Medida que começa a ser adotada em diversas cidades do País, o bloqueio total da movimentação, o chamado lockdown, está descartado em Goiás. “Nunca foi discutido esse assunto de lockdown”, afirmou o governador Ronaldo Caiado (DEM) durante live do jornal O POPULAR na manhã desta terça-feira (5).“Nunca existiu isso na nossa discussão. O que existiu foi que, na semana passada, nós detectamos uma queda significativa no isolamento social. A partir daí eu disse: ‘Nós vamos acompanhar os dados, não é com relação a um dia que nós vamos baixar novo decreto. Mas caso haja uma resistência em realmente não atender aos protocolos, aí sim nós pensaremos num decreto para voltar à situação anterior’”, disse o governador.A situação anterior citada por Caiado refere-se às condições que vigoraram antes do decreto publicado na noite do último dia 19. No documento, o governo liberou atividades, como igrejas e salões de beleza, e deu autonomia aos municípios para decidirem sobre o isolamento social da própria cidade, desde que fossem seguidas as medidas necessárias para evitar o avanço do coronavírus.Estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) aponta uma queda diária, em média no Estado, de 2,5% no índice de isolamento. Uma tendência preocupante, de acordo com os próprios pesquisadores. Goiás tem 160 cidades com o índice abaixo de 50%. Na quinta-feira da semana passada, Iporá chegou a 24% e Goiânia registrou pela segunda vez o índice na casa dos 30%.MonitoramentoAo descartar a possibilidade de endurecer o isolamento social, o governador alertou: “Agora vai entrar o processo de fiscalização. Houve o período educativo para que as pessoas se adequassem. Se não tiver dentro daquilo, amanhã não tem o direito de reclamar a multa ou a cassação do funcionamento da sua empresa”.Segundo Caiado, o diálogo com todos os poderes e com os prefeitos goianos têm sido no sentido de aumentar este monitoramento. Ele ressaltou que algumas prefeituras ampliaram as medidas para garantir o cumprimento dos protocolos de segurança de combate ao novo coronavírus, dando destaque para ações adotadas pelos prefeitos Iris Rezende (Goiânia), Gustavo Mendanha (Aparecida de Goiânia) e Roberto Naves (Anápolis), gestores das três cidades que concentram o maior número de casos confirmados da Covid-19 em Goiás.Em Goiânia, Caiado citou o escalonamento nos horários das atividades econômicas para desafogar o transporte coletivo. A medida, no entanto, ainda não mostrou eficácia em evitar aglomerações nas plataformas de embarque e terminais. Em Aparecida, destacou a ação de Gustavo Mendanha que vai exigir das empresas com mais 15 funcionários que providenciem o próprio transporte para os funcionários.Segundo o governador, o reforço na fiscalização foi definido em uma reunião na tarde de segunda-feira (4) com a presença dos prefeitos e do secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino. O governador não participou da videoconferência porque estava em Brasília, em encontro com o presidente Jair Bolsonaro.O objetivo, disse ele, é que os municípios tenham um número significativo de fiscais para fazer uma análise se os protocolos estão sendo cumpridos. “Aí sim a fiscalização municipal vai decidir se ele (o estabelecimento) poderá ou não manter as portas abertas.”O governador destacou que se todas ações não forem suficientes para garantir o cumprimento das medidas, ele irá atuar juntamente com Ministério Público, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa de Goiás para fazer outro decreto mais restritivo nos pontos que forem identificarmos como os mais problemáticos. Cristianópolis recua em paralisação totalCristianópolis, cidade de 2,9 mil habitantes localizada a 91 km de Goiânia, teve por algumas horas na manhã desta terça-feira um decreto municipal determinando lockdown por 15 dias. O documento, que o prefeito Jairo Gomes Pereira Júnior (PSB) revogou pouco tempo depois de publicado, determinava o fechamento total de todos os órgãos do Poder Executivo e Legislativo municipal e proibia a circulação de pessoas pela cidade, com exceção de quem trabalharia em serviços considerados essenciais. Um novo decreto, entretanto, anulou o lockdown e manteve apenas o fechamento dos órgãos públicos. As pessoas continuavam liberadas para andar pela cidade, desde que com máscaras. O prefeito não atendeu o telefone durante o dia e não deu mais esclarecimentos sobre os dois decretos. De acordo com a TV Anhanguera, a prefeitura informou que Jairo não estaria na cidade nesta terça-feira (5).No primeiro documento, o prefeito cita como motivo para o lockdown o risco por causa de moradores da cidade que trabalham em fazendas de uma cidade vizinha onde foram confirmados casos de Covid-19. Em reportagem da TV Anhanguera é informado que os trabalhadores citados foram testados e o resultado de alguns já saiu. Todos até agora deram negativo. A cidade não tem nenhum caso confirmado da doença.