A nova defesa do empresário Maurício Borges Sampaio, acusado de ser o mandante da morte do jornalista Valério Luiz Oliveira em julho de 2012, entrou na quarta-feira (30) com mais três recursos na Justiça relacionados o julgamento previsto para o dia 2 de maio. Em um dos pedidos, feito ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), o advogado Luiz Carlos Silva Neto quer que seja declarada suspeição do magistrado responsável pelo júri, o juiz Lourival Machado da Costa, por uma suposta “inimizade capital” contra o réu.Um dos argumentos apresentados por Silva Neto para justificar a suposta inimizade envolve uma partida de futebol na qual Sampaio era o técnico do time da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) e Costa, um dos jogadores. Em determinado momento do jogo, segundo o pedido protocolado no TJ-GO, o empresário substituiu o magistrado e passou a ser ofendido por este, inconformado com a troca. Na petição não é informado quando foi o jogo.Na época da partida, Sampaio era titular de um cartório no centro de Goiânia e, segundo sua defesa, mantinha contato com inúmeros representantes do Judiciário, além de advogados, o que o fez se aproximar da Asmego, colaborando com eventos da entidade. O empresário também tem forte ligação com o futebol goiano, integrando há anos a diretoria do Atlético Goianiense, time no qual já foi presidente.A partida na associação teria ocorrido neste contexto e a briga é citada por um juiz aposentado cujo depoimento foi registrado em cartório e anexado ao pedido de suspeição. “Continua o declarante dizendo que tem conhecimento de que após aquela confusão, vossa excelência passou a nutrir aversão e animosidade pela pessoa do acusado excipiente”, escreveu Silva Neto em sua petição em trecho direcionado ao magistrado.Tratamento diferenciado para réusO advogado também citou outros pontos para embasar a suposta animosidade do magistrado, como o tratamento a um dos réus que hoje se encontra em Portugal e teria delatado todo o esquema que resultou no assassinato de Valério. Segundo a defesa de Sampaio, o pai de Marcus Vinícius Pereira Xavier, acusado de ser a pessoa que entregou a arma e a moto para a realização do crime, é amigo próximo do juiz.Outro fato arrolado por Silva Neto é a entrevista dada pelo magistrado após o adiamento do julgamento previsto para 14 de março. Na época, o júri foi transferido para o dia 2 de maio porque 10 dias antes o então advogado de Sampaio, Ney Moura Teles, abandonou o caso. Na ocasião, o magistrado comentou que a desistência não era uma “conduta processual” e que “de uma forma ou de outra” o júri será realizado na nova data. Na petição, o advogado diz que é vedado ao juiz “emitir opinião técnica sobre processos pendentes”.Os outros dois recursos feitos pela defesa de Sampaio são relativos ao pedido negado pelo desembargador Ivo Favaro para que fosse retirada a qualificadora da acusação de homicídio contra o empresário e que o júri ficasse suspenso até que este requerimento tivesse o mérito analisado. Favaro negou a liminar e mandou arquivar o processo sem avaliar o mérito, alegando que a questão já havia sido resolvida pela Justiça, a qualificadora fora mantida e não cabia mais recursos.Entretanto, Silva Neto recorreu da negativa tanto no próprio TJ-GO, com um agravo regimental direcionado ao próprio desembargador, como no Superior Tribunal de Justiça (STJ), reforçando o pedido de suspensão do julgamento.Em sua conta no Twitter, o filho do jornalista morto, o advogado Valério Luiz Filho, diz que o pedido de suspeição é uma “nova estratégia para postergar o máximo possível” o julgamento de Sampaio, e que o mesmo já foi feito por ele contra a Polícia Civil e o Ministério Público.“O milionário réu simplesmente não admite que o Estado tenha cumprido sua função, amealhando provas contra ele e o submetido, a partir das provas, a Júri Popular. Não admira, pois quem manda matar um jornalista na porta do trabalho só o faz pela absoluta confiança na impunidade”, escreveu Valério, acrescentando no final que está confiante na realização do júri em maio.Procurado pelo POPULAR, o TJ-GO informou que o juiz não se pronunciaria sobre o pedido da defesa por estar justamente envolvido no julgamento.