A alta dos casos de Covid-19 já atinge 205 dos 246 municípios de Goiás. O detalhamento mostra que cidades do interior registram até 70 vezes mais casos nos últimos 30 dias na comparação com o mês anterior. Diante do quadro, ainda são poucas as prefeituras que retomaram o endurecimento de protocolos. O uso da máscara de proteção, por exemplo, voltou a ser obrigatório ou recomendado em apenas três localidades.Em 24 horas entre quinta-feira (2) e esta sexta-feira (3), o estado registrou mais de 5 mil casos da doença. Os indicadores mantidos pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostram que a alta pode ser considerada generalizada, alcançando também os pequenos municípios. Em Mozarlândia, que tem cerca de 15 mil habitantes, os registros saltaram de seis casos de 5 de abril a 4 de maio para 423 de 5 de maio e 3 de junho.Até o momento, apenas as prefeituras da Cidade de Goiás, Goiatuba e Piracanjuba anunciaram a retomada da orientação ou obrigatoriedade do uso de máscaras. As três cidades observaram aumentos expressivos. Em Piracanjuba, que tem 24,5 mil habitantes, os casos saltaram de 27 para 416. Em Goiatuba, com 34 mil habitantes, os registros foram de 8 para 217.AdesãoO Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems) diz que observa movimentações sobre a retomada do uso de máscaras em muitos municípios. Na maioria, porém, as indicações se limitam a recomendação do uso do item em ambientes fechados. As gestões que já decidiram pela ação observam baixa adesão entre os moradores.É o caso da Prefeitura de Piracanjuba, que divulgou decreto sobre o uso do item na quarta-feira da semana passada, dia 25 de maio. Na cidade, a máscara voltou a ser obrigatória em locais fechados e recomendada em ambientes abertos. O secretário municipal de Saúde, Fernando Dias, diz que diante do aumento de casos e a expectativa da realização de eventos, a medida foi entendida como a mais prudente.“Começamos a ter pessoas com sintomas gripais procurando as unidades de saúde sem utilizar máscara. Hoje estamos tendo 70 casos por dia, por isso decidimos colocar a obrigatoriedade em locais fechados”, explica Dias. Apesar disso, o secretário conta que a população não tem colaborado.“Estamos tentando conscientizar sobre o uso de máscara e também sobre as vacinas, porque temos aqueles que tomaram apenas uma dose e outros que não receberam nenhuma”, detalha.Conforme expõe o decreto de Piracanjuba, as pessoas que não utilizarem as máscaras nos ambientes estabelecidos estarão descumprindo medida sanitária e consequentemente se enquadrando no crime de desobediência, o que acarretará em multa no valor de R$ 200, podendo ser dobrada a cada reincidência.Em Goiatuba, a prefeitura publicou um decreto, nesta sexta, que obriga o uso de máscaras em ambientes fechados. A secretária municipal de Saúde, Patrícia de Lima, diz que os números de casos se tornaram preocupantes, mas pondera que até o momento não há reflexo nas hospitalizações e em óbitos.Sobre a adesão ao uso de máscara após o decreto, Patrícia diz que no curto período em que foi possível observar, a impressão era de que a população estava reagindo de maneira “satisfatória”.EscolasNa cidade de Cachoeira Dourada, que tem 8 mil habitantes, a prefeitura precisou suspender por cinco dias as aulas da Escola Municipal Quatorze de Maio. A medida foi tomada depois que três pessoas entre alunos e professores testaram positivo. No comunicado sobre a suspensão das aulas, a gestão municipal afirma que estuda medidas de prevenção e pediu para que a população redobre os cuidados “pois a pandemia não acabou”, diz trecho do informativo.As aulas da Escola Municipal Valparaíso I Etapa E, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, foram suspensas na quinta-feira (2) depois que cinco casos de Covid-19 foram confirmados em professores. Outros dois profissionais e um aluno da unidade estão com suspeitas da doença. Tempo mais frio favorece alta de síndrome respiratóriaA avaliação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) é de que o período mais frio associado ao número de pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto resultou no aumento de casos de Covid-19 e de influenza, além de síndromes respiratórias agudas graves por outros agentes.Seguindo um conjunto de recomendações definidas pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a atual posição da SES é de orientar o uso de máscaras apenas para pessoas com sintomas gripais, membros do grupo de risco e em locais de aglomeração. Os municípios têm autonomia sobre as medidas e, a exemplo do que já é feito em três cidades, podem retomar a obrigatoriedade. O principal argumento para as reações mais contidas por parte das prefeituras segue sendo a estabilidade das internações e óbitos. Nos números gerais de ocupação de leitos exclusivos para a Covid-19, dados que incluem as redes pública e privada, os registros estão na mesma margem há dois meses.Na atualização da tarde desta sexta-feira (3), dos 212 leitos de UTI para o tratamento de pacientes com a doença, 69 estavam ocupados, uma taxa de 32%, próxima à observada na semana anterior. Os dados de óbitos também estão estáveis. Entre 22 e 28 do mês passado, os municípios goianos registraram, ao todo, 11 óbitos pela doença, um a menos que o número observado na semana anterior. VacinaA secretária executiva do Cosems, Jaqueline Oliveira, diz que ainda falta uma comunicação uniforme sobre a pandemia. Para ela, as oscilações dos números poderiam ser reduzidas caso a população estivesse bem informada, tanto sobre as proteções básicas, como o uso de máscara, quanto sobre a importância das vacinas. “Observamos um aumento de casos, mas ao contrário do que se viu lá fevereiro e março de 2021, por exemplo, as hospitalizações são poucas quando é feita a comparação entre os dois períodos. E isso é resultado do avanço da vacinação”, diz.Jaqueline defende que os gestores de saúde têm se esforçado. “Os secretários municipais estão fazendo o que podem. Agora, está mais que comprovado que o ‘algo’ mais importante a ser feito é a vacinação em massa”, diz. Testes positivos somam 21,7%A testagem ampliada realizada em Goiânia mantém o alto patamar de positividade nos testes. Dos 4.673 testes de antígeno aplicados durante esta sexta-feira (3), 1.008 deram positivo para a infecção pelo vírus, uma taxa de 21,7%. A taxa está na mesma margem observada desde a segunda semana de maio. Na quinta-feira (2) foram oferecidos 4,5 mil testes em três pontos diferentes da capital e a positividade foi de 20,6%. O número de testes disponíveis na capital tem crescido nos últimos dias. Isso porque a SMS observou aumento na demanda. Até terça-feira (31), eram 2 mil testes por dia, divididos em duas tendas em locais diferentes da cidade. Entretanto, na terça a procura foi tão grande que os testes esgotaram antes do horário do almoço. Na quarta (1º), a oferta aumentou para 3 mil testes, ainda em dois pontos de testagem. Neste fim de semana serão 12 mil testes, sendo 6 mil por dia. Na segunda, devem ser ofertados até 9 mil testes, com quatro tendas para pedestres e dois drive thrus. -Imagem (1.2467633)