Em todo o ano de 2020, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) flagrou 957 vezes ônibus do transporte público metropolitano em más condições, a ponto de colocar a segurança do passageiro em risco, o que dá cerca de 2,6 autuações por dia. Os números constam nas atas das reuniões da Comissão Julgadora de Infrações (Comji) da companhia, que é o órgão regulador do sistema, divulgados no Diário Oficial do Município (DOM) de Goiânia. Ao todo, no ano passado os fiscais verificaram 2.188 infrações, e 43,74% foram listadas no grupo C-07, C-08 ou C-09.De acordo com o Regulamento Operacional da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (ROT), esse itens do grupo de infrações versam sobre o trânsito de veículos sem itens ou com más condições, ou sem equipamentos obrigatórios ou em mau funcionamento ou ainda sem condições mecânicas ou estruturais. A maior parte do restante das autuações é com relação ao descumprimento de viagens planejadas pelo órgão gestor. Essas infrações ainda podem ser questionadas pelas empresas concessionárias e são julgadas em segunda instância por uma comissão da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC).Ainda segundo o ROT, caso as infrações por más condições dos veículos sejam confirmadas, cada empresa responsável deverá pagar à CMTC o valor de 60 tarifas, o que corresponderia a R$ 258 atualmente, por autuação. Na manhã desta segunda-feira (20), um ônibus da Linha 003 (Terminal Maranata / Rodoviária) pegou fogo enquanto estava em operação no Setor Bandeirantes, na GO-040, em Goiânia. O incêndio ocorreu por superaquecimento do motor, segundo o consórcio das empresas concessionárias do serviço (Redemob). A viagem foi interrompida pelo motorista, com a saída de todos os passageiros, e o fogo foi apagado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO).Sobre o caso específico, a CMTC informou que existe uma rotina de manutenção preventiva e que o órgão está atento, “principalmente nessa época do ano de altas temperaturas e baixa umidade”. “Felizmente nos incidentes de hoje todos os usuários dos veículos envolvidos foram retirados em segurança”, disse. Ainda não se sabe o que causou o superaquecimento do motor do veículo nesta segunda-feira, ou seja, se houve problema mecânico e falta de manutenção no mesmo, o que corroboraria com as infrações verificadas em 2020, ou se indica um problema na idade da frota atual do serviço. A Redemob informou que as causas serão apuradas.O contrato de concessão do sistema de transporte coletivo metropolitano não exige uma idade mínima para a frota em operação. O acordo só cita a necessidade de renovação de veículos quando ele foi assinado, em 2008, com a intenção de manter veículos em idade média de 3,5 anos. No entanto, a especificação dos ônibus não colocam uma idade mínima e nem mesmo uma meta ao longo do contrato, que é de 20 anos.O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) afirma que “apesar de estar com idade avançada, a frota, mesmo com problemas pontuais, está em boa condição de uso devido à gestão de manutenção. Acreditamos que com a sensibilidade do poder público, que já está caminhando uma solução definitiva para a mobilidade na capital e Região Metropolitana, a renovação progressiva da frota nos próximos anos, que é desejável, pode e deve ser realidade.” Passageiros relatam sustos em viagensÔnibus lotados, atrasados, quebrados, pneu furado, com fumaças e pegando fogo. Esses são alguns dos problemas que milhares de passageiros usuários do transporte público enfrentam, todos os dias, na ida e na volta do trabalho.<TB>Acidentes como o que ocorreu nesta segunda-feira (20), na Go-040, em que um ônibus da linha 003 pegou fogo, são um dos problemas relatados pelos passageiros ouvidos pelo Popular.Muita fumaça e medo fizeram parte de um dos caminhos percorrido de ônibus pela doméstica Joana Santana Silva, de 53 anos. “Passei muito sufoco no Eixo Anhanguera há dois meses mais ou menos. Estava no ônibus da linha 110 que saiu de Senador Canedo para o Terminal da Praça da Bíblia. Começou a pegar fogo de repente. Alguns tiveram que quebrar as portas para sair. Todo mundo desceu apavorado.”, relata. Joana diz que todo dia enfrenta problemas nos terminais como a demora na chegada do ônibus, superlotação e fumaça.Ônibus quebrado está entre os problemas mais relatados pelos passageiros. Wanessa Moraes Pires, de 37 anos, moradora do Jardim Curitiba 3, é diarista e pega ônibus todos os dias. Ela conta que dois ônibus já quebraram durante os trajetos que fazia. “As duas vezes foram saindo do Terminal Padre Pelágio. A primeira vez, assim que o ônibus saiu, no primeiro ponto ele já quebrou. Aí vem o transtorno que a gente tem que descer do ônibus e esperar outro, que demora o dobro do tempo. A segunda vez, o ônibus estava quase chegando na minha casa e quebrou também. Fiquei esperando quase meia hora até o outro chegar”, afirma. Wanessa diz que na última sexta-feira (17) entrou em um ônibus que estava cheirando fumaça. O ônibus saiu do Terminal Isidória em direção ao Terminal Padre Pelágio. “Parecia que ia pegar fogo. O cheiro de fumaça estava muito forte. O ônibus estava lotado. Todo mundo ficou com medo. Falta manutenção nesses ônibus”, relata. Engenheiro de produção, Diogo Freitas, de 33 anos, diz que passou por uma situação complicada ao pegar ônibus nesta segunda-feira (20). “O pneu do ônibus estourou. Todo mundo teve que descer no sol quente e esperar o próximo ônibus. Assim que o novo ônibus chegou, o motorista não quis abrir a porta de trás. Após ser informado que o ônibus havia quebrado, ele abriu a porta. Aí a gente chega atrasado no trabalho e pode complicar nossa situação. A linha 020, que vai do Terminal Garavelo para o Terminal Praça da Bíblia, sempre dá problema”, afirma. (Joyce Vilela Merhi é estagiária do convênio GJC/ PUC-GO)-Imagem (1.2323377)