Casos de contas de Instagram rackeadas e até sequestradas estão aumentando, não só em Goiás. Ainda não existem estatísticas, mas a titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), Sabrina Leles, orienta vítimas sobre como proceder. Ela ainda recomenda um passo a passo como forma de prevenção. Um deles é habilitar a verificação em duas etapas.Essa opção é acionada todas as vezes que alguém tenta acessar uma conta por outro dispositivo (celular), diferente do usual. A delegada ressalta que este é um recurso de segurança e informa outros passos elaborados pelo delegado Alessandro Barreto, coordenador de estudos cibernéticos do Ministério da Justiça. As orientações de Barreto são replicadas em todo País como forma de se prevenir de golpes.A estudante Jordana Camilo de Sousa, de 23 anos, teve a conta hackeada há um mês. Ela diz não entender o que os criminosos queriam, já que ela não tem perfil comercial ou com muitos seguidores. “Simplesmente tentei acessar e não consegui. Achei que pudesse ser algum bug. Horas depois, minhas amigas começaram a questionar porque minhas fotos sumiram e porque havia anúncios de venda de celular e óculos. Foi aí que vi que alguém tinha acessado.”Ela diz que não chegou a procurar a delegacia e que não reativou a conta. “Nem sei se quero ter outro perfil por agora. Quero entender primeiro como funciona para depois fazer direito e não perder minhas postagens. Tinha foto ali que nunca vou recuperar. Eu não tinha salvado em nenhum outro lugar e agora ficou só na memória. Se eu for usar este ou outro aplicativo para guardar imagens importantes, vai ter que ser com mais conhecimento sobre segurança.”A delegada Sabrina Leles disparou vídeos e informações, destacando que a empresa Meta, proprietária do Instagram, Facebook e WhatsApp, entende que o próprio usuário deve recuperar o domínio de sua conta hackeada e oferta opções para recuperação da conta. Em caso de falha na recuperação, ela explica que o usuário deverá ingressar com uma ção judicial, solicitando uma ordem de recuperação e/ou notificar extrajudicialmente à empresa Facebook Serviços OnLine do Brasil Ltda, que fica em São Paulo.“Caso o seu perfil não se enquadre no passo a passo, o passo a passo recomenda que desinstale e reinstale o aplicativo e desligue e religue o celular, para que seja reiniciado o sistema e o reconhecimento de atualização do aplicativo.” Essas contas podem ser roubadas por golpes chamados phishing, que é uma técnica de crime cibernético para obter informações confidenciais, como senhas e dados pessoais.Recentemente, um golpe chamado Vírus do Ray Ban retornou à ativa. Em 2018 houve diversos registros e, em novembro deste ano, diversas pessoas reclamaram nas redes sociais de postagens involuntárias de anúncios de óculos. Em alguns casos, as vítimas perderam o acesso às suas contas temporariamente. Para evitar casos assim, a sugestão da polícia, é usar a verificação em duas etapas.Em alguns casos, pessoas com credibilidade nas redes sociais são alvos para que os criminosos usem suas contas para venda de produtos de maneira falsa, seja para enviar phishing para outras pessoas, que vão se cadastrar ou tentar comprar algo vendido neste perfil e cair no golpe. Em outros casos, os criminosos vendem, recebem os valores dos produtos, mas não entregam. No caso do phishing, o prejuízo pode ser financeiro no caso de dados de contas bancárias ou cartões de crédito roubados.Sequestro com pedido de U$ 100 para resgateO artista plástico Ivaan Hansen passou 45 dias sem a conta profissional que mantém no Instagram. Em 19 de outubro deste ano, tentou acessar o perfil e não conseguiu. A página tinha mais de 30 mil seguidores, além de diversas postagens cronológicas sobre seu trabalho e exposições, nacionais e internacionais.Ele tentou acessar e não conseguiu. “Pedia a senha, eu digitava, mas não dava certo. Eu pedi redefinição de senha e era outro e-mail.” Ele estava na iminência de outra exposição e a rede social é seu principal canal de comunicação com o público. “Já tinha começado a divulgar, de repente acontece isso. Não sabia sobre a verificação em duas etapas e acho importante contar o que aconteceu comigo para que outras pessoas não passem por isso. A rede hoje é mais que social, é profissional também.”A conta do artista plástico foi acessada da Turquia. O criminoso chegou a pedir resgate de 100 dólares para Ivaan. “Não aceitei porque sei que não seria apenas isso. Não acreditava que ele (criminoso) devolveria a conta com os 100 dólares. Acho que ele pediria mais e mais.” O artista plástico procurou a empresa responsável pelo Instagram e, com muita dificuldade, conseguiu reaver a conta 45 dias depois.Agora, ele recomeçou as postagens, mas lamenta ter perdido a cronologia de seu trabalho. “O sequestrador da conta apagou todas as imagens e passou a postar imagens de mulheres jovens em fotos sensuais. Meus amigos me mandavam mensagem pelo WhatsApp perguntando o que estava acontecendo e eu não tinha o que fazer. Logo depois ele (o sequestrador) mudou o nome do perfil. Foi uma situação horrível”, lamenta.“Não facilite para o criminoso”, afirma delegadaA delegada titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), Sabrina Leles, explica que a especializada elaborou conteúdo para ser compartilhado e para ensinar os usuários das redes sociais a como habilitar a autenticação em dois fatores, que é um dos meios de deixar o perfil mais seguro. Um dos meios é ter um outro aplicativo de autenticação. A delegada detalha que o dono do perfil deve acessar as configurações, selecionar a opção “segurança” e, depois, marcar autenticação em dois fatores.Depois disso, clicar em começar e marcar a opção recomendada pelo próprio Instagram de usar um aplicativo de autenticação. O aplicativo oferece um número de segurança para ser digitado. O aplicativo oferece formas de recuperar o acesso à conta, caso seja necessário. “Não facilite para o criminoso. Essa é uma maneira de adicionar uma camada extra de segurança ao perfil”, diz Sabrina Leles.-Imagem (1.2370463)