A suspensão do envio de equipamentos, por parte da China, para o enfrentamento do novo coronavírus no Brasil é apontada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) como o motivo para prorrogar as medidas de isolamento social. Em live na tarde desta quinta-feira (2), o democrata confirmou que publicará nesta sexta-feira (3) um novo decreto e sinalizou que deve prorrogar a interrupção de atividades que não sejam essenciais à vida, mas sem dar muitos detalhes da medida.“Uma notícia que nos preocupou foi que a negociação com a China sobre equipamentos e respiradores caiu por terra, porque houve uma pressão a mais e o fornecimento foi repassado todo para os Estados Unidos, que deslocou para lá 23 aviões cargueiros. E então não podemos contar com essa capacidade de ampliar os leitos para ter condições de receber um número muito grande de infectados”, justificou.O democrata explicou que, embora o Estado conte com capacidade hospitalar, inclusive com a instalação de hospitais de campanha, o sistema de Saúde não dará conta de atender uma demanda alta com os equipamentos que possui hoje. “Quando a gente mantém a quarentena como fizemos aqui é para não aumentar o número de casos graves. Se eu amanhã libero e não tenho estrutura para receber uma quantidade grande de infectados, teremos um problema”, apontou.O governo já anunciou a abertura de sete unidades dedicadas para atender pacientes no interior do Estado, além do Hospital de Campanha (HCamp) que já está em funcionamento em Goiânia. Os novos centros de atendimento serão instalados nas cidades de Águas Lindas, Formosa, Luziânia, Anápolis, Jataí, Itumbiara e Porangatu. “Nós temos a estrutura, mas não temos aparelhos”, afirmou, justificando a necessidade para “ir devagar até a gente ter a estrutura hospitalar para atender casos graves”.O governador destacou que a unidade de Águas lindas será construída de forma rápida, até o final de abril. “Sem essas estruturas montadas é muito difícil nós termos um fluxo maior de pacientes graves”, ponderou. No entanto, ele diz que a perspectiva é que o Estado receba aparelhagem.TestesCaiado também falou que há uma lentidão na divulgação dos resultados dos exames e, com isso, a quantidade de pessoas na fila aguardando o resultado é muito maior do que os casos confirmados ou descartados. “Nós temos um acumulado de pessoas que já colheram o material e os que estão sendo liberado, infelizmente o lado que aguarda é maior do que os resultados que saem”, detalhou.Ele voltou a falar dos testes rápidos e alertou para o índice de falha do que há disponível no mercado brasileiro hoje. “O número de falsos negativos é muito alto, acima de 30%. Então estaremos jogando dinheiro fora e não estaremos protegendo em nada a nossa população”, disse.LiçãoO governador afirmou que a crise do novo coronavírus serve como aprendizado que envolve o setor industrial do Estado, pois a maior parte dos equipamentos e insumos da área de saúde são adquiridos da China, que restringiu a venda, e da Índia, que está em lockdown (bloqueio ). “É uma lição que nós temos que aprender, a não ficar dependente 100% do que vai importar.”Caiado fez um apelo às indústrias goianas para que se prontifiquem a ajudar na produção de equipamentos hospitalares necessários ao combate do coronavírus. “Essas empresas têm técnicos com pessoas altamente qualificadas, que produzem altas tecnologias. Não seria a hora de voltar todas essas inteligências para que pudéssemos fabricar também respiradores, equipamentos de isolamento para atender as pessoas na UTI?”Em diversos momentos da live o governador reforçou a necessidade da quarentena: “Estamos aqui segurando o máximo que é possível, isso aqui dá um efeito para os próximos 15 dias. Se nós ainda tivermos o aumento nos próximos 15 dias com a quarentena que estamos fazendo aqui, aí é realmente muito preocupante, porque precisamos manter a curva do nosso crescimento”.Segundo o democrata, todo o esforço tem sido no sentido de evitar um colapso do sistema de saúde. “Nós não queremos nunca passar pelo colapso da rede hospitalar, isso aí é o pior dos mundos, se você não tem a estrutura hospitalar para atender as pessoas.” Obras aceleradas em Águas LindasÁguas Lindas de Goiás, no Entorno do DF, receberá o primeiro hospital de campanha para o enfrentamento do novo coronavírus erguido pelo governo federal. A confirmação foi dada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista coletiva. Segundo ele, a construção teve início nesta quinta-feira mesmo e o projeto, com estruturas feitas em módulos, deve servir de base para ser replicado em futuras unidades ao redor do País. Mandetta, que já havia anunciado a unidade na entrevista do dia anterior, voltou a falar que atendeu ao pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. A ampliação da rede de atendimento na cidade, em caráter emergencial, se dá pela proximidade da cidade goiana com o Distrito Federal, onde há a maior taxa de incidência do vírus no País.“Águas Lindas tem níveis baixos de cobertura hospitalar e está próxima à Brasília, onde a incidência é alta. A planta deste hospital será piloto para que tenhamos a metodologia pronta para auxiliar outros Estados”, afirmou o ministro.A reportagem do POPULAR esteve nesta quinta-feira no terreno disponibilizado pela prefeitura do município para abrigar o hospital. Máquinas pesadas trabalhavam na terraplanagem do local, que é prometido para ser entregue até o fim de abril.