Nos últimos 11 anos, três casos de raiva animal foram contabilizados em Goiânia. Nos três registros, os animais não estavam vacinados contra a doença. Em 2011, um gato morreu no Parque Areião, no Setor Pedro Ludovico. Em 2014, um cachorro apresentou o problema de saúde no Solange Parque e, nesta semana, um gato perdeu a vida depois do diagnóstico no Setor Mansões do Câmpus. Com a cobertura vacinal dos animais abaixo do esperado, a diretoria de zoonoses da Prefeitura de Goiânia planeja ação para ampliar a aplicação de doses em 2022.Goiânia tem estimativa de 180 mil animais, entre cães e gatos. As campanhas de vacinação ofertam doses para este número, mas a média de vacinados antes da pandemia era de até 170 mil. Em 2020, no primeiro ano de convivência com o coronavírus, apenas 60 mil animais foram vacinados contra a raiva na capital. No ano passado, o número subiu para 130 mil, mas ainda está bem abaixo do esperado. O diretor de Vigilância em Zoonoses, Murilo Reis entende que a pandemia, a falta de uma campanha direcionada e massiva e a acomodação dos goianienses pela inexistência de casos da doença fizeram com que o número baixasse.Mas neste ano a Diretoria de Zoonoses pretende fazer uma campanha maior para mobilizar o maior número de tutores. Como em 2021, a campanha deverá ocorrer entre agosto e setembro, sem um dia exclusivo para a aplicação das doses. A intenção será de que cada distrito sanitário tenha ações específicas para atender à demanda da região. No ano passado, o trabalho demorou sete semanas para ser concluído, mas o diretor entende que mais pessoas têm a oportunidade de levar seus animais nos dias e horários disponíveis. Além disso, quer ampliar a divulgação para que a adesão seja o maior possível.Ele detalha que as vacinas aplicadas na rede privada de vacinação não são contabilizadas no total de doses aplicadas. Mesmo assim, a cobertura é baixa. Murilo Reis explica que cada município é responsável pelas estratégias. Para os tutores que têm dúvidas sobre o comportamento do animal, o recomendado é levá-lo a um veterinário para um exame clínico. Em caso de mordida, independente se o animal tinha raiva confirmada ou não, a unidade de saúde informa a Diretoria de Zoonoses, que passa a monitorar a vítima.O diretor de Vigilância em Zoonoses detalha que no último caso de Goiânia, a família dona do animal confirmou que ele nasceu na residência há dois anos. A mãe do filhote também mora na casa, mas não apresentou sintomas da raiva animal, que inclui apatia, tendência a se esconder e, em outros casos, salivação em excesso e agressividade. “Quatro pessoas da família foram mordidas pelo gato. O veterinário que atendeu o animal também.” Reis detalha que todas as pessoas que foram mordidas já receberam uma das quatro doses da vacina e estão sendo monitoradas.Murilo Reis acrescenta que está sendo realizada uma ação de bloqueio no bairro. Todos os animais estão recebendo uma dose da vacina antirrábica. Ele explica que a pasta monitora morcegos positivos com a doença e que praticamente todos os anos animais são identificados com a doença. “A gente monitora para saber como está a circulação viral, qual vírus está circulando. Mas se o animal está sem a proteção da vacina e, por acaso, tem contato com o vírus, ele pode ser infectado. Essa doença é muito letal, chegando a quase 100% de chance de morte em até dez dias.”Para que um animal tenha contato com o vírus, ele pode ser mordido ou morder um morcego, por exemplo. “A gente sabe que regiões com mais áreas de mata e que tenham morcegos, o risco é maior. Tem animal que pega pássaros, roedores e também morcegos. Em suposição, se um gato ou um cachorro sem proteção tem contato com o morcego positivo, ele é infectado e isso é perigoso. Goiânia não tem casos em humanos há muito tempo. O último foi em 1999. Mas é importante que as pessoas vacinem seus animais, para segurança deles e também dos humanos.”ConselhoPresidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO), Rafael Vieira também é gerente do Laboratório de Análise e Diagnóstico Veterinário (LABVet) Agrodefesa, que fez o diagnóstico de raiva do gato nesta semana. Vieira alerta para a importância da vacinação em animais de estimação e de produção, como bovinos e equinos porque esta é a melhor forma de controle da doença. O CRMV-GO informou que encaminhou um ofício para a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), solicitando a disponibilidade de vacinas antirrábicas pré-exposição aos médicos-veterinários, expostos ao risco de contaminação da raiva.