Os goianos têm frequentado mais os supermercados e as farmácias do Estado do que em tempos antes da pandemia de Covid-19, de acordo com o índice de mobilidade do Google. Entre os dias 27 de junho e 3 deste mês, houve aumento de 9,7% do tempo de permanência nestes locais em comparação ao que se tinha como base de 2019. Ao mesmo tempo, a população, neste mesmo período, ficou 13,4% mais em casa, mas este índice é menor do que se tinha na última semana de março, quando ocorreu o primeiro decreto estadual para o isolamento social. Na ocasião, observou-se a média de 21,86% a mais. Nesta mesma semana, o índice apontou menos goianos em varejos, recreação, mercados, farmácias, parques, transporte público, escritórios e indústrias.Desde então, o que se percebeu foi um menor tempo de permanência em casa e mais tempo nos demais locais analisados, mas nunca acima dos patamares de 2019. O secretário Geral da Governadoria de Goiás, Adriano Rocha Lima, afirma que o Estado analisa vários índices de mobilidade para determinar o isolamento social e poder tomar as decisões para conter a pandemia. Ele explica que todos os índices têm suas variações e são calculados de formas diferentes, mas que demonstram uma baixa adesão da população. “Se soubéssemos onde as pessoas têm ido e o tempo de permanência delas em cada lugar seria mais fácil para decidir o que fazer, sem dúvida. Mas não podemos analisar esses dados puramente, é preciso fazer uma análise de vários”, argumenta.De acordo com os índices do Google, os melhores números para o isolamento, que são entendidos como mais distantes negativamente do valor de referência, que é o zero (veja gráficos ao lado), se deu após o primeiro decreto estadual, no fim de março. Por exemplo, idas aos parques, escritórios e indústrias, em todo o Estado, estavam no patamar de 44% menor do que a referência do ano passado no fim de março. No entanto, em meados de abril, antes mesmo da flexibilização para algumas atividades econômicas, esses números já tinham caído para menos de 35%.Neste mesmo período cresceu a busca pelo transporte coletivo no Estado. Após o primeiro decreto, a diminuição chegou a ser maior que 50%, mas em abril já estava em 41%. No começo de junho, a movimentação de usuários estava apenas 18% menor do que a referência. Válido lembrar que o índice é calculado para todo o Estado e não apenas para a região metropolitana de Goiânia.No começo deste mês, já com a implantação do modelo de isolamento 14 por 14, com os primeiros 14 dias de fechamento da maior parte das atividades econômicas, houve melhora na frequência de permanência nas residências. O índice saiu de 12,5% para 13,1%, em comparação com a semana anterior. Nesta relação, percebe-se redução do uso do transporte, de escritórios, indústrias e parques.Por outro lado, mesmo com o novo decreto, no Estado houve aumento das idas aos mercados e farmácias, saindo de 3,8% para os atuais 9,7%. Rocha Lima reforça que o alto índice de permanência em mercados e farmácias, no entanto, é preocupante, por demonstrar que os locais, dado o fechamento de outras atividades comerciais, estão sendo usados mais do que o normal, muitas vezes como opção de “passeio” pelas famílias. Diversos aplicativos estão na análiseO secretário Adriano Rocha Lima conta que diversos aplicativos são observados e analisados pelo Estado de Goiás. Mesmo o da empresa In Loco, que tem sido o índice mais divulgado, possui limitações. “Eles verificam o local da casa da pessoa e traçam um raio, se sair dali já é furando o isolamento”, diz. Por outro lado, o secretário lembra que nem sempre um baixo índice de isolamento social de fato indica que as pessoas estão descumprindo o decreto. “Às vezes as pessoas estão só andando de carro, mas sem sair do veículo, o que é semelhante, do ponto de vista do risco de contágio, a ficar em casa, mas o aplicativo vai indicar que saiu do isolamento”, diz. Neste sentido, Rocha Lima aponta que as pessoas podem estar se movimentando, mas não necessariamente em contato com outras. Biólogo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel afirma que os modelos feitos pela instituição têm usado os dados da In Loco. “No modelo precisamos de algo demográfico e os outros são setoriais. Ele tem sido certeiro, mesmo sendo uma caixa-preta como coletam os dados.”Estado vê tendência de aumentoOs números verificados pela plataforma de mobilidade por setor entre a última semana de junho e a primeira de julho, com maior permanência das pessoas nas residências, foi observado também na medição do Estado de Goiás. Pelos índices considerados pelo governo, há uma tendência de aumento no isolamento social em Goiás a partir da implantação do último decreto, com o modelo 14 por 14 e com o início dos 14 dias de fechamento da maior parte das atividades econômicas.Pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel explica que apesar dos índices serem diferentes, há uma comparação com as tendências de ambos. Para ele, os dados setoriais são importantes para orientação de políticas públicas, mas não para os modelos de projeção do contágio, em que é preciso saber sobre o contato entre pessoas. “Até seria interessante saber onde as pessoas vão, quanto tempo ficam. Mas se eu pudesse, colocaria no modelo índices de como elas se locomovem, especialmente sobre o transporte coletivo, que penso que é onde ocorre o contágio.”O secretário Geral da Governadoria, Adriano Rocha Lima, acredita que, mesmo com a tendência de mais isolamento social, não haverá tempo para atingir o patamar de isolamento desejado, acima dos 50%. O índice vinha em queda desde o fim de março e começou a retomar o crescimento a partir do dia 20 de junho, mas em ritmo lento. Como haverá a reabertura das atividades a partir do próximo dia 14, a tendência é que não se chegue ao número considera ideal pelos especialistas para conter a pandemia de Covid-19. Ele entende que a segunda rodada do isolamento, quando as atividades voltariam a ser suspensas após 14 dias, teria maior dificuldade de obter um crescimento no isolamento. Até por isso, o governo já analisa uma modificação no modelo para esse momento, o que ainda não está definido, mas provavelmente não terá uma decisão de fechamento amplo.-Imagem (1.2082298)