Os comerciantes do antigo Banana Shopping, no Centro de Goiânia, estão tendo que lidar com prejuízos depois que o local passou por um incêndio em quatro salas de cinema, na última segunda-feira (4). Com o prédio interditado por tempo indeterminado, eles ainda não sabem quanto tempo ficarão impossibilitados de trabalhar.Há nove anos, Wagner Torres, de 41 anos, e Luciano Medeiros, de 43, são donos de uma loja de roupas masculinas no térreo do shopping. Eles contam que até agora não foram informados de quando o local poderá ser aberto novamente. “É complicado porque não podemos nem tirar a mercadoria para fazer as vendas de forma remota. Ficamos de mãos atadas”, diz Torres.Mesmo sem a loja ter sofrido danos estruturais e eles não terem perdido nenhuma mercadoria, os sócios acreditam que terão prejuízos grandes por conta da interrupção das vendas. “Sem dúvidas (que haverá prejuízos). É início do mês. O momento em que as pessoas mais gastam. Ainda não falaram (administração do shopping) se vai ter uma redução do aluguel pelo tempo que ficar fechado”, enfatiza Medeiros.Energia elétricaA comerciante Audette Torres, de 51 anos, havia aberto uma lanchonete no piso do shopping há apenas cinco meses. Com o desligamento da energia elétrica do prédio, por conta do risco de incêndio, ela perdeu os alimentos refrigerados. “Dependendo de quanto tempo ficar fechado, também vou perder as outras coisas”, explica.A banca de Sabrina França, de 18 anos, que fica em frente ao shopping, na calçada da Avenida Araguaia, teve que ficar fechada na terça-feira (5) para que os bombeiros e peritos pudessem trabalhar,Ela afirma que, desde o incêndio, o movimento caiu, e se preocupa também com o momento em que o prédio começar a passar por reformas. “Ainda não houve nenhum anúncio fomal, mas provavelmente teremos que ficar fechados para que eles possam recuperar a estrutura, principalmente a parte de fora”, acredita. Perícia segue no fim de semanaA perícia da Polícia Técnico-científica nas quatro salas de cinema que pegaram fogo no antigo Banana Shopping, no Centro de Goiânia, continuará neste sábado (9) e domingo (10). O trabalho começou na última quarta-feira (6), dois dias depois do local pegar fogo.O trabalho segue por tempo indeterminado e o objetivo é identificar as possíveis causas do incêndio. “Ainda estamos trabalhando nos vestígios. É muita coisa. Tem uma quantidade de material muito grande para ser analisada lá dentro”, diz Celso Souza, perito da Polícia Técnico-científica e engenheiro aeronáutico. Na terça-feira (5), um dia depois do incêndio, foi feito um reconhecimento inicial. Além disso, integrantes do departamento técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) realizaram uma fiscalização preliminar. A entidade apura se as intervenções no prédio foram feitas com acompanhamento de profissionais habilitados. MesesSouza esclarece que existem perícias que duram um dia e outras que levam até meses. Tudo vai depender se o material coletado será suficiente para chegar a conclusões palpáveis sobre a causa do incêndio. “Até agora, em relação a causa, tudo ainda está muito obscuro”, afirma o perito.No final do trabalho, um laudo será produzido e encaminhado ao 1° Distrito Policial, responsável pela investigação. “Ainda existe a possibilidade que ao final de tudo, o laudo seja inconclusivo”, alerta Souza. O prédio foi interditado preventivamente e por tempo indeterminado pelo Corpo de Bombeiros e deverá passar por uma perícia estrutural completa. Imagens aéreas demonstram que a estrutura metálica do teto do local ficou toda distorcida. A Defesa Civil também produzirá um relatório sobre os aspectos estruturais do local e uma empresa privada fará um relatório sobre as intervenções necessárias no prédio.De acordo com a corporação, o local contava com o alvará de funcionamento. Entretanto, como mostrou reportagem do POPULAR publicada na quarta, há o apontamento do órgão de que o prédio tinha deficiências de estratégias de combate a incêndios, como a falta de um hidrante. Os responsáveis não comentaram o apontamento.Dono de cinema lesionou o péQuando o empresário Adriano Oliveira, de 49 anos, começou a ver uma fumaça se alastrando pelo CineX, cinema do qual é proprietário, achou que ela podia estar vindo de fora do shopping. Foi então que ele percebeu que, na verdade, o incêndio estava ocorrendo dentro das salas de exibição. “Ainda bem que era uma segunda-feira à tarde, quando o movimento é mais fraco. As salas estavam fechadas. Não tivemos incidentes piores. Isso é o mais importante.”Durante o tumulto para apagar o fogo e sair do local, o empresário teve uma escoriação no braço esquerdo e, enquanto descia uma escada carregando um extintor, acabou lesionando o pé direito. Ele está usando uma bota ortopédica. O CineX afirma que depende dos laudos técnicos e de uma reunião que será realizada junto à administração do shopping para estimar os danos estruturais e financeiros. “Assim como todo mundo, estamos esperando respostas.”No começo deste ano, O CineX transformou o primeiro piso do shopping em uma galeria cultural, com cinco salas de cinema, das quais apenas uma não foi incendiada, espaços exclusivos para apresentações de teatro, música, mostras e outros tipos de espetáculos. O investimento foi na casa dos R$ 5 milhões. Nesta sexta-feira (8), o espaço iria receber a 14ª edição da mostra “O Amor, a Morte e as Paixões”, com curadoria de Lisandro Nogueira. O evento, que é considerado o terceiro maior do Brasil em quantidade de filmes exibidos, foi adiado por tempo indeterminado. Em vídeo divulgado ainda no dia do incêndio, Nogueira afirmou que a mostra foi apenas adiada e que deve ser realizada ainda este ano.-Imagem (Image_1.2435400)