A Polícia Civil de Goiás (PCGO) concluiu, na última terça-feira (12), o inquérito do caso da morte do policial federal Lucas Valença, de 36 anos, conhecido como Hipster da Federal, morto com um tiro de espingarda no dia 2 de março em uma propriedade rural de Buritinópolis. As investigações concluíram que o autor do disparo agiu em legitima defesa, mas o homem acabou indiciado pelo crime de posse ilegal de arma de fogo.No dia do ocorrido, Valença havia ido para uma chácara da família localizada no povoado de Santa Rita, na região de Buritinópolis. No local, o homem teve um surto psicótico que, segundo familiares, teria sido desencadeado pela briga de cachorros."Ele tinha um cachorro que havia adotado e que brigou com o cachorro da família. O Lucas, segundo familiares, teve uma reação desproporcional", detalhou o delegado Alex Rodrigues, que destacou que o policial federal precisou, inclusive, tomar uma vacina antitetânica após "rolar com o cachorro" no chão.Tiros disparadosAinda segundo Rodrigues, Lucas Valença estava armado durante o surto e chegou a disparar no chão da propriedade da família com uma submetralhadora. A situação aconteceu antes de amigos de Valença, que também são policiais, chegarem de Brasília, tirarem a arma dele e tentarem acalmá-lo.Os amigos tentaram levá-lo para Brasília, mas não tiveram sucesso. "No meio do caminho, ele teve uma crise forte de agressividade e tiveram que retornar com ele para a zona rural de Buritinópolis, e deixaram ele na entrada da propriedade", relatou o delegado.Foi aí que o policial federal, em vez de voltar para a casa da família, rumou para a propriedade onde foi morto.Longa caminhada e invasãoConforme as investigações, Valença caminhou cerca de um quilômetro e meio até chegar na propriedade que invadiu. A suspeita é que, devido ao surto, ele tenha confundido os locais e pensado que estivesse em casa.No local, ele chegou a arrombar a porta e quebrar o relógio de energia, além de ameaçar de morte os moradores da casa: um homem de 29 anos, sua esposa e a filha do casal, de 3 anos.O dono do imóvel, então, disparou com uma espingarda na direção de Valença, o acertando na região do peito. Ele morreu ainda no local.A investigação concluiu que o homem agiu em legítima defesa, o que o isentou da culpa pela morte do policial federal. Ele chegou a ser preso, mas foi liberado após pagar R$ 2 mil de fiança.A PCGO constatou que o rapaz não tinha permissão para portar a arma - uma espingarda de chumbinho que foi alterada para virar uma arma de fogo. Ele foi indiciado por posse ilegal de arma de fogo e responde em liberdade.Histórico de depressão e surtoA polícia verificou que Lucas Valença tinha um histórico de depressão e, dois anos antes do dia da tragédia, já havia passado por outro surto psicótico, mas sem agressividade.Ainda segundo a corporação, a família acredita que a exposição que o policial federal ganhou após ganhar a alcunha de "hipster da Federal" pode ter contribuído para o agravamento de seu estado mental.Um laudo constatou que, no dia em que foi morto, Valença tinha vestígios de THC (princípio da maconha) no organismo. No entanto, não é possível confirmar que a substância tinha origem no uso do ilícito ou de medicamentos que usam o THC.Leia também - De fotos sem camisa a posts com o presidente: quem era o 'hipster da Federal' nas redes- ‘Hipster da Federal’, morto em Buritinópolis, atuou nas buscas por Lázaro Barbosa- Hipster da Federal ganhou fama com a prisão de Eduardo Cunha