A desobrigação do uso de máscaras em Goiânia mesmo em lugares fechados, que foi determinada em decreto municipal publicado na sexta-feira (1), ainda não está totalmente realizada em locais como escolas, comércios e transporte. Muitos moradores seguem com o protetor facial, conforme a recomendação para locais com aglomeração, por exemplo. No entanto, com a decisão da Prefeitura, já não há mais argumento para obrigar a utilização do objeto, o que tem provocado discussões na cidade. No último final de semana, a motorista por aplicativo Divania Moreira de Souza, de 37 anos, foi agredida por uma passageira que se recusava a colocar a máscara.As escolas da capital têm seguido a determinação do decreto, mantendo a recomendação da proteção facial, mas sem a obrigação. Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Município de Goiânia (Sepe) e do Conselho Estadual de Educação (CEE), Flávio Roberto de Castro afirma que o segmento sempre seguiu as determinações dos decretos municipais e estaduais. “Recomendamos às escolas que incentivem o uso, mas não há obrigatoriedade. Nós seguimos com os protocolos sanitários, de afastar quem estiver com sintomas.”Castro afirma que nesta segunda-feira (4), primeiro dia útil com a nova medida, a percepção nas unidades escolares em que esteve é de que a maioria dos alunos permaneciam com as máscaras. No Instituto Presbiteriano de Educação (Colégio IPE), a diretora-geral Mércia Machado, afirma que alguns alunos ficaram felizes por não precisar da proteção, mas que a maioria manteve o uso. “Crianças que chegaram na escola de máscara e quiseram tirar por verem seus colegas sem foram orientadas a seguir a decisão dos pais: se eles querem que o filho ou filha continue usando, é preciso obedecê-los”, disse.A escola informa que segue à risca o decreto, assim como o Colégio Marista e o Externato São José, por exemplo. Nas unidades Sesi, Senai e IEL, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o uso é recomendado a clientes, alunos e visitantes, mas mantém como obrigatório para os colaboradores. Vice-presidente da Fieg, André Rocha conta que a entidade realiza um levantamento para saber como o decreto está sendo observado nas indústrias da capital. “Muita gente ainda está usando, nós recomendamos aos visitantes que usem e pedimos aos colaboradores que continuem a usar.”Presidente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), Gilberto Soares explica que as unidades associadas estão cumprindo o decreto de não mais obrigar o uso das máscaras. Em sua observação, a maior parte das pessoas estão sem a proteção facial. “Tem gente que usa e tem gente que não, mas uns 60% estão sem. Com o tempo isso vai aumentando, acho que chega no máximo a uns 10% usando daqui uns dias.” A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO) também orienta sindicatos e empresários a seguir o decreto, apoiando o fim do uso da proteção, mas que as pessoas têm a autonomia para optar por manter as máscaras.O gerente comercial de uma loja no Setor Central, Jean Carlos Silva das Dores, de 36 anos, afirma que o uso no local é opcional e que a maioria dos clientes aparece sem a proteção. Ele concorda com a decisão da Prefeitura e acredita que as pessoas que continuam com as máscaras é por não saber do decreto. Já no comércio de Siria Vieira Gomes, de 74 anos, o pedido é para que as pessoas usem a proteção. “A gente fica com medo, pede para colocar, mas nem todos respeitam, tem uns que até riem da gente, falam que é coisa da nossa cabeça, que a doença não existe.”Ela acredita que o decreto municipal foi publicado antes da hora, em que o certo era esperar mais tempo. Opinião semelhante é a da professora Eliane Bernardes, de 57 anos, que afirma ter sido uma decisão imatura e de cunho eleitoreiro do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). “Vou continuar usando. Em ambiente fechado é inquestionável isso.” O Paço Municipal alega que a desobrigatoriedade se dá por decisão das autoridades de saúde e com base na situação atual da pandemia em Goiânia. (Manoella Bittencourt é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)Motoristas com problemasO caso envolvendo a motorista Divania Moreira de Souza, de 37 anos, em que ela denunciou à polícia uma agressão de uma passageira que não queria usar máscara durante uma viagem, não é isolado. Os trabalhadores que atuam via aplicativos de viagens afirmam que desde a última sexta-feira (1) é comum uma indefinição sobre o uso ou não da proteção. O motorista Miguel Veloso conta que nesta segunda-feira (4) fez testes em viagens com e sem a máscara. “Tinha passageiro que pedia para colocar e outros perguntando se eu não sabia que poderia tirar. O problema é que os que estão sem querem que ligue o ar-condicionado e acho que não é o momento, é perigoso.” O vice-presidente da Associação do Motoristas por Aplicativo de Goiás (Amago), Rodrigo Vaz, conta que o uso da máscara tem dividido os motoristas, com alguns mantendo e outros não. Ele lembra, no entanto, que as empresas ainda pedem que a proteção seja mantida.Leia também: - Uso de máscaras em Goiânia deixa de ser obrigatório em locais fechados- Igreja Católica se prepara para Semana Santa com público, em Goiás