Ao longo do mês de abril, Goiás registrou uma média de 1,3 mil novos casos de Covid-19 por semana. Na primeira semana de maio, o número saltou para 2 mil casos, um aumento de 53%. De acordo com autoridades, a circulação da subvariante BA.2, variação da ômicron, promoção de aglomerações nos feriados e aumento da testagem podem explicar o crescimento. A segunda semana deste mês teve menos registros (634), mas isto pode ser reflexo do atraso na inclusão dos dados.Apesar de ainda não ser possível saber se o aumento irá se sustentar, principal preocupação gira em torno da chegada do inverno, período propício para o desenvolvimento de doenças respiratórias.De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Flúvia Amorim, vários fatores influenciam no cenário de aumento de casos, dentre eles a circulação da subvariante BA.2, variação da ômicron que causou um aumento de casos nos Estados Unidos e na Europa desde o início do ano. Segundo especialistas, esta subvariante é mais transmissível que a BA.1, que predomina em Goiás. “Já verificamos a presença del (BA.2) a em várias cidades e, com certeza, isso contribuiu para o aumento” , diz Flúvia.Outro motivo para o aumento do registro de casos, segundo Flúvia, pode ser o fato de a SES-GO estar estimulando os municípios goianos a aumentarem a testagem. “Quando se testa mais, se tem mais positivos. Isso não é necessariamente ruim, pois conseguimos aumentar a vigilância e saber mais sobre a circulação da doença”, enfatiza.Na cidade de Goiás, a secretaria municipal de Saúde promove uma ampla testagem. “Colocamos tendas nas praças ofertando a testagem e nas unidades de saúde. Também emitimos uma nota técnica recomendando que em todo evento acima de 20 pessoas, com público controlado, seja feita a testagem dos participantes. Depois que começamos a testar, aumentou o número de positivos, mas isso é bom porque conseguimos isolar essas pessoas e diminuir a circulação do vírus”, explica Marcos Neiva, secretário de Saúde da cidade.Flúvia esclarece que o aumento de casos ainda não teve impacto nas internações e mortes. De acordo com o Painel da Covid-19, o registro de óbitos pela doença por semana epidemiológica segue em queda e a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estaduais era de 51% nesta quarta-feira (11).Em Caldas Novas, entre os dias 25 de abril e 3 maio, foram registrados 45 novos casos da doença. Entre o dia 3 e o dia 9 de maio, foram 87 casos. Porém, a cidade tem apenas duas pessoas internadas por conta da doença. A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o município vê o aumento com naturalidade, uma vez que considera a doença como endêmica.Apesar de o aumento não ser explosivo, Flúvia faz um alerta em relação ao início do inverno. “Precisamos tomar cuidado, pois é um período propício para o desenvolvimento doenças respiratórias, inclusive outras além da Covid-19 como, por exemplo, a influenza e a parainfleunza. Se as pessoas não tomarem cuidado (leia mais ao lado), podemos ter um sistema de saúde pressionado, que é o que menos queremos neste momento.”Leia também:Ministério da Saúde incorpora primeiro medicamento para casos leves de Covid-19 no SUSChina reage à OMS e bloqueia críticas à 'Covid zero' nas redes sociaisGoiânia Em Goiânia, o número de casos também aumentou do fim de abril para o início de maio. Entretanto, o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Yves Ternes, acredita que o relaxamento dos protocolos sanitários e a promoção de aglomerações durante os dois feriados prolongados de abril, o da Semana Santa e o de Tirantes, tenha influenciado no número.“Está tendo sim a circulação do vírus. Os eventos que ocorreram recentemente favoreceram uma maior transmissão, principalmente da ômicron, que é mais transmissível, mas menos virulenta”, afirma. Apesar disso, o superintendente não acredita que a BA.2 possa ter tido influência no cenário epidemiológico da capital. “Fazemos o monitoramento genômico em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e da última vez, de 15 amostras somente uma era da BA.2.”TestagemA positividade na testagem ampliada promovida pela Prefeitura cresceu. Ela dobrou e saltou de 8% na primeira semana de abril para 16% na primeira semana de maio. Entretanto, Ternes diz que além de uma procura menor, a população tem deixado para fazer a testagem quando estão sintomáticas. “Dessa forma, é natural a positividade subir assim”, pontua.Assim como Flúvia, ele destaca que o aumento ainda não teve um impacto nas internações e óbitos. “Do dia 19 ao dia 27 de abril não tivemos nenhuma solicitação de internação pela doença. Entre os dias 28 de abril e 4 de maio tivemos uma média de uma por dia. Pode ser um aumento de 100%, mas na prática, não é substancial. O importante agora é usar este aumento como um sinal de alerta e seguir monitorando.”Vacinação e protocolos são as melhores estratégias A vacinação contra a Covid-19 e a influenza e o distanciamento social, quando a pessoa desenvolver sintomas gripais, são as melhores estratégias para evitar uma sobrecarga do sistema de saúde goiano durante o inverno que se aproxima.“A pandemia da Covid-19 foi uma demonstração para a população de que o distanciamento é a melhor forma de controlar a transmissão da doença. Quem tem sintomas não deve sair de casa”, explica Yves Ternes, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).Ternes esclarece que mais de 20 tipos de vírus respiratórios circulam na capital e que, por isso, é preciso manter os cuidados como o uso de máscaras e o distanciamento social quando a pessoa estiver com sintomas de doenças gripais. “Precisamos continuar batendo na mesma tecla. Esta é uma grande ferramenta de prevenção que nós temos para trabalhar. O comportamento da população interfere muito no cenário epidemiológico”, destaca.EstadoA superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, compartilha da mesma percepção e enfatiza ainda a importância da vacinação contra a Covid-19. “Existem doenças que não temos vacinas, mas para a Covid-19 e para a influenza nós temos. É a melhor maneira de nos prepararmos para o inverno e tentarmos evitar uma sobrecarga no sistema de saúde. Com as pessoas vacinadas, os casos tendem a ser mais leves.”Em Goiás, de acordo com o Painel da Covid-19, há 5,7 milhões de pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina. Entretanto, outras 750 mil não receberam a segunda dose ou a única e apenas 2 milhões de goianos já tiveram a dose de reforço.A cobertura da vacinação contra a influenza também não está dentro do esperado. A campanha começou no dia 4 de abril e vai até o dia 3 de junho. Faltando menos de 30 dias para o fim da campanha de vacinação contra influenza, apenas 11,7% das crianças de Goiás foram imunizadas. A meta do Ministério da Saúde (MS) é de 90%. Devem receber as doses contra a influenza: de 6 meses a 6 anos. -Imagem (1.2454257)