A decisão de engavetar a discussão sobre a exploração turística do lago da barragem do João Leite partiu do governador Ronaldo Caiado (UB) após ser informado sobre a repercussão negativa que a proposta teve durante audiência pública realizada na segunda-feira (18) para debater o plano de uso e manejo dos parques estaduais do João Leite (PEJol) e Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP), ambos localizados no entorno do reservatório, entre Goiânia e Teresópolis de Goiás.O deputado estadual Virmondes Cruvinel (UB) disse que esteve com o governador na noite de quinta-feira (21), antes da desistência oficial feita pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) no final da manhã desta sexta (22), e ouviu dele que o uso dos recursos hídricos do reservatório seria exclusivamente para o abastecimento da região metropolitana de Goiânia.“Ele disse que também teve acesso a estas informações da consulta pública, vendo este mesmo norte definiu isso e avisaria junto à Secretaria do Meio Ambiente que a prioridade seria exclusivamente para o abastecimento e não para o espaço para lazer. O próprio governador avisou que seria esta a linha adotada junto à Semad”, afirmou Virmondes.A informação foi confirmada dentro do governo estadual. A preocupação era com o impacto negativo que esta discussão traria para o governador não sendo um assunto prioritário para o executivo.Leia também:- Governo estadual desiste de liberar barragem do João Leite para exploração turística- Lazer no João Leite vai afetar toda a bacia do Meia Ponte, alerta comitê- MP diz que estado não cumpriu medidas para proteger João Leite- Liberação de lazer no reservatório do João Leite recebe duras críticasSEMADPor volta de 12h30 desta sexta, a Semad emitiu uma nota afirmando que a decisão foi tomada “após a análise das contribuições e ampla discussão” durante a consulta pública, “em convergência com a manifestação e consenso da maioria, ouvidos técnicos e especialistas”. “Decidiu-se pelo uso hídrico do Reservatório do João Leite exclusivamente para abastecimento da Região Metropolitana da Capital, como já ocorre.”A decisão foi anunciada uma semana antes do final do prazo para a consulta pública aberta pelo governo estadual para discussão das propostas de plano de uso e manejo dos parques do João Leite e Altamiro de Moura Pacheco. O espaço para sugestões e opiniões estava aberto desde o dia 25 de março e ia até 28 de abril, porém foi após a repercussão pela imprensa da audiência realizada no dia 18 que a proposta do uso recreativo do lago ganhou mais destaque.O reservatório está dentro dos dois parques e a proposta em discussão previa o uso do lago para prática de caiaque, natação, stand up paddle, entre outras opções esportivas e de lazer. A preocupação dos especialistas estava principalmente com o aumento dos custos para o tratamento da água e da poluição na região, além da falta de estudos prévios indicando o impacto. Havia também o medo de que a medida, caso aprovada, fizesse crescer a pressão imobiliária no local, prejudicando o meio ambiente.