O comandante da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), tenente-coronel Benito Franco, contestou na quinta-feira, em suas redes sociais, informações de reportagem do POPULAR, publicada no domingo (20), intitulada: “Ações policiais com morte crescem 36% em Goiás”. Antes da publicação, o jornal buscou informações oficiais junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP), que não respondeu os questionamentos da reportagem, alegando que os dados são de caráter sigiloso e estratégico. No texto publicado nas redes sociais, Franco faz relação entre as mortes por intervenção policial com aumento da população e facilidade de compra de armas mais potentes por meio de novas tecnologias, como celulares com internet. “Um humano que passe em testes básicos de sanidade mental sabe que a população cresce a cada ano”, afirma o tenente-coronel. “A Polícia Militar este ano fez monstruosa quantidade de apreensões de fuzis e pistolas de calibres restritos das forças armadas (armas de guerra), em poder de conturbadores da paz humana”, acrescenta.Reportagem do POPULAR de 26 de abril de 2018 mostrou que nos três primeiros meses daquele ano foram apreendidas 151 armas de fogo em cenas de ocorrências com morte pela polícia. Desse total de armamentos, três eram fuzis e 90% eram de cano curto, como pistolas e revólveres. Naquela época o cenário já era de crescimento de ocorrências desse tipo e uma das justificativas do então titular da SSP, Irapuan Costa Júnior, era o aumento de armas mais pesadas entre criminosos. Sobre o aumento da população, segundo o IBGE, o número de habitantes de Goiás cresceu 1,4% entre 2018 e 2019, porcentagem 25 vezes menor que a de aumento de ações policiais com mortes de civis. Em seu texto, o comandante também diz que a reportagem mostra apenas quatro casos de ação policial com morte e suspeita de ilegalidade. Segundo o policial, esses casos representam menos de 1% do total de ocorrências do tipo no ano. “Seria inexperiência ou não interessaria pro direcionamento da matéria?”, questiona o policial. No entanto, a reportagem mostra os quatro casos suspeitos a título de exemplificação e não no sentido estatístico. Para isso ser feito, seria necessário analisar todos os casos, o que não é possível, entre outros fatores, pela falta de informações da SSP e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), que neste ano deixou de divulgar o número de mortos em ação policial, além de informações mais detalhadas sobre cada ocorrência. O comandante da Rotam também acusa o repórter de “generalizar” e dizer que há diminuição de confronto após casos com repercussão negativa. O texto da reportagem de domingo informa que a relação entre casos suspeitos com grande repercussão e a queda na letalidade policial foi feita pela própria Polícia Civil em um documento da Delegacia de Investigação de Homicídios de 2017. No final de seu texto, o tenente-coronel chama de “leiga” a parte da reportagem em que é citada uma pergunta feita à SSP que não foi respondida, sobre a justificativa para a maior parte das mortes serem feitas pelos batalhões Choque, Giro e Rotam. Para o comandante, essa pergunta não deveria ser feita, pois seria óbvia e demonstraria a “pouca experiência” do repórter. O policial termina o texto citando uma matéria do repórter de 2015, publicada em outro jornal, utilizando uma frase fora de contexto, dita por um entrevistado da reportagem.