Dados parciais de 2022 do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), contidos no DataSUS, apontam que Goiás não conseguiu alcançar as metas de cobertura vacinal de rotina para crianças abaixo de dois anos de idade.Até o momento, por exemplo, a cobertura vacinal para a BCG, usada na prevenção de tuberculose, está em apenas 53,31%. Ela é uma das primeiras vacinas aplicadas em bebês recém-nascidos nas maternidades brasileiras. A cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde é de 90%.O Brasil tem uma tradição histórica e uma fama mundial como modelo de atualização da caderneta de vacinação como rotina dos brasileiros. Graças a essa tradição, o país conseguiu erradicar doenças como a varíola e a poliomielite.A rubéola e a difteria foram controladas por conta da imunização infantil. Já o sarampo ficou sem nenhum registro no Brasil por duas décadas e só reapareceu em 2019 porque houve uma redução da vacinação pela população.Leia também:- Exame descarta infecção por sarampo nos dois casos suspeitos em Goiás- Vacinação contra Covid-19 em crianças não avança em Goiás- Cidade do Rio de Janeiro registra 1º caso da varíola dos macacosMotivos da quedaO Programa Nacional de Imunizações (PNI) estabelece metas para a cobertura vacinal de várias doses do Calendário de Vacinação. Todas essas vacinas são ofertadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, desde 2012, os índices de imunização contra algumas doenças têm caído em Goiás e em todo país, como explica a gerente de imunização da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), Clarice Carvalho."As baixas coberturas são explicadas por várias situações. Uma delas é o contexto de pandemia, pelo fato das pessoas terem que se isolar como medida de prevenção. Muitos pais tinham medo de ir até as unidades de saúde para levar seus filhos, mesmo que as autoridades tenham reforçado que as equipes estão preparadas para receber essas pessoas”, informa Carvalho.Ela explica que é imprescindível que os pais observem as datas do Calendário de Vacinação, na hora de imunizar suas crianças. “Por que tem as datas certas para cada dose? Justamente porque é a idade em que há o maior risco da doença, especialmente as formas graves. Por isso a gente alerta que a criança deve ser vacinada conforme preconizada”, ressalta.Outro fator que prejudicou a imunização, segundo Carvalho, é a impressão de que a doença não é mais um risco. “Até a falsa sensação de segurança de que a doença não existe mais, pois muitas foram controladas e erradicadas. As pessoas não ouvem falar de óbito e hospitalização e acham que não precisam se vacinar. Mas precisamos manter as coberturas de vacinação altas e homogêneas em todos os 246 municípios do Estado e em todo país ou vamos ver o retrato das doenças retornando”, afirma a gerente da SES-GO.Carvalho também afirma que a disseminação de fake news antivacina pode ter contribuído para a queda da cobertura vacinal.“O movimento antivacina tem crescido em uma proporção assustadora. Nesse momento de campanha de vacinação contra Covid-19 muitas mentiras circularam. Muitas fake news chegaram à população e levaram insegurança, mas a ciência tem demonstrado que, hoje, se estamos em situação epidemiológica mais tranquila que em 2020, é porque conseguimos vacinar a população em grande quantidade”, diz.Imunização para todosEla ainda reforça que a imunização não é apenas para crianças. O Ministério da Saúde preconiza que todas as faixas de idade recebam as vacinas. Gestantes, idosos, profissionais da saúde, adolescentes. Em relação ao sarampo, ela ainda afirma que quem não se vacinou quando criança ou não tem certeza, deve se dirigir a um posto de saúde e fazer uma avaliação com o profissional para saber se a dose é recomendada. Mesmo crianças que já tenham sido imunizadas com a vacina que previne o sarampo, devem tomar a dose de reforço oferecida pela campanha.-Imagem (1.2478791)