Desde que foi aprovada em assembleia realizada pelos professores, na última segunda-feira, a paralisação na rede pública estadual de ensino do Estado ganhou corpo e já afeta cerca de 400 unidades escolares em greve, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego), o que equivale a aproximadamente 40% dos colégios estaduais. A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) apresenta um número diferente, de 199 unidades. Sendo que 138 estão totalmente paralisadas e 61 com funcionamento parcial. Os números da secretaria também apresentam crescimento. O sindicato diz que no primeiro dia da mobilização eram 177 e no segundo 258 as escolas paradas.Em Goiânia, 30 colégios seguem paralisados, em Aparecida de Goiânia, o número é de 15.A categoria acredita que nos próximos dias deve chegar a 50% a adesão à mobilização. Uma nova assembleia da categoria está marcada para a próxima segunda-feira (8), quando o grupo decidirá se segue, ou não, com a greve.Os professores reivindicam o pagamento do restante do salário de dezembro de 2018, que foi parcelado pela pasta, o salário de março e o auxílio-alimentação retroativo a fevereiro deste ano. Por lei, o governo de Goiás tem até o dia 10 para o pagamento da folha, mas os servidores reivindicam o recebimento dentro do mês trabalhado.Sobre o pagamento de março, em nota, a Secretaria da Economia não sinaliza para o cumprimento das solicitações feitas. “O pagamento referente ao salário do mês de março será concluído até o dia 10 de abril, conforme previsão da legislação estadual”, diz a pasta.A respeito do salário de dezembro, a Secretaria da Economia afirma que “já foi paga a primeira parcela de seis no último dia 29 de março”, sem especificar quando ocorrerão os próximos pagamentos.A reportagem questionou se há previsão de acordo por parte do Estado com a categoria e o que seria proposto para negociação. Contudo, não obteve respostas sobre este ponto da Secretaria da Economia ou da Seduc.Em entrevista coletiva no final da manhã da última terça-feira (2), o governador Ronaldo Caiado (DEM) pediu aos servidores da Educação o fim da paralisação. “Todos sabem o esforço que tenho feito. Neste momento, a ponderação que faço é que, por favor, nos ajudem”, disse.A presidente do Sintego, Bia de Lima, reitera a cobrança ao governo estadual. “Nós queremos receber em dia, receber o salário do mês no mês trabalhado e que o Estado pague nossos retroativos”, disse.Na última terça-feira, o governador também disse que 92% do salário de março já haviam sido pagos e que a primeira parcela de dezembro também. Por outro lado, Bia afirma que, pelo menos metade dos trabalhadores ainda não recebeu, por isso, ela espera que o movimento da greve chegue a 50% de adesão. “A outra metade que já recebeu não vai aderir à greve”, acredita a presidente.ReposiçãoEm entrevista ao POPULAR na última quarta-feira, a secretária estadual de Educação, Fátima Gavióli, disse que os professores que aderirem à paralisação terão de repor todo os dias e horas letivos perdidos em decorrência da greve. O que não é um problema para a categoria, afirma a presidente do Sintego. “Nós sempre repomos as aulas. Isso não é novidade para nós. Novidade seria o professor deixar de ser tratado desta maneira.”Sobre a greve, Bia afirma que espera uma proposta do governo até a manhã de segunda-feira, quando deve ocorrer a próxima assembleia. “O Estado tem até segunda-feira para apresentar sua proposta para que a classe aprecie e decida se adere ou não. Caso contrário, a paralisação continua. Também queremos a confirmação da Secretaria da Economia que o nosso auxílio-alimentação retroativo a fevereiro será pago em abril”, pontuou. Sobre o auxílio-alimentação, a pasta afirma que não é responsável pela questão. “É necessário verificar a informação na pasta responsável”, declarou, em nota.De acordo com uma fonte, que prefere não ser identificada, a situação que os professores estão passando é muito triste. “Os colegas que têm dois concursos, tentam se organizar para pagar cestas básicas ao que não tem o que comer. Tem gente que não recebeu o 13º porque fez aniversário em dezembro”, afirmou.“O governador fez um apelo e eu torno a fazer o apelo para que ele pague dezembro. Não temos interesse em greve. Estamos sendo forçados porque o governo não paga, não tem cronograma. Não há sentimento que dê conta”, disse Bia de Lima. Escalonamento por faixa de rendaNa semana passada, o governo anunciou o pagamento da primeira fase do escalonamento da folha de dezembro. Entram na lista 31.699 servidores, que representam 55,63% do total. Entre eles estão funcionários da Educação ativos de escolas de tempo integral que recebem acima de R$ 3.574, ativos de escolas que recebem de R$ 3.574,01 até R$ 4.590, demais ativos que recebem de R$ 3.574,01 até R$ 4.590, e inativos que recebem até R$ 2.670. Nos últimos dias, servidores inativos da Educação têm se reunido em frente ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na Praça Cívica, no Centro de Goiânia, para cobrar o pagamento do mês de dezembro de 2018. Nesta quinta-feira (4), cerca de 25 aposentados estiveram no local. Eles estão organizados em barracas, porém ocupam o espaço durante o dia, geralmente entre 8 horas e 17 horas.