O governador Ronaldo Caiado (DEM) chamou de “política rasteira” a atitude do presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de Hidrolândia, Paulo Sérgio de Rezende (PSDB), de agendar uma reunião com o governo de São Paulo para tratar da compra da vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Para Caiado, o governo paulista não teria condições de distribuir vacinas para outros Estados e prefeituras, pois as mesmas, caso venham a ser certificadas e produzidas, são do Ministério da Saúde.“É algo além de demagógico, chega a ser oportunista e, diria mais, irresponsável no sentido de querer adquirir o que não tem, adquirir de quem? A vacina é do ministério. Ou será que a AGM vai criar uma legislação federal e transferir para ela a prerrogativa de vacinação do plano nacional de vacinação em Goiás. Isso é de um ridículo que nem deveria ser noticiado, é totalmente descabido, é uma fake news”, afirmou ao POPULAR.Paulo Sérgio pretende se reunir na manhã desta quinta-feira com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, para conseguir um protocolo de intenções para a compra de doses da vacina para municípios goianos.Na segunda-feira, Doria anunciou o início da campanha de vacinação estadual a partir de 25 de janeiro e disse que estava aberto a diálogo com outros governos estaduais e municipais. No dia seguinte, após reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e com outros governadores, Caiado criticou duramente o colega paulista e disse que ele estava sendo oportunista e irresponsável, uma vez que, segundo o goiano, só o Ministério da Saúde poderia distribuir as vacinas.O presidente da AGM teme que o governo federal atrase o cronograma nacional e por isso se antecipou a uma negociação com o Butantan. Já Caiado dá como certa a aquisição de 70 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Pfizer pelo Ministério da Saúde, chegando ao mesmo tempo para todos Estados.Entretanto, nesta quarta-feira, em nota à imprensa, o ministério informou que deve assinar uma carta de intenção de compra ainda nesta semana. “Os termos já estão bem avançados”, afirmou a pasta, sem precisar data para início da vacinação.Ainda na resposta sobre a postura de Paulo Sérgio, o governador disse que algumas pessoas “sem qualificação para discutir” sobre saúde pública acabam levando para algumas pessoas “um quadro de ansiedade”. “Uma pessoa que não tem qualificação para discutir um assunto não poderia nem estar opinando sobre o assunto, senão vai dar espaço para alguém falar algo que vai trazer muito mais inquietação”, comentou.Caiado voltou a criticar o governador de São Paulo e a dizer que o Butantan não pode negociar a Coronavac, primero porque ainda não foi certificada e não teria esta autoridade sobre o imunobiológico. “(O Estado) Não tem poder algum de adquirir nada ou de fazer um plano específico, não existe o Estado A ou Estado B, existe governo federal e Ministério da Saúde.”O goiano voltou a atacar Doria, chamando-o de “irresponsável” e “inconsequente” e disse que se o governador paulista tem um “problema pessoal” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que “eles se resolvam”. Doria e Bolsonaro disputam protagonismo político de olho nas eleições de 2022.Entretanto, mesmo com o presidente dando diversas declarações contra a vacina da Sinovac, desautorizando o ministro Eduardo Pazuello em novembro e cancelando na época a aquisição de lote da Coronavac, Caiado diz acreditar que todas as vacinas devem receber um mesmo tratamento técnico e todas que forem certificadas devem chegar à população. “Todas merecem o mesmo nível de análise e a mesma celeridade que o mundo inteiro cobra o inicio da vacinação”, comentou.O governador goiano afirmou também não acreditar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adote alguma decisão em tom político que prejudique a distribuição das vacinas, mas lembrou que a lei federal 14.107, publicada no dia 4, que permite a autorização emergencial em até 72 horas pela Anvisa de qualquer vacina para Covid-19 que já tenha sido aprovada por uma das quatro agências internacionais reguladoras reconhecidas. “Qualquer vacina que for reconhecidas poderá ser recepcionadas no Brasil.” Estratégia para vacina da PfizerO governador Ronaldo Caiado (DEM) disse ao POPULAR que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Pfizer vai exigir uma estratégia diferente de distribuição e que não seria possível - e nem necessário - entregá-la nos 246 municípios goianos. De acordo com Caiado, as doses serão entregues nos principais municípios de cada região do Estado, atendendo toda a população que se enquadre nos grupos de riscos apontados no Plano Nacional de Vacinação. Pelas contas do Estado, em torno de 1 milhão de goianos. “A maioria destas pessoas está nas maiores de cidades e as outras cidades estão nas proximidades (das grandes)”, argumentou.Os grupos considerados prioritários são os idosos, começando com quem tem mais de 70 anos e depois os com mais de 60, os profissionais de saúde e de segurança pública e outros que tenham contato com grande número de pessoas, como professores. “É lógico que terá como vacinar já que é um universo bem menor de pessoas.”Por precisar ser mantido em uma temperatura muito baixa, até semana passada, o imunobiológico era dado praticamente como inviável pelo governo federal, que mudou de postura após o anúncio da vacinação em São Paulo com a Coronavac. Como a vacina da Pfizer é a única já reconhecida por uma agência reguladora internacional, sua aprovação de forma emergencial no Brasil seria mais rápida.O governador destacou que esta medida seria em caráter excepcional para atender rapidamente os grupos de risco e que com a aprovação de outras vacinas todas as cidades seriam abastecidas.“Normalidade a partir de março”O governador Ronaldo Caiado diz acreditar que a partir de março os brasileiros já viverão uma situação “muito mais voltada para a normalidade” do que neste ano com a chegada de mais de uma vacina contra a Covid-19. Em entrevista ao POPULAR, ele comentou que há 16 tipos próximos de serem autorizados por uma agência reguladora reconhecida, somando-se à vacina da Pfizer, e que nos próximos 60 dias algumas delas também já devem estar certificadas no Brasil. “Os laboratórios estão intensificando e tentando fazer com que se obtenham estas certificações.”Com isso e com a expectativa de se começar a vacinar os grupos de risco no começo do ano, ele sinaliza que após o primeiro trimestre de 2021 é possível pensar em voltar às aulas presencialmente. Entretanto, ao responder sobre o tema, ele evitou falar diretamente de retorno das atividades nas escolas. “Não quero dizer data por ser muito cauteloso para não vender nada que não tenha prognóstico, mas no decorrer dos primeiros três meses de 2021 já teremos um numero bastante elevado de vacinas ofertadas”, disse. Em entrevistas anteriores e pronunciamentos, o governador de Goiás sempre se posicionou contra a volta antes da vacinação, porém ainda não há nenhuma previsão para a distribuição de doses para crianças e adolescentes.Caiado também comentou que o governo estadual vai fazer a distribuição de seringas, agulhas e equipamentos de proteção individual (EPIs) para os municípios e que não haverá problemas com falta de insumos quando as vacinas começarem a chegar a Goiás. “Já fizemos nossa tarefa.”