-Imagem (1.2041304)O anúncio do governador Ronaldo Caiado (DEM) de retomar o endurecimento das medidas restritivas de atividades econômicas e sociais para que o índice de isolamento voltasse a ficar acima de 50% em Goiás não foi suficiente para fazer os goianos, por iniciativa própria, circularem menos nas ruas. O Estado apareceu novamente nesta terça-feira como o pior do País, com uma taxa de 37,2%. A média nacional no dia foi de 44%.Caiado deve publicar nesta quarta ou quinta-feira (14) um novo decreto estadual recuando na flexibilização das restrições promovida no dia 19 de abril. O argumento é que a queda no índice de isolamento poderá comprometer nas próximas semanas o sistema público de saúde, com uma sobrecarga de casos de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Profissionais de saúde e pesquisadores apontam o isolamento social como a medida mais eficaz existente no momento para minimizar o potencial de transmissão do vírus.Mesmo cidades onde as medidas de restrição serão mais duras apresentaram índices ainda abaixo até mesmo dos 40%, patamar considerado um “sinal amarelo” pelo governo estadual que evitaria medidas mais drásticas. Goiânia caiu de 38,2% na segunda-feira (11) para 37,7% no dia seguinte. Anápolis se manteve em 35,7%. Aparecida caiu de 37,7% para 36%. E Valparaíso foi de 38,7% para 38,3%. Estes são os municípios que registram mais casos confirmados de Covid-19.Goiás ficou em último na lista de Estados no indicador no final de semana e em penúltimo na segunda-feira. Na terça-feira, a média nacional ficou em 44%. Apenas o Pará, com 50,1%, conseguiu se manter no patamar considerado ideal contra o novo coronavírus. Dos últimos 10 dias, apenas em 2 Goiás conseguiu se manter acima de 40%, ambos se tratavam de um domingo.Críticas ao novo decretoApesar de concordar com a necessidade de se manter o índice de isolamento acima de 50%, o biólogo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Alexandre Felizola Diniz Filho, diz que não vê necessidade de um novo decreto e que bastaria o governo estadual trabalhar para que o publicado em 19 de abril fosse efetivamente colocado em prática. Para ele, faltam fiscalização e colaboração da sociedade.Diniz Filho faz parte de um grupo de pesquisadores da UFG que desenvolve notas técnicas de modelagem de cenários de expansão do novo coronavírus em Goiás e diz que analisando o quadro atual no Estado, não se faz necessária a adoção de medidas como as tomadas em março, quando apenas os serviços essenciais foram mantidos em funcionamento.“É fato que o isolamento caiu bastante e que isso terá consequências a longo prazo. Mas o problema é que o decreto (de 19 de abril) não está sendo cumprido. Estamos vendo muitas aglomerações e o Estado parece não ter capacidade de fiscalização”, comentou.O professor avalia que faltou uma boa campanha de comunicação do governo para a conscientização da população sobre a importância do respeito ao conteúdo do decreto de abril. “O decreto anterior foi muito bem trabalhado, estava sendo usado como modelo em outros Estados, mas isso é uma decisão de governo”, comentou.Diniz Filho concorda, porém, com a decisão de que as restrições sejam diferenciadas entre as regiões do Estado, com mais rigor para as cidades mais críticas, como Goiânia e Anápolis, mas tem dúvidas sobre a eficácia de se fazer algo intermitente, como anunciado pelo governador, com intervalos que podem variar conforme o índice de isolamento.Segundo ele, a resposta da adoção das restrições é mais imediata no índice de isolamento e mais lento na taxa de transmissão do vírus. O número de internações atual, por exemplo, reflete um cenário de duas semanas atrás. Além disso, Goiás tem o problema com as notificações, que não chegam com a velocidade necessária.