O número de internações por suspeita ou confirmação de Covid-19 em Goiás aumentou pelo menos 80% desde a publicação do decreto estadual que flexibilizou as medidas restritivas de atividades econômicas e sociais. Levantamento feito pelo POPULAR com base nos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) entre os dias 19 de abril – quando foi publicado o decreto – e 13 de maio mostra que as internações em leitos públicos e particulares destinados para casos de infecção de novo coronavírus (Sars-CoV-2) passaram de 70 para 126.A situação esteve mais crítica no final da semana passada, quando se registrou 142 internados. Neste dia, a rede pública anotava 32 pacientes confirmados com a Covid-19 e 59 com suspeita, enquanto na rede particular eram 24 confirmados e 30 suspeitos. Na média, os últimos 10 dias, desde quando pela primeira vez se passou de 100 internações notificadas no boletim, a média tem ficado em torno de 130 leitos ocupados.Os dados são oficiais, mas não mostram o total de pessoas internadas por suspeita ou confirmação de Covid-19. Isso porque não entram na conta os casos que estão em hospitais estaduais que não são exclusivos para enfrentamento do novo coronavírus, como o de Urgências de Anápolis (Huana), que tem 15 leitos exclusivos, e o de Urgências da Região Noroeste de Goiânia (Hugol), que tem uma ala específica para crianças infectadas, nem as internações em unidades das redes municipais goianas.Além disso, os números da rede particular são apenas os dos filiados à Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), que envolve parte de Goiânia, Aparecida, Rio Verde, Anápolis e Catalão. Desde o início da epidemia, a SES-GO tem tido dificuldade em conseguir os dados completos de internações na rede particular total.Apesar de não representar o total de internações, os dados dos boletins mostram que a situação do sistema público de saúde ainda é tranquila em relação ao momento atual da epidemia de Covid-19. O superintendente de Atenção à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, disse que o aumento já era esperado e está dentro das expectativas do poder público.Sandro explica que Goiás tem seguido a proporção de 15 a 20 internações para cada 100 casos de pessoas infectadas e que a curva de ocupação de leitos tem seguido a de notificações de Covid-19. “Isso não tem mudado e está tudo sob controle”, afirmou.Dos internados, a maioria é de pacientes que necessitam de leitos comuns. Nesta quarta-feira, apenas 36,5% dos 126 casos estavam em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mesmo no dia 8, o que registrou mais internações de acordo com o boletim estadual até o momento, 35,9% dos casos eram de leitos de UTI ocupados.Mesmo no caso dos leitos de UTI, que são o principal foco de preocupação do governo estadual por não haver o suficiente caso haja uma explosão de casos, a situação ainda estaria tranquila. Atualmente, Goiás tem três unidades exclusivas para pacientes com Covid-19 com 69 leitos e capacidade de ampliar para mais 57, indo para 126. No caso da rede particular, segundo a Ahpaceg, sua rede de filiados tem cem leitos de UTI disponíveis para Covid-19 com apenas 20% deles ocupados.A oferta de leitos de UTI nas três unidades também tem aumentado. No dia 19, as três unidades tinham 39 leitos e 56,4% estavam ocupados. Nesta quarta-feira (13), a taxa de ocupação de UTIs nas três unidades estava em 46,4%. Mas chegou a 58% no dia 10. Com exceção do Hospital das Clínicas da UFG, as outras duas unidades afirmam que têm capacidade de liberar mais leitos caso necessário.A preocupação com a disponibilidade de leitos é um dos argumentos do governo estadual para justificar medidas de restrições a atividades econômicas.-Imagem (1.2052237)