O desempregado Ronaldo do Nascimento, de 47 anos, acusado de matar uma idosa na enfermaria do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) no dia 7 de abril, vai passar por um exame de insanidade mental no próximo dia 1º de junho por determinação da Justiça. Ele se encontra detido desde o dia do crime e há uma semana se tornou réu após a denúncia elaborada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ter sido acatada pelo Judiciário.Ronaldo – que vivia em situação de rua há alguns meses - não foi barrado pela segurança do local ao entrar numa área restrita do hospital e, após alguns minutos circulando pela enfermaria, abordou de forma aleatória a aposentada Neusa Cândida, de 75 anos, que estava há algumas semanas internada no local. Ele afirma que tentou ajuda-la, achando que a idosa estava com dificuldade em respirar, mas, segundo a polícia, a ação dele - sem conhecimento técnico algum - a matou.O exame de insanidade foi pedido já na fase de indiciamento, após a Polícia Civil tomar o depoimento de Ronaldo e de testemunhas que também conversaram com o desempregado. Bastante confuso, o acusado dizia ter abordado a aposentada por achar ela parecida com sua mãe e precisando de ajuda, mas não conseguiu ser claro sobre o que o levou a entrar na enfermaria.Imagens de câmeras de segurança mostram ele andando aleatoriamente pelos quartos. Em conversa com um psicólogo no Hugo, Ronaldo teria contado que resolveu olhar os leitos para ver se tinha alguém sozinho precisando de ajuda e que “leu os pensamentos” de Neusa. O acusado ficou cerca de 20 minutos com a idosa sem ser abordado por nenhum funcionário.A defensoria pública tenta a liberdade de Ronaldo, alegando que ele solto não representa risco para a sociedade e que o laudo cadavérico feito pelo Instituto Médico Legal (IML) não apontou asfixia como a causa da morte de Neusa. O órgão alega que não há indício de que posto em liberdade o sem-teto voltará a praticar crimes e que seria possível outras medidas cautelares que não a prisão.O pedido da defensoria (Ronaldo não tem advogado próprio) já foi negado em primeira e segunda instância no Judiciário goiano e está sendo analisado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já negou a liminar na última quarta-feira (18).O segurança Dione Gabriel Soares Martins, de 30 anos, que teria permitido a entrada de Ronaldo na enfermaria e chegou a ser indiciado pela Polícia Civil por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) ao agir de forma negligente, não foi denunciado pelo MP-GO. Para o promotor Sebastião Marcos Martins, que apresentou a petição, não há nexo de causalidade entre a omissão do segurança e a morte da aposentada. A Justiça concordou com o posicionamento do órgão e mandou arquivar o indiciamento.-Imagem (1.2440319)