O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) abriu dois procedimentos para apurar possíveis responsabilidades na confusão envolvendo a Guarda Civil Metropolitana (GCM), que acabou com estudantes de 11 a 14 anos atingidos por spray de pimenta em uma escola municipal de Goiânia. Um dos procedimentos é no âmbito criminal e outro para verificar responsabilidades administrativas, no campo da infância e da juventude.Questionada pelo POPULAR sobre mais detalhes em relação ao andamento dos procedimentos, a instituição comunicou que a conclusão ministerial “será divulgada no momento oportuno.” Além do MP-GO, o caso também é investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). O inquérito foi aberto nesta quarta-feira (4) e a delegada encarregada pela investigação, Josy Guimarães, informou à reportagem que já ouviu a diretora e outros funcionários da instituição, além de alguns pais.A confusão ocorreu na manhã da última terça-feira (3), na Escola Municipal Professora Dalka Leles, no Residencial Orlando de Morais. Os agentes da GCM usaram spray de pimenta dentro da escola, atingindo alunos com idade de 11 a 14 anos. Muitos deles passaram mal por conta do efeito do produto e precisaram ser atendidos por equipes médicas.No dia, a GCM afirmou que havia sido chamada para promover uma palestra sobre civismo, pois a escola possuiria um histórico de violência. Entretanto, nesta quinta-feira (5), em resposta ao POPULAR, a assessoria de imprensa da instituição afirmou que eles foram solicitados para “fazer rondas no horário da entrada e saída dos alunos”.Inicialmente, eles também afirmaram que a conduta dos agentes foi coerente e que não existiu nenhum excesso. Porém, em nova nota, eles comunicaram que “caso seja confirmada conduta contrária à da instituição, os agentes serão punidos com o rigor da lei’’. A corporação pontuou ainda que “reitera o compromisso com os princípios do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), Direitos Humanos e preservação da paz social.” Na terça, o comando da corporação instaurou um inquérito interno na corregedoria, que é um órgão independente, para apuração dos fatos ocorridos na escola.Nesta quinta, indo ao contrário do que foi dito pela guarda, o secretário municipal de Educação, Wellington de Bessa, informou que a pasta desconhecia qualquer histórico de violência na escola e que secretaria já investiga o real motivo da presença de agentes da guarda na instituição, uma vez que a diretora da escola negou ter havido convite para palestra da corporação no local.Foi pedido um posicionamento do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sobre o caso, já que envolve dois diferentes órgãos da Prefeitura. No entanto, a assessoria de imprensa do gabinete do prefeito informou que a GCM tem respondido sobre esse assunto.Conselho TutelarO Conselho Tutelar da Região Norte de Goiânia é que está cuidando do caso e apurando possíveis responsabilidades. Valdivino Silveira, conselheiro que toma conta do caso, pediu para a diretora da escola a ficha dos alunos envolvidos e também as atas que demonstram que a escola enfrentava problemas com violência. Entretanto, de acordo com ele, nenhum documento foi recebido ainda.“Outra conselheira entrou em contato com ela (a diretora) e ela informou que ainda não respondeu o conselho, pois está muito abalada com tudo. Entretanto, isso atrapalha o bom andamento da situação. Se ela não comparecer, teremos que intimá-la”, explica Silveira. De acordo com ele, é importante ouvir tanto a diretora quanto os pais e alunos para poder repassar todas as informações, junto com documentos, para o MP-GO. A reportagem não conseguiu contato com a diretora.A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) também encaminhou ofícios solicitando posicionamentos e explicações da GCM, da SME e da diretora da unidade escolar. Pais vão à polícia e se reunirão com advogado nesta sexta-feira (6)Os pais dos alunos envolvidos na confusão com a Guarda Civil Metropolitana (GCM) em uma escola municipal de Goiânia na última terça-feira (3) afirmam que vão até a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), nesta sexta-feira (6), para cobrar mais investigações sobre o caso. Além disso, eles irão promover uma reunião com advogados na noite do mesmo dia para discutir o que podem fazer em relação ocorrido.“Eu estou mal. Nem durmo direito”, diz a atendente de telemarketing Suzana Arraz, de 37 anos. Ela tem uma filha de 13 anos que estuda na unidade de ensino. “Minha filha fala que estava no recreio, em uma fila feita para voltar para a sala de aula. Na hora, o agente da GCM passou pelos alunos e começou a jogar spray de pimenta e agredir os alunos”, relata a mãe que acredita na versão da direção da escola, de que a guarda não foi chamada para promover nenhuma palestra.“Nesta quinta-feira (5), minha filha passou muito mal, querendo desmaiar. Ela foi uma das alunas que foram parar na ambulância. Ficou com os olhos muitos inchados. Ela não está indo para a escola e também não quer. Não está bem. Eu fico indignada com a situação. Quero que esse agente seja punido.”