A evasão de alunos, hoje em torno de 30%, é um dos maiores desafios enfrentados pela Universidade Federal de Goiás (UFG). A avaliação é do reitor da instituição, Edward Madureira, que participou nesta terça-feira (21) do Chega Pra Cá, programa de entrevista do POPULAR ancorado pela jornalista Cileide Alves. De acordo com o reitor, a desistência dos alunos é verificada principalmente nos cursos de licenciatura, em razão da perspectiva profissional negativa, e de engenharia, por falta de preparo básico.Outra questão relevante é a baixa renda de grande parte dos estudantes. De acordo com Madureira, 25% dos alunos da UFG vêm de famílias que ganham meio salário mínimo, e 50%, de famílias com renda per capita de 1,5 salário mínimo. “Se a universidade não der tudo, eles vão embora”, afirma, sobre o problema orçamentário enfrentado pelas universidades públicas.Para o retior, é imprescindível que a comunidade veja a importância das universidades. Hoje, segundo ele, a UFG atende as demandas da sociedade. Na instituição, explica, há núcleos de excelência se multiplicando, como o Centro de Inteligência Artificial, hoje uma referência internacional; o ICRT, um complexo de laboratórios nas áreas de químicas e física que dão suporte às indústrias farmacêuticas e de mineralogia; além do recém-criado Centro de Monitoramento de Previsões Climáticas, para citar alguns.Aos 54 anos, Madureira se prepara para entregar o cargo, função que exerceu por 12 anos, entre 2006 e 2014 e 2018 e 2022. Na entrevista a Cileide Alves, ele afirmou estar confiante de que Sandramara Chaves, atual vice-reitora e eleita em junho pela comunidade universitária para comandar a instituição pelos próximos quatro anos, será a escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro na lista tríplice apresentada a ele. Madureira encerra seu mandato no dia 6 de janeiro de 2022.Para o engenheiro agrônomo, o professor que mais tempo esteve à frente da UFG, há em Goiás uma maturidade no meio político e acadêmico que deve ter um peso na nomeação de Sandramara Chaves e do professor Jesiel Freitas Carvalho, eleito vice-reitor. Segundo Madureira, o processo possui um trâmite natural, que passa pelo Ministério da Educação, pela Casa Civil e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “Estamos acompanhando e não tem tido nenhum problema. Essa demora tem acontecido em outros locais e na maioria o primeiro da lista é o nomeado.”Madureira fez um balanço positivo de suas gestões. A UFG saiu de 13 mil alunos atingindo 30 mil até o desmembramento das Universidades Federais de Jataí e Catalão, estando hoje com 22 mil. “Houve uma grande transformação do ponto de vista do fazer da UFG”, afirmou. Segundo o reitor, em 2006 a universidade tinha porte médio, com a pesquisa e a ciência em construção. Após o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a UFG dobrou de tamanho nas matrículas e no cursos de graduação, preenchendo lacunas históricas, e ampliou de dez para 41 os cursos de pós-graduação.O reitor da UFG, que durante quatro anos integrou a diretoria da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), embora seja apontado como potencial nome a uma candidatura para a Câmara dos Deputados, diz que ainda não se decidiu. Edward Madureira afirma que tem conversado com muitas pessoas a respeito, mas que somente em janeiro ou fevereiro, após um período de descanso, irá se posicionar. Retorno ainda terá restriçõesNo dia 17 de janeiro a UFG retoma suas atividades com cerca de 50% de docentes e estudantes circulando pelos seus câmpus. A expectativa de retorno 100% presencial foi frustrada diante da chegada de uma nova cepa do coronavírus (Sars-CoV-2), a ômicron. Conforme o reitor Edward Madureira, cada unidade decidiu como será a retomada, mas todas terão de obedecer a decisão do Conselho Universitário, que anunciou a exigência do passaporte vacinal, tanto para a comunidade universitária quanto para o público externo. A instrução normativa a respeito deve ser divulgada até a próxima semana. “Será um desafio, mas onde se defende a ciência não podemos abrir mão”, afirmou. Madureira lembrou que na UFG a adesão à vacina é maior do que na população em geral, ultrapassando a casa dos 90%. O reitor enfatizou que a universidade não é uma instituição punitiva e que dará alternativa àqueles que resistem à imunização contra a Covid-19, como o ensino remoto. A UFG obteve da Justiça Federal liminar favorável à exigência do passaporte vacinal. Edward Madureira voltou a dizer que a UFG terá um novo formato, diferente do período pré-pandemia, com 100% de aulas presenciais, e do ápice da pandemia, com quase 100% de ensino remoto. “Essa discussão está no mundo todo, não apenas na UFG. Hoje, muitos estudantes preferem o remoto e parte dos professores se adaptou e não quer o presencial. Temos um aparato legal, mas acredito que vamos usar no mínimo o que a legislação nos permite que é 40% de ensino à distância.” O reitor da UFG ressalta a importância da convivência universitária na formação do aluno, mas entende que o ensino remoto é inclusivo.