A letalidade da Covid-19 em Goiás teve uma queda de 90% entre 2021 o início de 2022. Ela caiu de 2,9% para 0,3%. Ao mesmo tempo, a incidência da doença aumentou 8% se comparados os 22 primeiros dias de 2022 com o mesmo período do ano passado. Ela saltou de 489 para 529 casos a cada cem mil habitantes. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), a queda da letalidade, mesmo com uma incidência maior da doença, é efeito da vacinação.Entretanto, a pasta alerta para o risco que a alta velocidade de transmissão da variante ômicron traz para o cenário epidemiológico goiano. “Ainda não chegamos no pico da transmissão. Apesar do avanço, o momento ainda exige cuidados”, enfatiza Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO. O estado já registra um aumento de casos, ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e óbitos.A letalidade de uma doença diz respeito a quantas pessoas morrem dentre aquelas que ficaram doentes. Flúvia explica que uma letalidade menor entre os infectados com a Covid-19 um ano depois que a vacinação contra a doença começou é um sinal claro de que a estratégia está dando certo e que o principal objetivo da imunização - diminuir as mortes pela doença - está sendo alcançado.A superintendente destaca ainda que com uma letalidade menor, os casos graves da doença também sofrem uma queda. “Eles não caem necessariamente na mesma proporção, mas também acabam sofrendo uma queda. O mais importante é que muitas pessoas podem até chegar a internar, mas elas não morrem por conta da doença”, destaca Flúvia.TransmissãoEntretanto, mesmo com o cenário mais positivo em relação à letalidade da doença, Flúvia chama a atenção para a importância diminuir a transmissão do vírus no estado. Atualmente, Goiás, assim como o restante do País, enfrenta uma onda de aumento de casos. Esse crescimento foi causado, principalmente, pela circulação da variante ômicron, que é altamente transmissível.Na última semana, o titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, chegou a afirmar que até fevereiro, 50% da população goiana já teria sido infectada pela variante, levando em conta a rápida evolução dos casos desde o início deste ano.Flúvia acredita que outros fatores como, por exemplo, o relaxamento das medidas de segurança durante as festas de fim de ano, também contribuíram para o cenário atual. “Foram muitos encontros familiares e reuniões onde as pessoas não seguiram a risca os protocolos.”Á superintendente esclarece que apesar de a variante ômicron não apresentar, até o momento, relação direta com o desenvolvimento de casos graves da Covid-19 e de a vacinação contra a doença estar avançando, um alto índice de contágio ainda é perigoso. “Uma coisa é 0,3% de letalidade em 100 casos. Outra é 0,3% em um milhão de casos”, explica.Ela diz ainda que quanto mais pessoas infectadas e quanto mais o vírus circular, maior a chance dele atingir pessoas que ainda não se vacinaram ou fazem parte do grupo de risco da doença como, por exemplo, as pessoas com comorbidade.Além disso, com uma grande quantidade de pessoas infectadas de uma vez só, vários setores acabam sendo impactados com afastamentos de profissionais. Em Goiânia, a rede municipal de saúde e a de educação sentiram o efeito da quantidade de profissionais afastados por conta da doença.ProteçãoO aumento de casos levou o governo do Ceará a publicar um decreto nesta segunda-feira (24) que torna obrigatório o uso de máscaras N95, PFF2 ou similares para trabalhadores da área da saúde, de farmácias, supermercados e escolas que têm contato direto com o público.Em Goiás, trabalhadores da saúde já usam o equipamento de proteção. “Ainda não pensamos em algo do tipo para as outras áreas, mas recomendamos fortemente o uso dessas máscaras. Quem não puder, pode usar a máscara de pano com uma máscara cirúrgica por baixo”, explica.Flúvia destaca que ainda não é o momento para a população relaxar com as medidas de biossegurança contra o vírus como o uso de máscaras e o distanciamento social. “Precisamos aguentar um pouco mais.”Cobertura vacinal precisa aumentarCom a circulação da variante ômicron e o crescimento de casos da Covid-19 em Goiás, o aumento da cobertura vacinal no estado se torna cada vez mais imprescindível. Entretanto, a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás afirma que a adesão da população está abaixo do esperado pela pasta. “Especialmente no que diz respeito a dose de reforço”, enfatiza.De acordo com o Painel da Covid-19, da SES-GO, 855 mil pessoas já tomaram a dose de reforço no estado. Isso representa apenas 20% das 4,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos, que já estão aptas a receber o reforço. Em Goiás, 75% da população já tomou a primeira dose da vacina e 63% a segunda dose ou a dose única. No total, já foram aplicadas 10,6 milhões de doses.“É um cenário preocupante porque já foi comprovado que a dose de reforço ajuda a evitar o desenvolvimento de casos graves da Covid-19 relacionados à variante ômicron”, destaca. Todas as pessoas com mais de 18 anos que tomaram a segunda dose da vacina há quatro meses ou mais estão aptas a receber a dose de reforço do imunizante contra a Covid-19.CriançasFlúvia também chama a atenção para a quantidade de crianças com idade de 5 a 11 anos vacinadas contra a doença. Esta etapa da proteção começou na última segunda-feira (17). Até o início da noite desta segunda-feira (24), apenas 7,2 mil doses foram registradas no painel. “O número está muito aquém do que esperávamos. Existe muita desinformação sobre a segurança e eficácia desta vacina ”, preocupa-se.A superintendente explica que mesmo as crianças não sendo um grupo de risco da doença, a vacinação delas é importante até mesmo para reduzir a circulação do vírus. “Ter um risco menor não quer dizer que os casos graves não aconteçam e não dá para saber se a criança que vai ter gravidade e morrer será a minha. Por isso, é importante vacinar”, finaliza.-Imagem (1.2392074)