O advogado do empresário Maurício Borges Sampaio, de 63 anos, afirmou nesta segunda-feira (6) que não vai comparecer ao julgamento pela morte do jornalista Valério Luiz previsto para a próxima segunda-feira (13). Sampaio é acusado de ser o mandante do crime e por duas vezes conseguiu adiar o júri neste ano após manobras envolvendo a defesa. Ao todo já foram quatro adiamentos.O advogado Luiz Cláudio Silva Neto segue com a estratégia de questionar a imparcialidade do juiz Lourival Machado da Costa, que preside o júri neste caso. Se antes alegava uma inimizade entre o magistrado e seu cliente, levando a reclamação ao Judiciário e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), agora ele anunciou o protocolo de uma notícia-crime contra a conduta de Lourival durante uma audiência com outro réu no caso, o comerciante Marcus Vinícius Xavier.Durante uma coletiva marcada pela defesa, foi apresentado um vídeo que o advogado diz ser uma prova da má conduta de Lourival durante um depoimento de Marcus Vinícius ao agir como se fosse um promotor de Justiça e não um magistrado. Segundo Silva Neto, este vídeo estaria arquivado desde 2015 e só foi obtido pela defesa em outubro do ano passado. Ainda de acordo com o advogado, este caso pode configurar falsidade ideológica.O pedido de suspeição feito pela defesa contra o magistrado foi arquivado no CNJ e não deve avançar no Judiciário. “O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) está fechando os olhos para a situação e questiono o que está sendo feito no Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, afirma Silva Neto, que alega que exista interesse extraprocessual nos trâmites jurídicos do processo do seu cliente. Além de Silva Neto, estiveram presentes na entrevista com a imprensa o próprio Sampaio e o advogado Ricardo Naves, que defende outros dois réus: o sargento reformado da PM, Ademá Figueredo, acusado de ser o autor dos disparos, e o empresário Urbano Malta, que teria ajudado Sampaio a concretizar o crime.Outro julgamentoSilva Neto também usa como motivo para adiar o júri do dia 13 de junho o fato de ele precisar estar no Rio de Janeiro na mesma data para defender outro cliente, este preso. Ele argumenta que pela legislação um processo que possui um réu preso, como o que está acontecendo no Rio, deve ser julgado com mais urgência que um réu solto, o que é o caso de Sampaio.Também foi entregue aos jornalistas um manifesto ao público produzido pela família de Sampaio, com tópicos de defesa afirmando não ter havido aprofundamento por parte da Justiça em outras linhas de investigação e que tudo seria “uma grande armação, um circo, para me prejudicar e virar minha vida de cabeça para baixo”. ApeloAo POPULAR, o advogado Valério Luiz de Oliveira Filho, filho da vítima e assistente de acusação neste processo, diz que a defesa de Sampaio não pode ser obrigada a comparecer, entretanto a família do jornalista morto apela para que a Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO) “compareça e cumpra seu dever impedindo que esse descalabro continue”.Valério Filho chamou de “atitude vergonhosa” a seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) ter entrado com o mandado de segurança para impedir que a defesa de Sampaio fosse multada por ter abandonado a sessão do júri no dia 2 de maio. Já quanto ao manifesto ao público, o assistente de acusação considera que contém “mentiras descaradas” e que todas as linhas de investigações levantadas no material foram, sim, exploradas pela Polícia Civil. “A investigação só progride onde tem elementos e todos os pontos se conectam ao Maurício Sampaio”, argumenta.