-Imagem (1.2482640)Alunos do Colégio Visão, no Setor Bueno, em Goiânia, realizaram protestos nesta quarta (29) e quinta-feira (30) pela recontratação do professor Osvaldo Machado, que foi demitido após um vídeo publicado pelo influenciador e pré-candidato a deputado federal Gustavo Gayer (DC). Ele alegou que listas de exercícios aplicadas a alunos que estavam de recuperação ensinam ''jovens a odiar a polícia''.Ao POPULAR, uma estudante de 17 anos, que cursa o terceiro ano do Ensino Médio no Visāo, disse que a direção da escola foi omissa sobre a demissão e que os alunos ficaram sabendo por meio de boatos, na terça-feira (28), um dia após as acusações de Gayer. Na quarta, os estudantes espalharam cartazes pela escola com as mensagens "sociologia não é ideologia política'" e "volta Osvaldo".Durante o intervalo, os alunos bateram palmas e gritaram o nome do professor. "Estava todo mundo muito irritado, muito inconformado. Era só pra bater palma e ser uma coisa bem pacífica, só que todo mundo estava muito alterado e muito inconformado mesmo'", contou a estudante. Segundo ela, somente após o protesto a direção da escola informou aos estudantes sobre a demissão e alegou que foi uma decisão do grupo que administra a escola.Na manhã desta quinta, parte da fachada da escola amanheceu pichada. Uma das frases dizia ''censura não''. Funcionários da escola taparam as mensagens com um lençol e pintaram o muro ainda durante a manhã. Ainda nesta quinta, novas manifestações ocorreram dentro da escola e cartazes em defesa do professor foram espalhados pelas dependências. "Justiça por Osvaldo", dizia um dos cartazes. "O clima na escola está bem caótico. Está todo mundo colocando cartazes", disse a estudante.Leia também:· Escolas de Goiânia voltam a estimular uso de máscaras · Colégios buscam recuperar tempo perdido em GoiâniaNesta semana, o colégio encerra as atividades letivas e os estudantes entram de férias. Os alunos escreveram uma carta endereçada ao Grupo SEB, que administra a escola, em que defendem a atuação profissional de Osvaldo e criticam as informações divulgadas por Gustavo Gayer. Segundo a estudante, o objetivo é pressionar o grupo para recontratar o professor.A assessoria do grupo Colégio Visão foi questionada sobre o motivo da demissão e a possibilidade de reavaliar a decisão, mas manteve o posicionamento de uma nota oficial divulgada anteriormente. "A escola possui um Código de Conduta que veda manifestações políticas, partidárias ou ideológicas em ambiente escolar. A direção do Colégio mantém um canal de diálogo aberto com alunos e familiares, sempre pautando suas ações no Código de Conduta", diz a nota.Entenda o casoO motivo da demissão do professor foi uma charge do cartunista André Dahmer que representa um personagem lendo um jornal e dizendo "Mais um assalto em São Paulo, ainda bem que temos a polícia para combater a violência em prol da barbárie”, de forma alusiva aos casos de agressão policial. Com isso, o professor questiona no enunciado: “Qual elemento do Estado está sendo retratado na tira abaixo?". Ao POPULAR, o professor explicou o objetivo da avaliação. "A tirinha trata do uso legítimo da força pelo Estado, essa é a resposta. É o contrário do que ele pensa e vai de encontro com o que ele deseja.", afirmou Osvaldo Machado. O professor, que mora em Uberlândia, em Minas Gerais, trabalha na escola há seis anos e disse que durante esse tempo exercendo o ensino no local, ele nunca havia recebido uma advertência de conduta da direção.O cartunista André Dahmer se manifestou em uma rede social sobre o episódio. "O colégio Visão não sabe, mas meu trabalho aparece com frequência em concursos públicos e vestibulares. Em 2011, um dos meus quadrinhos foi tema de redação do ENEM". Durante os protestos, a publicação do cartunista foi reproduzida em cartazes pela escola.-Imagem (1.2482622)-Imagem (1.2482639)-Imagem (1.2482624)-Imagem (1.2482142)