Um mês após sua trágica morte em Londres, o corpo do jovem Guilherme Messias da Silva, de 23 anos, chegará ao Brasil neste domingo (4) para ser sepultado em sua cidade natal, Petrolina de Goiás. O envio do corpo só foi possível após seus amigos, que também vivem na Inglaterra, fazerem uma vaquinha virtual e conseguirem arrecadar pouco mais de 16 mil libras. Com isso, os amigos e conhecidos conseguiram custear o translado e enviar o que sobrou do valor levantado para a mãe do rapaz. Guilherme morreu no final de outubro deste ano, após ser atropelado durante uma briga entre gangues em Brixton, distrito inglês. Ele estava trabalhando quando acabou ficando no meio da briga. Comovidos com a tragédia, amigos de Guilherme fizeram uma vaquinha virtual e levantaram o que seria pouco mais de 100 mil reais (em moeda convertida). A previsão é de que o corpo chegue a Brasília por volta das 16h30. A Prefeitura de Petrolina vai se encarregar de buscá-lo para que o sepultamento ocorra na cidade. O velório está marcado para às 20h. Relembre o caso Na noite de 30 de outubro, Guilherme Messias, que trabalhava de motocicleta como entregador, fazia a última entrega do dia na Railton Road, rua de Brixton, quando um membro de gangue, perseguido por um rival, acabou atropelando o rapaz. Logo após atingir o goiano, o gangster pulou do carro e saiu correndo. No entanto, o rival que o perseguia disparou contra ele e o matou, fugindo de carro logo depois. O caso provocou grande comoção tanto na comunidade brasileira em Londres quanto em Goiás. Sonhos frustrados Guilherme costumava trabalhar cerca de 15 horas por dia como entregador e tinha o sonho de regressar ao Brasil. Petrolinense, o rapaz é descrito por um amigo de infância, que também vive na Inglaterra, como “um menino cheio de sonhos” e que nunca ficava triste, mesmo quando “tudo dava errado”. Ao POPULAR, Silvio Filho, de 25 anos, contou que chegou à capital inglesa dois anos atrás. Guilherme chegou um mês depois dele. Os dois, que são de Petrolina e cresceram juntos, começaram ali a missão de trabalhar e se adaptar em um país estranho. Silvio relata ter acompanhado toda a trajetória do amigo em Londres, trajetória essa que foi marcada por vários infortúnios. Segundo ele, Guilherme foi barrado pela polícia imigratória logo quando chegou na Inglaterra e só não foi deportado por conta da pandemia. Tempos depois, já em 2022, Guilherme foi assaltado por uma gangue que, além de agredi-lo, destruiu a motocicleta que ele usava para trabalhar. “Começaram a bater nele e ele correu. Correram atrás dele com uma faca, e no final ainda atearam fogo na moto para não deixar nenhuma evidência. Eu que ajudei ele a fazer o boletim de ocorrência”, recorda Silvio, que acrescentou: "Aqui não tem segurança como os outros pensam." Leia também:- Goiano morre após ser atropelado durante briga entre gangues, em Londres- Goiano morto em Londres trabalhava 15 horas por dia e queria voltar ao BrasilGuilherme, que era conhecido pelos amigos pelo seu otimismo e perseverança, chegou a comprar outra motocicleta, parcelada em várias vezes, para continuar trabalhando como entregador. Porém, nos últimos meses, ele manifestava o desejo de voltar ao Brasil, com planos de fazer isso já em dezembro deste ano. Segundo Silvio, o rapaz pretendia voltar para ficar com a família e, algum tempo depois, se mudar para a Bélgica. “Ele queria arrumar os dentes e colocar lentes, que era o sonho dele”. No entanto, a tragédia interrompeu precocemente a trajetória do rapaz.