A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) pediu liminarmente nesta segunda-feira (11) a liberdade provisória ou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares em favor de Ronaldo do Nascimento, de 47 anos, homem trans que foi preso preventivamente suspeito de matar uma idosa no Hospital de Urgências do Estado de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) na última quinta-feira (7).Neuza Cândida, de 75 anos, estava internada em um leito de enfermaria e respirava por traqueostomia. O homem em situação de rua foi preso suspeito de ter asfixiado a mulher dentro do hospital.Contudo, até o momento, exames realizados no corpo da idosa afastam a possibilidade de morte por asfixia. De acordo o delegado de homicídios Rhaniel Almeida, os médicos legistas que atuam no caso informaram que não houve aperto, esganadura ou outra ação contundente que pudesse matar a mulher, que já estava internada em situação grave recebendo cuidados paliativos.O defensor público Luiz Henrique Silva Almeida, responsável pela impetração do Habeas Corpus, afirmou que há ilegalidade na prisão preventiva, argumentando que o juízo justificou a necessidade da prisão de modo genérico, sem apontar qualquer elemento concreto.“Importa destacar que o acusado é primário, não havendo nenhum indício, portanto, que caso seja colocado em liberdade haverá reiteração criminosa”, ressaltou o defensor público. “Ademais, não existe nos autos qualquer indício de que o acusado, em liberdade, poderá aliciar testemunhas ou, de qualquer modo, influir maliciosamente na instrução criminal, ou se furtar a aplicação da lei penal”.Luiz Henrique ressaltou, ainda, que com as novas informações sobre os exames há possibilidade de não ter ocorrido crime, por isso o pedido de concessão da liberdade provisória ou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas. A DPE-GO também solicitou, à Polícia Técnico-Científica, acesso ao laudo de morte da idosa, para que realize análise e acompanhamento do caso.Leia também:Exames em idosa morta em hospital mostram que não houve asfixiaPreso por matar paciente é morador de rua, ficou 4h no Hugo e chegou a tomar banho no localO casoEm depoimento na Central de Flagrantes, o policial militar que atendeu a ocorrência disse que uma paciente que estava na enfermaria e presenciou o fato contou a ele que o homem se dirigiu imediatamente à Neuza Cândida logo após entrar no quarto.Segundo o policial, que não teve a identidade revelada, o suspeito dizia que queria ajudar a paciente, que recusou. Em seguida, o homem em situação de rua foi para o banheiro tomar banho. Ao retornar para o quarto, Ronaldo voltou ao leito de Neuza e subiu em cima da vítima, momento em que a paciente faleceu, de acordo com o depoimento. Logo depois o suspeito foi preso em flagrante, passou por audiência de custódia na sexta-feira (8) e teve a prisão convertida em preventiva. Já Ronaldo disse que ouviu a vítima pedindo ajuda e resolveu limpar a traqueostomia, quando ela mexeu com a boca como se estivesse recusando ajuda. O suspeito disse que decidiu limpar a boca da paciente e, com o buraco da traqueostomia tapado com o dedo, provocou a morte de Neuza, sem intenção.InvestigaçãoO delegado responsável pelas investigações, Rhaniel Almeida, ouviu novamente o suspeito na manhã de sexta-feira (8), na Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH). “Ele manteve o discurso de que não teve intenção de matar, que estava querendo ajudar. Em vários momentos ele apresenta um discurso desconexo, aparentando ser uma pessoa inimputável”, contou o delegado ao POPULAR.A investigação deve solicitar à Justiça um Incidente de Insanidade para averiguar o estado mental do suspeito.Almeida disse que não afasta a possibilidade do crime de homicídio, mas que precisará aguardar exames complementares. "Para saber se a morte foi por outra causa, como um infarto ou outra fatalidade. Ainda vamos apurar." O delegado espera ter esses laudos em mãos até a próxima semana. Por se tratar de suspeito preso, ele deve concluir a apuração em dez dias.O delegado ressalta, no entanto, que é inegável que houve falha na segurança da unidade. O homem chegou ao hospital por volta de 13h30 e o óbito ocorreu por volta de 16h. "Ele, inclusive, ficou na unidade de saúde, dentro do quarto, após a morte da mulher." Imagens de câmeras de segurança mostram o homem percorrendo outras enfermarias até chegar ao local onde Neuza estava internada.-Imagem (1.2436446)