O anel interno da Praça Cívica deve ter a circulação de veículos iniciada até a próxima quinta-feira (15). A nova estimativa foi anunciada após a Prefeitura não cumprir a promessa de liberação do trecho a partir desta segunda-feira (12). A gestão municipal diz que as intervenções necessárias para a liberação da circulação foram concluídas. No entanto, o período deverá ser utilizado para dar treinamento aos motoristas do transporte coletivo - únicos que poderão transitar pelo anel interno. Enquanto isso, quem vive ou precisa passar pela região segue sofrendo com os atrasos.Apesar das sinalizações e da maior parte da concretagem estarem finalizadas, vários pontos seguem com intervenções incompletas, conforme observou a reportagem no local. Oficialmente os itens necessários para a conclusão são as quatro estações que farão parte do BRT Norte-Sul. Em uma visita à obra é possível constatar que as calçadas estão incompletas e que uma grande parte da via de frente para o Palácio Pedro Ludovico Teixeira continua cercada.Ainda assim, a liberação da circulação dos ônibus é vista como possível pelo Paço. O titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Everton Schmaltz, destaca que as obras necessárias já estão sendo executadas e que não vão interferir de forma direta no tráfego do local. “Após esta fase, teremos a conclusão das quatro estações da Avenida Goiás. E, com isso, a gente completa todos os serviços de obras rodoviárias do Trecho 2 do BRT”, ressalta sobre o trecho que liga o Terminal Isidória ao Recanto do Bosque.Leia também:- Centro de Goiânia sofre com transtornos e atraso da obra do BRT- Trecho 1 do corredor do BRT em Goiânia segue sem nenhuma previsão de conclusão- Idade média de ônibus do Eixão é de 9,5 anosO secretário municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Mello, diz que o trânsito de ônibus no local busca reduzir os riscos a segurança dos pedestres, considerando que as obras do BRT ainda estão em andamento. Nesse sentido, destaca que o local já conta com sinalização, por meio de faixas horizontais e verticais. “É um processo contínuo. Os agentes de trânsito vão acompanhar a liberação do tráfego local para garantir a segurança das pessoas, mesmo com as obras do BRT em andamento”, pontua.PrazosNo lançamento das obras, há mais de um ano, a previsão de conclusão do trecho era de 75 dias. Entre paralisações justificadas pelo período chuvoso e outros atrasos, o anel interno da Praça Cívica passou a ser utilizado como estacionamento. Quando for reaberto, será exclusivo dos ônibus do transporte coletivo. Outros veículos não poderão trafegar e nem estacionar no espaço.Everton Schmaltz, da Seinfra, estima que a previsão para conclusão deste trabalho seja para dezembro próximo. Ele pontua que havia perspectiva de adiantamento para novembro, mas que, por se tratar de obras em locais de alto nível de interferência, todas essas demandas foram e estão sendo resolvidas, para que o curso das obras tenha continuidade.Atualmente, a projeção oficial é de que as intervenções do trecho sejam finalizadas entre janeiro e maio de 2023. “A parte física, de atribuição da Secretaria de Infraestrutura, já está em franca conclusão. E, de acordo com o que temos em nosso planejamento, isso se dará até dezembro deste ano”, afirma Schmaltz.“A partir do mês de dezembro, com todas as obras físicas concluídas, ficará somente a finalização das coberturas das estações, já que elas só poderão ser realizadas quando realmente o sistema for efetivado, bem como toda a parte de instalação de tecnologia, como mobiliário, e uma série de elementos, como Wi-Fi”, diz o secretário.CursoA Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo (CMTC) anunciou que vai promover treinamento de motoristas que operam os veículos do transporte coletivo que passam pelo local. O presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, explicou que, depois de concluídas a infraestrutura e a sinalização, os motoristas precisam estar seguros quanto à operação.“É preciso ter cautela com toda esta mudança. Aqui nós temos uma movimentação de mais de oito linhas, que circulam dentro da praça, então a gente precisa estar preparado. Já realizamos o planejamento para que, no máximo, quinta-feira desta semana, os ônibus comecem a circular no anel interno da praça.”, pontuou.Trecho 1Enquanto a previsão de conclusão do Trecho 2 está para entre o fim deste ano e o início do próximo, não há qualquer estimativa para o Trecho 1, que corresponde ao trajeto entre os terminais Isidória e Cruzeiro, passando pelas avenidas 4ª Radial e Rio Verde. Conforme mostrado pelo POPULAR no último mês, o trecho está com as obras paradas desde dezembro do ano passado após distrato solicitado pelo consórcio que havia ganhado a licitação.Na última atualização, o Paço informou que em março foi realizada uma audiência com o Ministério Público Federal (MPF) e a Caixa Econômica Federal (CEF), órgão financiador da obra, em que foram traçadas metas a respeito da finalização do Trecho 1. Entre os obstáculos está a adaptação do projeto e a realização de um novo processo de licitação.Atraso provoca transtornos na regiãoO gerente Isac Nolasco Serrano Júnior, que atua na gestão de um posto de combustível em frente a obra, diz que a falta de prazos claros tem tirado o sono dos moradores e comerciantes da região. “Estabelecem um período que nunca é cumprido. Em uma das obras de frente ao posto, haviam dito que levaria 25 dias e entregaram com 40 dias, mesmo com muitas reclamações”, conta sobre a etapa que inviabilizou o funcionamento do local quase por completo. “O movimento é sempre confuso. A partir das 5 horas e no almoço e a partir de 16 horas é intenso, sempre acaba em alguma confusão”, conta Isac. “A gente segue sofrendo com as perdas por conta das obras. Temos ficado no prejuízo”, lamenta o gerente, que acrescenta não ter perspectiva de conclusão. “Estou aqui todo dia e não vejo quase ninguém trabalhando. Sempre que vejo é uma movimentação para lá e pra cá. A última vez que conversei com o encarregado ele falou em terminar no fim de dezembro”, diz. A vendedora ambulante Maria Janir conta que assim que a obra começou, havia recebido a informação de que levaria no máximo três meses. “Esses três meses viraram história. Todo dia é essa poeira”, reclama. Maria também conta que há dificuldades para saber em qual local pode pegar ônibus. “Hoje cedo, por exemplo, os ônibus não estavam passando por aqui, porque a rua estava fechada”, diz.A movimentação de trabalhadores no local também é vista com desconfiança pela vendedora. “Furam um lugar, voltam para outro, param. Vejo mais gente sentada do que trabalhando. Não é possível que se estivessem trabalhando de verdade levariam tanto tempo. E quando chegar a chuva? Esquece”, critica Maria, que define como absurda a previsão de mais três meses para a conclusão dos trabalhos.