Na última sexta-feira (8), o Mocó Bar, localizado no Setor Sul, em Goiânia foi embargado pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), sob alegação de perturbação do sossego. O comunicado, segundo os proprietários do bar, chegou após às 17 horas, impedindo uma tentativa de reverter ou protelar de forma imediata. Por esse motivo, o estabelecimento ficou fechado durante o último final de semana. Os proprietários do local afirmam que foram alvos de discriminação e que o volume do som do bar não justificaria as denúncias. O prejuízo estimado do final de semana foi de aproximadamente R$ 50 mil.Um dos proprietários, Dionatan Barroso, de 36 anos, afirma que as perseguições são frequentes e que uma parte da vizinhança não aprova o bar desde que foi aberto, há mais de 1 ano e meio. Ele explica que o local não possui um documento chamado licença de som e que mesmo diante de várias tentativas junto à prefeitura, não conseguiram por burocracia. Agora, depois do embargo, vão ser obrigados a fazer uma reforma estimada em pelo menos R$ 15 mil, e que permitira inclusive música ao vivo, que hoje não existe no local. Para a reabertura, programada para esta terça-feira (12), não poderá contar sequer com som ambiente.“Sofremos perseguições dos vizinhos do Setor Sul desde que abrimos o bar. A gente sempre recebeu as mesmas palavras de que não somos bem-vindos naquele lugar. Esse tipo de empreendimento não é bem-vindo naquele lugar, que esse tipo de cliente não condiz com aquele lugar. Essas coisas eram ditas abertamente à gente ao vivo para não gerar nenhum tipo de provas. Tentaram muitas vezes nos barrar com reclamações de barulho, mas toda vez que a Amma chegava aqui o som estava dentro do limite permitido”, explicou.O proprietário ressalta que quem conhece o local sabe que o som é sempre muito baixo e que os clientes não são de bagunça. Em um vídeo, publicado no Instagram do bar, ele explicou o que houve para os clientes e pediu ajuda para voltar a funcionar. No total, foram mais de 30 mil visualizações e mais de 400 comentários apoiando os empresários. “O problema não é o barulho. O problema é o bar. São as pessoas que frequentam o bar. Os donos do bar, nós gays, lésbicas, a comunidade LGBTQIA+, todas as famílias que aceitam essa comunidade. O bar foi criado para ser um lugar que abriga todo mundo. Nós temos um corpo de funcionários diverso. Isso não acontece só com a gente. Isso já aconteceu com vários outros bares e vai acontecer cada vez mais”. O apoio com o fechamentoDepois do embargo, os donos do bar afirmam que receberam também muito apoio, de moradores da região, de pessoas que frequentam o local e do vereador Marlon do Santos (Cidadania), que auxiliou na documentação para tentar a reabertura. “O presidente da Amma também nos recebeu de forma muito solícita. Sabemos que o problema não é da do poder público, que recebe denúncia e tem obrigação de fiscalizar. Mas sabemos, por exemplo, que bares sertanejos não sofrem com esse tipo de avalanche de denúncias”, questiona Dionatan.Distância das residênciasO bar possui dois vizinhos diretos e segundo os donos do local há acústica feita de forma apropriada. “Para registrar a denúncia por perturbação de sossego, a pessoa precisa morar perto. Não entendemos como moradores que estão distantes afirmam que não conseguem dormir pelo barulho do local. Temos muito apoio no bairro, mas existe uma parcela que eu chamei, grosseiramente, de ricos escrotos que querem manter esse padrão de vida como se morassem em um condomínio morando no centro da cidade e que querem acabar (e falam abertamente) com todos os bares e boates do Setor Sul porque isso não condiz com o que eles chamam de residencial. Pela lei municipal, aqui é um bairro misto”, finaliza.Resposta da Amma A reportagem entrou em contato com a Amma, que afirmou que o embargo se deu pela "reincidência de denúncias de poluição sonora e por não realizarem a devida adequação acústica necessária, de manter 50 decibeis permitidos durante a noite".Ainda que antes do fechamento, o estabelecimento já havia recebido diversas vistorias da agência, "bem como notificações e autos de infração, inclusive por falta de licença ambiental". "Na segunda-feira (12), a Amma recebeu representantes dos moradores da região, bem como do Mocó, para esclarecimento de dúvidas de ambas as partes, e para que a situação fosse regulada", informou a autarquia por meio de nota.Leia também: Operação integrada autua bares e fecha boate em GoiâniaPandemia do barulho: AMMA registra aumento de 98% nas reclamações por poluição sonora em residências View this post on Instagram Uma publicação compartilhada por Mocó (@mo.co.bar)