O advogado Emerson Thadeu Vita Ferreira, conhecido por defender criminosos poderosos em Goiás, e o assessor de juiz na Comarca de Goiânia, Carlos Eduardo Moraes Nunes, foram presos na última quarta-feira (3). A detenção ocorreu no âmbito da Operação Antídoto, que apura esquemas ligados à venda de sentenças, sumiço de autos processuais e falsificação de assinaturas de servidores do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), entre outras práticas, com o objetivo de beneficiar réus integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), de acordo com a Polícia Civil (PC). A ação foi desencadeada por meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Nesta quinta-feira (4), ambos passaram por audiência de custódia na 6ª Vara do Fórum Criminal de Goiânia.Além da prisão dos dois homens, a operação cumpriu 10 medidas cautelares, entre mandados de busca e apreensão, realizadas inclusive dentro do Fórum Criminal da Comarca de Goiânia. De acordo com comunicado emitido pela Polícia Civil na noite desta quinta-feira, Emerson Vita teria ligações diretas com membros da facção carioca Comando Vermelho que ultrapassariam os limites da atividade profissional.As investigações apontam, segundo a Polícia Civil, que Carlos Eduardo desenvolvia a função de negociar as decisões em troca de quantias em dinheiro. Ele teria, inclusive, uma vida abastada. As apurações indicam que o assessor seria ligado diretamente ao advogado. As investigações, informa a PC, continuam para identificar a possível participação de outras pessoas no esquema.A Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados Seção Goiás (OAB-GO) afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que foi comunicada da prisão e acompanhou o ato, mas foi dispensada por Vita de acompanhar a oitiva. A notificação relativa a advogados é prevista em lei. A OAB afirma que o objetivo da Comissão é acompanhar o respeito às prerrogativas garantidas aos profissionais no exercício da atividade.A reportagem não pode acompanhar a audiência de custódia, mas verificou que Emerson Vita deixou a sessão escoltado pela Polícia Civil, por volta das 14 horas. Outro homem passou pela audiência de custódia a que o advogado foi submetido. Ele seria um assistente de um juiz, mas a informação não foi confirmada porque o processo corre em segredo de Justiça, segundo informou a juíza que conduziu a audiência, Placidina Pires.O assessor do juiz deixou o local por volta das 16 horas. O POPULAR apurou que Carlos Eduardo Nunes saiu por uma guarita especial, dentro de uma caminhonete da Polícia Civil. Outro veículo dava suporte à viagem.A reportagem ligou para o escritório de Emerson Vita, entretanto não conseguiu contato com o advogado dele. A defesa de Carlos Eduardo não foi localizada e familiares que do assessor que aguardavam do lado de fora da audiência de custódia preferiram não se pronunciar.A Polícia Civil informou que o assessor do juiz foi exonerado no início desta semana. Na noite desta quinta-feira, ambos permaneciam presos. Mais detalhes sobre o caso serão repassados em entrevista coletiva marcada para esta sexta-feira (5) às 10 horas na sede da Draco, no Setor Aeroporto, em Goiânia.CarreiraEmerson Vita já foi alvo de duas tentativas de assassinato. Os casos teriam como mentores integrantes da Ala C da Penitenciária Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia, que seria liderada pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC), rival do Comando Vermelho.Vita teve como cliente Marcelo Gomes de Oliveira, o “Zói Verde”, que já foi considerado o maior traficante de Goiás. Ele morreu em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia em Abril de 2017. Zói Verde chegou a ser condenado a mais de 42 anos pelo crime de tráfico internacional de drogas.Outro cliente de Emerson Vita é o traficante Stephan de Souza Vieira, conhecido como BH e tido pela polícia como líder do Comando Vermelho em Goiás. (Colaboraram Galtiery Rodrigues e Mariana Carneiro, estagiária do GJC em convênio com a UFG)-Imagem (Image_1.1769027)