O modelo de repartição do subsídio para o sistema metropolitano de transporte coletivo de Goiânia ainda não é um consenso dentro da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) e vai ser questionado pelo representante de Aparecida de Goiânia na próxima reunião do colegiado. Nesta terça-feira (29), os membros receberam os números preliminares calculados pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), que apontam um custo de R$ 22 milhões mensais para os entes metropolitanos, para uma tarifa de remuneração ao sistema de R$ 7,26 por passageiro, sendo R$ 4,30 pagos pelos usuários.A diferença em relação aos R$ 4,30 será custeada pelo poder público, na divisão por participação dentro do sistema. Assim, o Estado e Goiânia ficaram com 41,2% cada, Aparecida de Goiânia com 9,4% e Senador Canedo com 8,2%. Procurador-geral do município de Aparecida de Goiânia, Fábio Camargo, representante da cidade na CDTC, questiona esse modelo. “Pedimos as divisões das linhas para a CMTC (Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos) para ver o tamanho de cada cidade no sistema”, afirma.Outro ponto é saber como foram tratadas as gratuidades do sistema neste cálculo, se referindo às viagens de idosos, pessoas com deficiência e outros. Isso porque este benefício é dado em lei estadual e, assim, deveria ser arcado pelo Estado. “Se é dele, como vai dividir com todos? Deveria ser retirado do cálculo.”O procurador afirma que pediu os índices utilizados pela AGR e o método de cálculo. “Não estamos contrários ao subsídio, mas vamos discutir em cima dos valores. Confirmar se são esses os números e quais são os benefícios que trarão aos usuários”, afirma. Ele lembra que foram apresentados números preliminares, mas que foi informado serem valores que dificilmente vão ser modificados ou terão pouca variação.Os números só não são tratados como oficiais porque faltam ser apreciados pelo Conselho Regulador da AGR. “Na reunião de fevereiro falaram que o subsídio era para trocar a frota de ônibus e colocar os serviços de bilhetagens novos que estão começando, queremos ver se é isso mesmo, o que vai ser feito”, diz Camargo. Neste sábado (2), vai ser iniciado o primeiro dos sete novos modelos de tarifação, que é o Bilhete Único, em que o usuário vai poder utilizar até quatro ônibus diferentes em um período de 2h30 pagando apenas uma tarifa de R$ 4,30.Em fevereiro, a CDTC informou que o novo sistema metropolitano permite as diferenciações de tarifa a partir dos investimentos feitos pelo poder público, até mesmo com a manutenção do preço da passagem básica em R$ 4,30, que ocorre desde 2019. Para tal, se faz cálculo com a fórmula do contrato de concessão e se verifica quanto seria o valor a ser cobrado.Valor está como o estimadoO valor do subsídio a ser pago pelo poder público ficou dentro do que foi estimado pelo Estado de Goiás em 2021, de acordo com o secretário-geral de Governadoria e presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima. “Fizemos orçamento para até R$ 80 milhões por ano e ficou em R$ 72,9 milhões para este ano, até abaixo”, diz. Mas ressalta que o valor por tarifa paga, em R$ 7,26, está acima do estimado em outubro, quando se chegou a R$ 7,02, em razão da inflação no período entre os cálculos. Já Fábio Camargo, representante de Aparecida na CDTC, relata que o valor mensal para a cidade é o dobro do que era esperado pelo município. A previsão é que a cidade contribua com R$ 2 milhões mensais para o sistema metropolitano. “Se depois de ver tudo certo e chegar nesse valor mesmo, vamos pagar, não é impossível, mas vai ter de tirar de algum outro investimento.” Já a Prefeitura de Goiânia informou, em nota, que os valores do subsídio ainda estão em análise pela equipe técnica.Já sobre os questionamentos de Aparecida de Goiânia a respeito do modo de divisão do subsídio e as gratuidades do sistema, Rocha Lima ressalta que o benefício, embora seja por lei estadual, vale para os cidadãos de todos municípios, incluindo Aparecida.