Um funcionário do condomínio em que vive a família do policial civil aposentado João do Rosário Leão, de 63 anos, tentou, sem sucesso, ligar várias vezes para o 190 para chamar a Polícia Militar após o ex-servidor público Felipe Gabriel Jardim Gonçalves, de 26 anos, ter efetuado um disparo dentro do local, na noite de sábado (25). Felipe namorava uma das filhas do policial aposentado e matou o sogro na manhã de segunda-feira (27) horas após a vítima ter registrado queixa na delegacia pelo disparo efetuado e pelas ameaças feitas no final de semana.O relato do funcionário do condomínio consta em documento que já está com a Polícia Civil e foi corroborado por depoimento da ex-namorada de Felipe, a empresária Kênnia Yanka Silva Leão, de 26 anos. Foram duas ocasiões em que o ex-servidor público efetuou disparos na noite de sábado, no dia seguinte ele não entrou em contato e na segunda, após a queixa, procurou Kênnia Yanka para avisar que mataria o pai e a ameaçar, depois para avisar que o matou e ameaça-la novamente.No sábado, Felipe esteve com Kênnia na festa junina da escola do filho dela, de 4 anos, e teria começado a discutir com ela após encontrarem o pai da criança. O casal foi embora e ele falou para a ex-namorada que iria matar o pai da criança. Em seguida foram para outra festa junina, em Aparecida de Goiânia, e que lá, mesmo sem discussão, Felipe efetuou um disparo para o alto.De lá, eles foram até a casa no condomínio, e Felipe quis ir embora, mas o pai de Kênnia Yanka pediu que dormisse lá porque estava embriagado. Foi quando o ex-servidor público teria ficado mais agressivo e começado a gritar com a então namorada. O policial aposentado interviu, pediu para parar de gritar com a filha, e foi ameaçado por Felipe, que sacou a arma, efetuou um disparo para o alto e a apontou para a cabeça de João.A empresária se colocou entre os dois, afastou o pai de volta para casa e pediu para o rapaz se acalmar. Felipe teria continuado com a arma apontada em direção da namorada. Antes de fugir do local, ele ameaçou matar todos da família de Kênnia Yanka.Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram que o carro de Felipe ficou estacionado na calçada em frente à casa da família de João e que o tiro foi disparado na garagem da residência. A bala teria ficado na laje. João, Kênnia e uma irmã têm uma farmácia na Avenida T-4, no Setor Bueno. Na segunda pela manhã, após tomar conhecimento do boletim de ocorrência, Felipe foi até o estabelecimento e atirou várias vezes contra o policial aposentado. A vítima – atingida por um tiro na cabeça e outro no peito - foi levada ainda com vida para uma unidade hospitalar próxima e depois para o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), onde morreu.O boletim de ocorrência consta como registrado pouco depois das 9 horas de segunda-feira. João teria sido atingido pelos disparos feitos por Felipe pouco mais de duas horas depois. Leia também:- Defesa negociou para que suspeito de matar homem em farmácia se entregasse no interior, diz delegado- Suspeito de matar ex-sogro em farmácia tentará responder processo em liberdade, diz defesa-Suspeito de matar ex-sogro em farmácia é exonerado da Prefeitura de Goiânia- Suspeito de matar aposentado em farmácia tinha registro de arma para tiro esportivo, diz políciaEm entrevistas dadas à imprensa, a empresária afirmou que desde o começo do relacionamento Felipe era agressivo e fazia diversas ameaças contra ela e seus parentes, inclusive o filho dela. Por medo, ela nunca havia compartilhado com familiares o drama vivido há cerca de um ano, tempo que durou o relacionamento.Um vídeo que a jovem entregou para a polícia mostra o ex-servidor público, há cerca de um mês, gritando dentro do carro que iria matar todo mundo da família dela e depois se matar. Segundo ela, neste dia, ele chegou a atirar para o alto dentro do veículo. O filho dela estava junto na ocasião.Felipe é ex-policial militar voluntário, de um antigo projeto criado pelo governo estadual em 2012 e extinto três anos depois por ser inconstitucional, também foi vigilante temporário no sistema prisional estadual, ex-funcionário comissionado da Secretaria Municipal de Governo (Segov) de Goiânia e havia sido nomeado no dia 17 de junho para a gerência de sinalização da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) de Goiânia. Sua exoneração foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) nesta terça-feira (28).Até o momento não foi divulgado como ele ficou sabendo da ocorrência registrada pelo pai de Kênnia Yanka.A reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP) para tratar do problema registrado pelo condomínio na noite de sábado, mas não obteve retorno.