A demora na entrega do BRT Norte-Sul tem se tornado motivo de reclamação de moradores, visitantes e comerciantes do Setor Central, sobretudo com as obras nas calçadas da Avenida Goiás, que estão sendo revitalizadas. A previsão é que os passeios públicos laterais só fiquem prontos em julho. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), até o momento já foram feitos 31 quilômetros (km) de calçadas no Trecho 2 do corredor exclusivo do transporte coletivo metropolitano, entre os terminais Isidória e Recanto do Bosque, o que equivale a 91,8% do total. O projeto contemplava cerca de 10 km de calçadas novas a serem implantadas e o restante de revitalização.A proposta do BRT definida em 2012 e iniciada em maio de 2015, com a previsão de entrega para dezembro de 2016, está estimada agora para ser finalizada em outubro deste ano, ou seja, as calçadas poderão ser entregues à população cerca de 90 dias antes. No corredor exclusivo de transporte coletivo, todos os passeios públicos laterais serão reformados e colocados dentro de um padrão de acessibilidade, nos critérios do projeto “calçada inteligente”, desenvolvido em parceria entre a Prefeitura de Goiânia, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Goiás (Crea-GO) e a Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário em Goiás (Ademi-GO), ainda em 2011.Proprietário de um estacionamento entre as ruas 4 e 5, no sentido Praça do Trabalhador para Praça Cívica, Luiz Dezzen viu na última sexta-feira (1º) toda a calçada do empreendimento dele ser arrancada. A expectativa era de que a obra fosse finalizada no mesmo dia e os clientes pudessem acessar o espaço. No entanto, ele conta que ainda nesta terça-feira (5) os trabalhos estavam parados. “Ninguém fala nada, a gente conversa com o pessoal e sempre é alguma coisa diferente, mas não explicam e nem dão um prazo.”O empresário conta que a obra do BRT Norte-Sul já vem lhe prejudicando desde 2019, quando os trabalhos começaram na Avenida Goiás. “Em julho de 2019 fecharam a minha porta pela obra do BRT. Abriram em janeiro de 2020, mas aí em fevereiro veio a pandemia e agora estão com as obras nas calçadas. Desde que começaram já perdi 70% do faturamento e agora com a calçada piorou muito.” Ele relata que a situação atual prejudica outros comércios na mesma quadra, incluindo as bancas que estão no espaço.Dezzen afirma que, teoricamente, o projeto de revitalização e padronização das calçadas vai ser algo positivo, mas será preciso ver na prática. “Se ficar pronto logo, a gente apoia sim. Problema é que demora muito para fazer uma obra simples.” O projeto de “calçada inteligente” escolhido para o BRT Norte-Sul segue padrões que estabelecem faixas para os passeios públicos, que iniciam com os serviços, onde estarão dispostas as lixeiras, bancas e arborização de grande porte. Na faixa livre, que vem em seguida no sentido rua até imóveis, é dado um espaço para os pedestres, enquanto que depois, na faixa de acesso, a intenção é promover a integração com as lojas ou residências.Leia também:- 24 árvores são retiradas da Praça Cívica, em Goiânia, para instalação de plataformas de embarque- Motorista prefere trafegar pela Praça Cívica, em Goiânia, e trecho em obras tem lentidãoPresidente de honra da Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia (Acic), Uilson Manzan reforça que os comerciantes são favoráveis ao projeto do BRT Norte-Sul e da revitalização das calçadas. “O problema é somente a demora. Em abril temos dois feriados, em maio é o Dia das Mães, e essas obras prejudicam muito a chegada dos clientes. O Centro já está uma região com problemas de muitos ambulantes, falta de segurança, tiraram as linhas de ônibus da Avenida Goiás para as obras e agora tem mais isso das calçadas”, alerta.PlanejamentoManzan acredita que a construção do corredor deveria ter sido feita de maneira planejada, para afetar menos os comerciantes e moradores do Setor Central. “Não fizeram a obra como um todo. Em 2019 começaram fechando as quadras para fazer as estruturas, já poderiam ter feito tudo logo, com as calçadas e agora não teríamos mais este problema. Só que fizeram uma parte, o pessoal foi prejudicado, e agora está sendo de novo”, argumenta. Ele conta que a Acic tem contato constante com a Seinfra para pedir mais celeridade para a obra e que a pasta recebe as reclamações, porém, não atende aos pedidos dos empresários. “Eles ouvem, nos atendem bem, mas segue atrasado.”De acordo com a Seinfra, ao todo, o BRT Norte-Sul terá 44 km de calçadas entre o Terminal Recanto do Bosque e o Terminal Cruzeiro (contando os dois lados da pista), que serão padronizadas e com piso tátil. Para se ter uma ideia, na região da Rua 90, o projeto original teve de ser modificado com relação aos passeios públicos, que ficaram menores do que o previsto inicialmente para que pudesse ampliar o espaço para os veículos particulares nos trechos em que os ônibus do BRT podem fazer ultrapassagens, ou seja, nas estações de embarque.Ainda sobre as calçadas da obra, a Seinfra informa que as mesmas “já estão completamente prontas entre o Viaduto Perimetral e o Terminal Recanto do Bosque”. No restante da obra, ainda restam estruturas a finalizar em determinados pontos. Quanto ao Trecho 1, que vai do Terminal Isidória ao Terminal Cruzeiro, já foram realizados 3,4 km, o que equivale a 25% do total para o trajeto. Válido lembrar que a empresa responsável pela obra no trecho desistiu do contrato no fim de 2021 e uma nova licitação ainda deverá ser feita para dar continuidade à construção. O Paço Municipal ainda aguarda o distrato do acordo para a divulgação de novo edital para finalizar o Trecho 1.