Uma candidata cotista que havia sido aprovada em concurso da Universidade Federal de Goiás (UFG), mas que teve a posse suspensa após outro candidato ingressar com uma ação junto à Justiça Federal, foi finalmente nomeada professora na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFG. Conforme o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), diante dos protestos e mobilizações de estudantes e entidades, o outro candidato acabou desistindo da vaga.A nomeação da doutora em Comunicação Audiovisual pela Universitat Autònoma de Barcelona, da Espanha, Gabriela Marques Gonçalves, foi publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (31).A posse de Gabriela havia sido suspensa no ano passado após o juiz Urbano Lela Berquó Neto, da 8ª Vara Federal Cível da Subseção Judiciária de Goiânia - GO, acatar pedido para suspender a reserva de cotas para o edital do concurso, e por consequência, a nomeação da candidata na condição de cotista.Conforme noticiado pelo POPULAR na época, Gabriela havia ficado em terceiro lugar entre os cinco candidatos aprovados para o processo. A vaga, porém, como determinava o edital, era reservada a candidatos negros. Como ela era a única negra entre os cinco primeiros, foi declarada vencedora e nomeada pela UFG.Entretanto, o candidato Rodrigo Gabrioti, que havia atingido a maior pontuação, ingressou com uma ação na Justiça Federal para suspender o ato de determinação da cota para a vaga, o que obrigou a UFG a publicar a nomeação dele no lugar de Gabriela.ProtestosEm novembro do ano passado, após a nomeação de Gabrioti, um grupo de alunos da UFG chegou a se reunir para cobrar um posicionamento da universidade. O grupo se concentrou, na ocasião, em frente ao Teatro Belkiss Specière, da Escola de Música e Artes Cênicas, no Câmpus Samambaia. Eles fizeram cartazes em defesa das cotas com dizeres como: “Justiça não é cega, ela é racista”, e “Não aceitamos professor racista”. Os cartazes foram afixados na FIC e também na Reitoria da UFG para chamar atenção para a questão.A Adufg declarou ter sido, também, uma das entidades que saíram em defesa de Gabriela Marques. “Na época, a entidade emitiu posicionamento para defender o cumprimento da Lei nº 12.990/2014, que reserva, a pessoas negras, 20% das vagas disponibilizadas em concursos públicos para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indiretamente”, informou.Desistência do candidatoÀ reportagem, a defesa do candidato Rodrigo Gabrioti confirmou que seu cliente desistiu da vaga.O advogado disse também que a decisão foi motivada pela pressão sofrida, e que Gabrioti chegou a ser ameaçado para que abrisse mão da posse da vaga.Leia também:Juiz nomeia outro no lugar de cotista e causa protesto na UFGProtesto questiona reversão de cota em seleção para professor na UFG