Começou nesta segunda-feira (1º) o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em todo o Brasil, atendendo cerca de 75 milhões de domicílios. As entrevistas serão realizadas até dia 31 de outubro. No estado goiano, são mais de 2,8 milhões de domicílios.Em todos os 246 municípios, já foram iniciadas as pesquisas, e até o fim dos três meses, todas as regiões de cada cidade receberão a visita de um dos 6.503 recenseadores concursados do instituto.A verba total necessária para pesquisa em Goiás é de R$40 milhões. Ela vai custear os dispositivos eletrônicos utilizados, uniformização, transporte e remuneração, que este ano varia entre R$ 998,00 a mais de R$ 4,2 mil, a depender do cargo.Edson Roberto Vieira, chefe do IBGE em Goiás, explica que é de suma importância que os moradores abram as portas para os recenseadores e contribuam com a pesquisa, já que a partir dela, é possível definir as necessidades e direcionamentos das regiões municipais, estaduais e nacionais. “A pesquisa mais importante do IBGE e do Brasil é o censo, ele é fundamental não apenas do ponto de vista qualitativo, mas também quantitativo.”Para isso, são respondidos dois tipos de questionários (veja quadro) para atender as demandas da cidadania definidas pelo Instituto. Qualquer morador acima de 12 anos, que possa fornecer as informações, é passível de responder o questionário por todos da casa. Neste cenário, o IBGE solicita o nome, telefone, e-mail e CPF do entrevistado.O preenchimento do questionário é realizado no momento da visita presencial ou posteriormente, em que os moradores podem optar responder via telefone ou internet, após receber um panfleto que o recenseador realizou a visita, o indivíduo pode realizar a ligação para resposta ou fazer o cadastro pela internet. Caso nenhum morador esteja presente no momento da visita, o recenseador deverá voltar quatro vezes no mesmo endereço ao longo do período da entrevista, sendo uma destas em um turno alternado ao já feito.Em relação a disposição dos domicílios, são definidos “setores censoriais”, escolhidos pelos próprios recenseadores de acordo com a ordem classificativa que este teve no concurso do IBGE. Ou seja, os melhores colocados escolhem os setores que preferem em cada município. Geralmente, cada setor possui 300 domicílios, sendo possível que um prédio venha a ser classificado unicamente como setor.“Nenhum técnico liga em domicílio, todos os dados são georreferenciados, então só é possível responder o questionário se o setor já tiver sido colocado em campo”, contextualiza Vieira. Ele aponta, além disso, que caso um morador queira se voluntariar para responder o Censo, só será realizável caso o setor em que vive já tenha sido, ou esteja sendo, visitado.A fim de garantir a segurança e evitar golpes, o IBGE em Goiás será terá o apoio de agentes da Polícia Militar, para proteção dos habitantes e das equipes em campo. Nesse contexto, os recenseadores poderão ser identificados pela uniformização e o morador poderá confirmar de três maneiras a participação deste (veja quadro).Pela primeira vez, foram incluídas as questões sobre autopertencimento quilombola e o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) por profissional de saúde. “Na medida que a gente vai jogar luz sob estas características, isso vai permitir que novas políticas públicas sejam utilizadas para planejamento da iniciativa privada e para aprimoramento de medicamento a partir dos resultados, por exemplo”, garante Vieira.O professor titular da UFG e coordenador do Observatório do Estado Social Brasileiro, Tadeu Alencar Arrais, reforça que o IBGE não é mais o mesmo da década de 1930, por sua vez, o Brasil também não. “É natural, portanto, que a agenda de pesquisa acompanhe a complexidade cultural, econômica e territorial brasileira”, diz. De acordo com ele, o IBGE deve exercer a racionalidade científica e, ao mesmo tempo, reconhecer e valorizar a diversidade cultural brasileira.Em junho, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, suspendeu a decisão da Justiça do Acre que havia decidido que o IBGE coletaria dados sobre orientação sexual e identidade de gênero no Censo Demográfico 2022. A decisão era do dia 24 de junho e no dia 27 do mesmo mês foi suspensa pelo desembargador José Domiciliar Machado.“O instituto tem enorme interesse em fazer essa pesquisa, mas não tinha tempo hábil ou orçamento para alterar o questionário”, explicou o chefe do IBGE de Goiás.Evento marca lançamento de pesquisa no estadoO lançamento do Censo contou, de forma inédita, com um evento elaborado para estudantes do ensino fundamental. Os jovens se reuniram no auditório Lygia Rassi, localizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer, às 8 horas. Alunos do nono ano do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e vários servidores envolvidos direta ou indiretamente no Censo 2022 estiveram presentes. A iniciativa foi realizada para explicar o funcionamento da pesquisa aos adolescentes. “É um recurso importante para subsidiar aulas dos professores e a educação dos alunos, e temos uma parceria com as escolas para enviar, depois das eleições, materiais ilustrativos dos dados do estado de Goiás e do Brasil”, comenta o chefe do Instituto. O professor Tadeu reconhece que o IBGE oferece, para diferentes pesquisadores e gestores, o principal insumo para realização de pesquisas e proposições de políticas públicas que são os dados secundários coletados a partir de metodologia científica. “Informações sobre demografia, consumo, expectativa de vida, infraestrutura domiciliar, entre outros dados, permitirão, especialmente após o período pandêmico, visualizar os gigantescos desafios que nos aguardam no ano de 2023”, afirma. (Manoella Bittencourt é estagiária do GJC em convênio com a PUC-Goiás, sob supervisão do editor Rodrigo Hirose).Leia também:- Censo do IBGE começa nesta segunda; saiba como evitar possíveis golpes- Concurso do IBGE tem quase 400 vagas em 113 municípios de Goiás; veja como se inscrever-Imagem (1.2501848)