduação não se concretize conforme previsto, dado tamanho atraso acumulado. A previsão de término é para junho do ano que vem.Preocupados com a situação, os estudantes já protocolaram relatos dos problemas junto ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e pediram ajuda da deputada estadual Adriana Accorsi (PT). Eles afirmam que as medidas foram tomadas após diálogos com a coordenadora do curso e o reitor da UEG não resultarem em solução para as queixas apresentadas.Daniela (nome fictício) é uma das integrantes dos 40 alunos que veem o mês de junho de 2023 se aproximar e convivem com várias pendências de matérias de semestres anteriores. Ela é da primeira turma do curso no câmpus de Inhumas e agora cursa o nono período. “Nós temos apenas dois professores efetivos. Um deles é a coordenadora do curso. Há só mais outros dois que são temporários”, relata.Uma das falhas na infraestrutura relatadas pelos alunos é a falta de laboratórios. Um deles seria utilizado para as aulas das disciplinas de neuroanatomia, neurofisiologia e neuropsicologia. “Neste espaço nós iríamos manusear peças que podem ser de silicone e que representam áreas do cérebro humano”, diz Daniela.O que seria o laboratório, relata a aluna, é um espaço que foi fechado com lona e tapumes, mas que ainda não tem nenhuma infraestrutura. “Desde o início do curso nós estamos correndo atrás, conversamos com o reitor. Antes pedia calma para a gente. Agora nós fomos conversar com o reitor e ele disse que precisa ser realizado um concurso público, que não pôde ser realizado antes por causa das eleições.”A turma prevista para se formar em junho de 2023 tem seis disciplinas pendentes, entre elas três estágios não realizados. Entre as atividades está a realização de atendimentos supervisionados à comunidade.Os alunos afirmam que a maioria deles é de Goiânia, embora a formação seja realizada no município da Região Metropolitana da capital. E que já se colocaram à disposição para realizar algumas disciplinas na UEG Faculdade do Esporte (Eseffego), onde há disciplinas comuns, mas não foram atendidos. Por causa da falta de professores, os estudantes dizem ter prejuízos com o pagamento de ônibus que fazem a viagem cinco vezes por semana, já que nem todas as aulas acabam sendo realizadas.As queixas não se resumem aos alunos do nono período. Uma estudante do segundo período, que também pediu para não ser identificada, reclama da falta de laboratórios, professores e do atraso na formação. “Temos disciplinas que foram adiadas e outras adiantadas. Tem matérias que são pré-requisitos e isto não está sendo seguido”, critica.O POPULAR teve acesso a três protocolos de queixas registradas no MP-GO. Algumas delas já têm mais de seis meses, conforme os alunos. A reportagem procurou o Ministério Público. Este respondeu que a denúncia foi encaminhada para a segunda Promotoria de Justiça de Inhumas. O próximo passo será a solicitação de informações para a UEG. “Só depois dessas respostas será possível definir alguma outra medida”, afirmou por meio da assessoria de imprensa.Outra aluna do curso, do segundo período, afirma enfrentar os mesmos problemas. Ela pontua que atualmente deveria ter aula cinco vezes por semana, mas só tem dois dias. “Vai começando a ficar mais especializado e aumenta a falta de professores. É o que observo”, afirma.A aluna do segundo período afirma também que nos dias que há aulas, os professores se repetem. “Fica desgastante para eles também”, diz ela.O Ministério da Educação foi procurado pelo POPULAR para se pronunciar se estava ciente dos problemas alegados pelos alunos e também a respeito da regularidade do curso, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.Outro ladoA UEG informou que já está previsto para o início de 2023 um concurso público para a contratação de docentes para diversos cursos da Universidade, entre eles a graduação em Psicologia da Unidade Universitária de Inhumas.“Para atender à demanda emergencial do curso, já está sendo organizado um processo seletivo simplificado (PSS) para contratação de professores temporários. A realização do PSS já estava prevista há alguns meses, no entanto, legalmente, a Universidade só poderia realizá-lo após encerrado o período eleitoral”, afirma em nota.Adicionalmente, a Reitoria da UEG destaca que, à época da criação do curso, não houve planejamento de como as demandas inerentes à graduação seriam supridas. Mas a atual gestão estaria realizando todos os esforços necessários para que, em breve, a graduação em Psicologia tenha todos os seus problemas sanados e seja referência em Goiás.A nota enviada à reportagem informa ainda que foi assinado convênio com a Prefeitura de Inhumas que destinou um imóvel onde funcionará a clínica escola para atender os alunos do curso. Para funcionar, a clínica aguarda parecer do Conselho Regional de Psicologia.Já com relação ao laboratório, a nota diz que ele encontra-se em reforma, que deve ser concluída até o final do mês de novembro. “Os testes psicológicos, inclusive, já foram adquiridos para serem utilizados assim que o laboratório estiver finalizado.”Leia também:- Enem tem questões sobre Covid no segundo dia de provas- Matemática deixou segundo dia do Enem mais fácil, avaliam primeiros a deixar local de prova