Atualizado às 19h15Um aplicativo criado por estudantes de Goiás pode ser uma opção para diminuir os obstáculos encontrados por pessoas com dificuldades de acesso à educação de qualidade. A ferramenta, chamada Re Formula, foi desenvolvida para que alunos possam, em um ambiente virtual, ter contato com professores de diversas áreas do conhecimento e, assim, diminuir as dificuldades com as disciplinas. A criação foi apresentada em uma universidade de Cuiabá (MT) e lá chamou a atenção de um representante da Organização das Nações Unidas (ONU), que a indicou para uma competição nos Estados Unidos. Lá, o grupo conquistou a 2ª colocação entre projetos de mais de 90 países.Com o resultado, veio também um prêmio de 2 mil dólares, segundo os integrantes do projeto. O valor deve ser utilizado para que uma prévia da plataforma seja colocada em funcionamento e seja apresentada futuramente na sede da ONU, em Nova York (EUA), onde os responsáveis por ela receberão mentoria e estarão em contato com potenciais investidores. Contudo, para que isso se concretize em fevereiro do ano que vem, ainda será necessário apoio financeiro.Para tanto, os envolvidos criaram uma “vaquinha” on-line e estão produzindo chocolates para vender, a fim de alcançar o mais rápido possível a meta estipulada, de ao menos R$ 15 mil reais. O valor é o mínimo estimado por eles para que a participação seja possível para Graziele Gabriel Gonçalves, de 26 anos, e Júnior da Silva, de 26, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG); e Shalon Santos, 25, que cursa Publicidade e Propaganda na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Os três são os responsáveis pelo projeto.“A maioria dos concursos para jovens líderes é realizado por pessoas com boas condições financeiras. Por isso, o programa não oferece subsídio. Nós somos de famílias de baixa renda e não temos condições”, explica Graziele, que é integrante da Comunidade Quilombola Urbana do Jardim Cascata, em Aparecida de Goiânia. “Estamos fazendo de tudo, porque acreditamos que temos essa missão no mundo, de ajudar as pessoas, e não queremos perder isso”, acrescenta, com entusiasmo.A missão a que a jovem se refere é a de minimizar as falhas existentes no processo educacional das pessoas de comunidades periféricas, criando uma ponte entre aqueles que demandam por conhecimento e quem pode compartilhá-lo. “Através dessa plataforma, também queremos promover a valorização dos professores e dos tipos de inteligência existentes, às vezes não explorados corretamente pelo sistema educacional”, diz a estudante.EmpreendedorismoO desenvolvimento da plataforma Re Formula teve início em uma disciplina de Empreendedorismo da UFG, quando parte dos integrantes do grupo se conheceram. Graziele e Júnior já participavam de outros tipos de competição e, durante seus estudos sobre o tema, acabaram conhecendo Shalon, que há cinco anos está à frente da Organização Brasileira de Estudantes (OBE), de que passaram a participar os outros dois estudantes. “Por meio dela, realizamos trabalhos voluntários em regiões de periferia, partindo desde a doação de brinquedos para crianças até o encaminhamento de jovens para o mercado de trabalho”, explica Graziele.À época, segundo ela explica, Shalon já havia feito entrevistas, identificado lacunas que precisavam ser preenchidas na educação, e, com isso, possuía a ideia embrionária do aplicativo, apresentada em uma conferência em uma universidade de Cuiabá (MT). Depois, com a união dos participantes, foi possível avançar e chegar mais perto do que o projeto é hoje. “Foi uma união de propósitos. Unimos a ideia à nossa ideologia, que é a de valorizar os conhecimentos e compartilhar os saberes”, resume a estudante.SustentabilidadeAs atividades das quais o grupo participou e pode voltar a participar fazem parte da 25ª Assembleia da Juventude da ONU, em que se propõe o desenvolvimento de uma comunidade de jovens líderes. O tema desta edição faz referência ao impacto global e está ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.Em 2015, um acordo global foi assinado entre os países membros da ONU para o cumprimento de 17 metas relacionadas aos ODS, que devem ser implementadas até 2030 em questões ligadas ao desenvolvimento social e econômico. Entre elas, estão os desafios para a educação de qualidade, como previsto na meta número 4: “assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.